
A Frutóbidos, empresa da Amoreira (Óbidos) que se dedica à comercialização do licor de ginja, vai investir cerca de 1,5 milhões de euros numa nova unidade, que irá permitir quadriplicar a sua produção que é, actualmente, de 250 mil garrafas por ano. O anúncio foi feito no passado dia 5 de Março, momento em que foi também lançada a nova imagem da marca Vila das Rainhas
As obras da nova fábrica da Frutóbidos, localizada na Amoreira, começaram no mês passado e deverão estar concluídas dentro de dois anos. A estrutura terá uma área superior a 2 mil metros quadrados e implica um investimento de 1,5 milhões de euros, a que se juntam ainda os custos com a aquisição dos equipamentos. De acordo com a proprietária, Marina Brás, a empresa produz cerca de 250 mil garrafas por ano e com esta nova infraestrutura conseguirá quadriplicar a produção. “Teremos uma capacidade de armazenamento e de produção muito grande”, explicou a empresária, na passada quinta-feira, dando nota de que, além do aumento da produção, também pretende dedicar-se ao licoturismo.
Actualmente trabalham na empresa 11 pessoas, mas o investimento levará a um aumento do número de colaboradores, tanto no que respeita à produção como à nova aposta no turismo. Alguns desses trabalhos serão sazonais, quer ao nível dos eventos que venham a receber, como da produção, tal como já acontece durante a campanha da ginja, em que são contratadas pessoas para retirar o pé do fruto, fazer a sua lavagem e selecção. A Frutóbidos está no mercado desde 1988 com a marca Vila das Rainhas, que agora ganhou uma nova “roupagem”, mas mantendo intacta a receita do licor criado pelos frades beneditinos. O nome Vila das Rainhas é uma homenagem a todas as monarcas que passaram pela vila e a empresa tem em Óbidos o seu local preferencial de comercialização do produto. Marina Brás garante que nesta empresa produz-se licor de ginja e não ginjinha. “O licor de ginja que é isento de corantes e aromas, composto só por quatro ingredientes: ginja, açúcar, água e álcool”, explica, agradecendo ao fundador da empresa, Joaquim Albano, todos os ensinamentos, tanto da receita da original como da forma como lidar com os clientes. Na cerimónia de apresentação da nova imagem da marca, a responsável agradeceu ainda à concorrência que lhe dificultou a vida quando adquiriu a empresa, em 2001. “Era uma área mais masculina e a concorrência mandava para aqui muita fiscalização para me intimidar”, lembrou, acrescentando que essa dificuldade transformou-se numa oportunidade, pois teve de aprender muito, “depressa e bem”, inclusive com os próprios fiscais e entidades reguladoras. O ano de 2004 foi muito importante para a empresa, que mudou para novas instalações e começou a exportar, tendo o Brasil como o primeiro mercado externo.
Aumentar as exportações
A Frutóbidos exporta para 12 países, a maioria dos quais na Europa, mas também para os Estados Unidos e Macau, e quer aumentar as exportações. Também nesse ano, assinou um contrato com uma distribuidora, a Viborel, que ajudou a divulgar o produto. Três anos mais tarde, começou a trabalhar com as lojas francas, nos aeroportos, onde o licor é bastante procurado. Marina Brás destaca, também, a versatilidade do fruto ginja que, com o apoio da Faculdade de Biotecnologia do Porto, começou a ser explorado para diversas finalidades ligadas à gastronomia e bem-estar. Desde 2015 que existe a marca Ginja d’arte, que integra produtos como bolachas, biscoitos, broas ou pastel de natal de ginja, bem como infusões feitas a partir do pé a da folha da ginja, e almofadas anti-stress criadas com o aproveitamento dos caroços. Ainda este ano deverão ser lançados mais dois produtos.
Atenta aos consumidores e a acompanhar as tendências de mercado a Vila das Rainhas foi recentemente engarrafada na capacidade de 50 centilitros com certificação Vegan.
Tendo a fruta como ingrediente principal, a empresa tem com o sector primário e os agricultores uma relação muito próxima. “Fomos ter com os agricultores, incentivámo-los a fazer novas plantações e temos uma postura muito séria na negociação e, principalmente, no pagamento a horas”, disse Marina Brás, acrescentando que essa atitude de respeito leva a que consigam ter, a cada ano que passa, mais fornecedores.
“Compramos toda a ginja que os ginjais dos nossos fornecedores conseguirem dar”, conta a empresária, destacando que o fruto nunca é suficiente, pois não trabalham com corantes nem aromas.
Bom exemplo da representação da tradição
Presente na visita às instalações da Frutóbidos e apresentação do novo projecto, o secretário de Estado da Economia, João Neves, viu nesta empresa um bom exemplo da representação da tradição, inovação e da relação com o mercado. O governante destacou, ainda, a “enorme paixão” que transparece do percurso feito e sublinhou a confiança que existe entre os empresários e os seus clientes e a forma como interagem com os agricultores.
“É importante, num mundo tão global, conseguirmos ver formas diferentes de fazer negócio”, frisou.
Também o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, destacou a determinação da empresária Marina Brás e lembrou que o desenvolvimento da fábrica foi pensado em momentos “hostis” da economia, em que algumas entidades “viraram as costas a este que era um projecto estruturante neste segmento da economia local”. O autarca sublinhou ainda a capacidade da empresária em pensar “fora da caixa” e estar sempre atenta às novas possibilidades de negócio, como aconteceu com a ligação da ginja à gastronomia e bem-estar e agora, na vertente turística.
Empresa avança com projecto inovador no licoturismo
Com a construção da nova unidade fabril, a Frutóbidos pretende apostar no licoturismo, lançando este conceito em Portugal. A ideia passa por proporcionar experiências turísticas, como é o caso de jantares temáticos, tirar fotografias, fazer um pedido de namoro ou casamento no ginjal, ou mesmo produzir o seu próprio licor. Todas estas experiências pretendem mostrar como se faz o licor de ginja e sempre com uma visita à fábrica, onde é explicada a sua história. Esta aposta surge na sequência dos muitos pedidos para visita às actuais instalações, que os proprietários acolhem e no qual explicam todo o processo produtivo. Para além do licor, a Frutóbidos utiliza a ginja para a confecção de doces, infusões e de produtos ligados ao bem-estar.






























