Estado abre concurso público para um hotel de luxo no mosteiro de Alcobaça

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IMG_3666Já imaginou dormir uma noite num mosteiro com quase 900 anos, que é património mundial da UNESCO e uma das sete maravilhas de Portugal? A ideia começou a ser posta em prática em Alcobaça no dia 30 de Maio, com a apresentação do concurso público internacional para a instalação de um estabelecimento hoteleiro no mosteiro local. Os investidores poderão agora apresentar as suas propostas para um hotel de quatro ou cinco estrelas que, a ser concretizado, não deverá abrir antes de 2020.

A iniciativa trouxe cerca de meia centena de curiosos até ao Claustro do Rachadouro do Mosteiro de Santa Maria, em Alcobaça, mas a ocasião parece não ser para menos. Afinal, trata-se da possibilidade de ter um hotel num monumento considerado Património Mundial da UNESCO (desde 1989).

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O espaço a ser concessionado pela Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) no início do próximo ano, é a área compreendida pelo Claustro do Rachadouro e alas adjacentes entre o Rio Alcoa e Rua Silvério Trancoso, sendo composta por uma igreja e respectiva sacristia, a antiga portaria, os claustros da hospedaria, da portaria, de D. Dinis, do Cardeal e o do Rachadouro, para além da ala sul, que está integralmente restaurada e que, actualmente, é usada quer pela paróquia quer como sala de exposições temporárias.

O perfil definido pela DGPC para este espaço passa por um hotel de quatro ou mais estrelas, que se estima que venha a ter 80 quartos (a ser discutido com os investidores). O investimento necessário previsto pela DGPC cifra-se nos 15 milhões de euros e, caso se concretize, irá criar 70 novos postos de trabalho numa concessão a 50 anos.

 “Um processo demorado”

O processo começou há cerca de um ano, com uma avaliação técnica, económica e financeira, mas só ficará concluído no início de 2016 com a adjudicação. Até lá haverá duas fases: a do estudo prévio e a da avaliação das propostas. E tendo em conta que terá de haver um volume considerável de obras, a nova unidade hoteleira só deverá abrir portas  dentro de três, quatro anos.

“Uma das principais razões desta concessão foi porque neste momento a DGPC tem todo este espaço sem utilização e sabemos que espaços sem utilização se degradam muito rapidamente. Portanto temos de dar uma reutilização funcional deste espaço” explicou João Carlos dos Santos, sub-director da DGPC.

“Hoje é um dia histórico” exclamou Paulo Inácio, presidente da Câmara local, contando que esta era uma ambição pessoal, mas também dos órgãos autárquicos e dos alcobacenses, há já bastantes anos.

“O património deve ser protegido, mas não mumificado”

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, contou que Paulo Inácio havia falado com ele há cerca de dois anos e meio para lhe dar conhecimento da falta de avanços na zona do mosteiro e que, desde logo, lhe havia assegurado que iria trabalhar numa solução.

Fazendo referência a um debate político na Assembleia da República quando propôs esta solução e foi criticado pela oposição, defendeu que “o património deve ser protegido, mas não mumificado”.

O secretário de Estado recordou o papel deste mosteiro na História, projectando o futuro. Nesse sentido defende que actualmente se reconhece que a melhor forma de contrariar a ruína de um edifício “é conferir-lhe um uso compatível com o seu destino inicial”. Assim, “a função residencial que foi sua, enquanto local de acolhimento permanente de monges cistercienses, encontrará paralelo na hospedagem de turistas que procurem a bela zona de Alcobaça”, disse Jorge Barreto Xavier.

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