Frubaça está na linha da frente da fruticultura

0
2747
Empresa de Alcobaça é uma referência do setor e a maior cooperativa do distrito de Leiria | Ricardo Graça / Jornal de Leiria

Cooperativa destaca-se pela inovação nos produtos e na tecnologia associada ao processo de produção, o que lhe permitiu afirmar-se em Portugal e além fronteiras

A Frubaça – Cooperativa de Hortofruticultores é, segundo a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), a maior cooperativa do distrito de Leiria e está entre as 20 maiores do país, com um volume de vendas que se aproxima dos 20 milhões de euros.
A cooperativa nasceu em Alcobaça no contexto de um Portugal acabado de entrar no que é hoje a União Europeia. “Até então era um conjunto de agricultores que trabalhavam de forma isolada, mas perceberam que iam enfrentar concorrência muito mais organizada vinda do exterior, pelo que teria mais força como central fruteira”, conta Jorge Periquito, diretor técnico da Frubaça.
Em cooperação, cada produtor “passou a ter acesso a coisas que era difícil de ter individualmente, como a tecnologia de ponta introduzida para conservação, o trabalho de imagem, a coordenação de apoio técnico, como mais tarde a compra fatores de produção em conjunto”, enumera.
A constituição da cooperativa foi em 1988 e em 1992 iniciou-se a construção das primeiras instalações. Desde então, a cooperativa tem vindo a crescer a afirmar-se como uma das referências nacionais dentro das cooperativas agrícolas de produção, comércio e transformação de fruta.
Jorge Periquito diz que vários fatores contribuíram para o sucesso da Frubaça. O foco pela tecnologia de ponta foi um deles. “Procuramos, desde a constituição, o state of the art a nível mundial”, refere.
No início, em que o foco da cooperativa era o comércio da fruta, essa tecnologia foi aplicada à conservação em frio. Depois, com a introdução dos sumos Copa, o processo de transformação industrial passou pelo mesmo critério. “Corremos universidades e feiras internacionais para ver o que se estava a fazer e a opção foi pela alta pressão”, refere o diretor técnico. Esta forma de processar a fruta em sumo permite que não sejam aplicados quaisquer aditivos, garantindo que os sumos são, de facto, 100% fruta.
Esse caminho da inovação “trouxe reconhecimento à Frubaça”, refere Jorge Periquito, acrescentando que a opção por aquele método de produção foi escolhido para encaixar o produto num mercado de gama alto, onde a cooperativa já colocava a sua fruta. A prova de conceito surgiu com a conquista de prémios internacionais, em Inglaterra, um dos mercados preferenciais para os produtos transformados, e de França.

“Procurámos, desde a constituição, o state of the art a nível mundial. (…) Esse caminho trouxe reconhecimento à Frubaça”
Jorge Periquito

O sucesso dos sumos obriga a uma busca contínua por novos produtos para que a Frubaça se mantenha como uma referência neste segmento. A cooperativa tem quatro pessoas a trabalhar no desenvolvimento de produtos, três delas a tempo inteiro. Aos sumos, seguiram-se os detox e os shots intensos, bebidas com fruta e outros ingredientes com propósitos saudáveis. Recentemente, a Frubaça introduziu também no mercado inglês uma bebida vegetal baseada em amêndoa e outro produto de pequeno almoço para não lácteos baseado em polpa de maçã e aveia, sem tratamentos térmicos nem aditivos.
Apesar de ser uma das maiores cooperativas do país em volume de negócios, a Frubaça é relativamente pequena em número de cooperantes. São 23 e representam 13 explorações com uma área conjunta próxima dos 400 hectares. Num ano normal, emprega cerca entre 150 e 240 pessoas, em função da sazonalidade.
A diversificação dos negócios foi um dos fatores importantes para o crescimento. Além dos sumos, a cooperativa enveredou pela venda direta ao público através das lojas Copa, que foi fundamental para reduzir a dependência da grande distribuição e, ao mesmo tempo, valorizar a fruta dos associados.
Quando essa decisão foi tomada, a grande distribuição representava 60% da escoação de produto, hoje baixou para cerca de 20%. Além disso, a cooperativa expandiu-se também para os mercados internacionais, que escoam entre 25 e 30% da produção, com Reino Unido e Brasil à cabeça.
O valor acrescentado gerado dá estabilidade financeira que permite progredir as explorações dos sócios e a própria Frubaça. que já este ano inaugurou novas instalações, na Maiorga, com capacidade para seis mil toneladas. Ali a cooperativa voltou a instalar tecnologia de topo, com novos sistemas de frio e um pré-calibrador que permite armazenar a fruta por tamanho, com ganhos ao nível da produtividade.

- publicidade -