Uma máquina que radiografa maçãs à velocidade de 70 mil por ano e um equipamento que descontamina sumos naturais de fruta em alta pressão são algumas das tecnologias de ponta usadas pela Frubaça para produzir sumos, smoothie e polpas de fruta frescos.
As maçãs deslocam-se rápidas sobre o tapete rolante e são depositadas em secções de acordo com as suas características. Raios infra-vermelhos identificam os defeitos interiores da fruta, a quantidade de açúcar e medem o seu tamanho. E em função de critério pré-estabelecidos, que incluem também o peso, esta máquina holandesa decide onde vai cair cada maçã. E não é lenta a tomar a decisões: fá-lo a uma velocidade de dez toneladas de fruta por hora.
“Dantes eram necessárias dezenas de mulheres em volta de uma calibradora para fazer este trabalho. Agora bastam três operadoras. E qualquer dia, com a robotização, tudo isto é feito automaticamente”. Jorge Periquito, director da Frubaça – Cooperativa de Hortofruticultores CRL, mostra como se faz a normalização da fruta, que em seguida terá vários destinos: escoamento para o cliente, armazenamento em câmaras de atmosfera controlada (sem oxigénio), ou a linha de produção de sumos, smooties (sumos com polpa) e produtos alimentares.
Esta última representa a jóia da coroa desta cooperativa de produtores agrícolas criada em 1991. Os equipamentos para o fabrico de sumos estão instalados num ambiente higienizado, permanentemente frio (os trabalhadores vestem roupa de inverno apesar de estarmos em pleno verão) e muito molhado devido às lavagens frequentes.
É aqui que se transforma fruta em sumos com e sem polpa e em produtos inovadores como as polpas frescas da fruta que podem incorporar muesli e que existem até numa gama para bebés.
Para eliminar os micro-organismos e manter os produtos frescos pode-se recorrer à pasteurização (que implica aquecê-los a altas temperaturas) ou aos produtos químicos. A Frubaça foi pioneira na Europa, a par de uma empresa holandesa, a escolher uma terceira via – a descontaminação em alta pressão – tendo para tal recorrido a tecnologia vinda dos Estados Unidos.
Os sumos naturais são introduzidos numa pesada cápsula que as sujeita a uma pressão de 6000 bares, o equivalente a cinco vezes a pressão que existe no local mais fundo do oceano e que mede 11 quilómetros. Os produtos da Frubaça são, assim, sujeitos a uma pressão equivalente à de um fundo do mar com 50 quilómetros de água por cima.
Nada disto estava no horizonte dos 25 produtores agrícolas que há 20 anos constituíram a Frubaça. Na altura, com o Portugal recém-entrado na CEE, as fronteiras abertas e com uma autêntica invasão de fruta espanhola e francesa a chegar aos supermercados portugueses, o objectivo da cooperativa era criar massa crítica para a comercialização dos produtos portugueses e conseguir que os fruticultores portugueses sobrevivessem.
O objectivo foi conseguido e, em breve, mais do que recolher, conservar e comercializar fruta, a Frubaça passou a acrescentar-lhe valor, lançando-se na indústria agro-alimentar.
Foi a primeira a produzir sumo com polpa não pausterizado, que lhe valeu um prémio da Sonae e outro de um cliente de prestígio – nada menos que o Ministério da Saúde inglês, que reconheceu a vantagem destes produtos não pasteurizados, frescos, sem conservantes nem açúcar, numa alimentação saudável.
A empresa processou no ano passado 6300 toneladas de maçã, das quais 1500 se destinaram a sumos e polpa em taça. O peso deste segmento no total de volume de negócios (que foi de 7 milhões de euros em 2010) já atinge os 42 por cento.
Metade das vendas da Frubaça têm como destino as grandes superfícies. À cabeça está a Sonae, seguida do Pingo Doce, Jumbo e El Corte Inglês. O restante é escoado através da sua rede de lojas Casa da Fruta (representadas em Leiria, Batalha, Benedita, Rio Maior, Nazaré, Caldas da Rainha e na própria sede da cooperativa) e também para restaurantes e hotéis. As exportações são residuais: meio milhão de euros em 2010, com destaque para Espanha, França e Suécia.
Apesar de ser um sector em crescimento, Jorge Periquito queixa-se da excessiva força das grandes superfícies na imposição dos preços. “O governo deixou que houvesse uma concentração da grande distribuição ao ponto de haver uma desproporção entre quem compra e quem vende. O nosso peso na negociação dos preços com as grandes superfícies é zero. São eles que ditam as regras”.
António Magalhães, também director da Frubaça aponta o dedo aos elevados custos de produção, que são muito mais caros do que na vizinha Espanha. E lamenta que a maioria dos subsídios vindos da UE não se destinem a produzir, mas sim à não produção.
Ainda assim, desde 2007 a cooperativa tem vindo a investir 5 milhões de euros no aumento da capacidade de produção. Um montante que beneficiou de fundos comunitários na ordem dos 2 milhões de euros.
A Frubaça emprega 40 pessoas, das quais seis são licenciadas. Para fazer face aos picos de trabalho, chegam a laborar 120 trabalhadores.































è sempre bom vermos que perante a crise há quem não cruze os braços. Parabéns!