
Caíram por terra as expectativas da Mohave Oil and Gas Corporation, que acreditava na possibilidade de extrair diariamente oito mil barris de hidrocarbonetos do subsolo de Alcobaça. Afinal, o gás encontrado na zona da Quinta do Telheiro, a cerca de 700 metros do Mosteiro de Alcobaça, não tem viabilidade comercial e dentro de dias deverá ser desmontada a plataforma que desde Agosto perfurava o solo.
Em comunicado datado de 1 de Novembro, a empresa norte-americana anuncia que a perfuração, que atingiu o máximo de 3.240 metros, encontrou “uma coluna de gás de 300 metros debaixo da camada de sal”, mas as quantidades não são suficientes para o sucesso comercial. Por isso já está a trabalhar para tapar e abandonar o poço e desmontar todo o equipamento de perfuração que há semanas se impunha na paisagem da cidade.
Os trabalhos estavam a ser levados a cabo no âmbito da joint venture entre a Mohave (através da sua subsidiária Porto Energy Corporation) e a Galp, e os custos totais da perfuração rondam os 10,7 milhões de dólares americanos (cerca de 8,3 milhões de euros).
Citado em comunicado, o presidente da Porto Energy Corporation, Joseph Ash, diz que a perfuração confirmou as perspectivas de boas propriedades de depósito e a ausência de fugas e a existência de hidrocarbonetos, mas em quantidades que ficaram aquém do esperado.
Os resultados surgem apenas três semanas depois de a Mohave ter divulgado um comunicado onde dizia ter encontrado sinais “encorajadores” e “leituras de gás elevadas”. Agora que os estudos desmentem as expectativas, as duas empresas envolvidas na parceria vão “discutir o melhor caminho a seguir”, anuncia o comunicado.
Já o presidente da autarquia alcobacense, Paulo Inácio, diz que “há condições para a Mohave e a Galp continuarem a trabalhar no concelho” à procura de hidrocarbonetos (gás natural ou petróleo), como tem acontecido nos últimos anos. De preferência, fora do perímetro urbano da cidade, “num contexto em que não tenha implicações para a qualidade de vida das pessoas e para a segurança das mesmas”.
O autarca recebeu a notícia com um misto de sentimentos. Por um lado, havia a esperança de que o subsolo da cidade fosse uma ‘galinha dos ovos de ouro’. Por outro, “também é um descanso”, dada a localização do poço em pleno perímetro urbano e o impacto dos trabalhos na vida dos alcobacenses.
“Num passado recente a Mohave andou em Aljubarrota e dos 408 quilómetros quadrados do concelho de Alcobaça tem cerca de 110 quilómetros quadrados pré-sinalizados de estudos”, salienta Paulo Inácio.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt






























