Escola de Peniche lança revista científica de turismo internacional

1
746
Na sessão de abertura estiveram os representantes do Turismo do Oeste, da ESTM, do IPL e da Câmara de Peniche

O lançamento da primeira revista portuguesa em língua inglesa dedicada ao turismo foi um dos destaques da quarta edição do Congresso Internacional de Turismo de Leiria e Oeste, que decorreu a 24 e 25 de Novembro na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche.
A European Journal of Tourism, Hospitality and Recreation é um projecto do Grupo de Investigação em Turismo (GITUR), do Instituto Politécnico de Leiria, para o qual contribuem investigadores de todo o mundo. O painel científico da publicação, que faz a avaliação dos artigos, é composto por 84 pessoas de 25 países.
Do primeiro número fazem parte artigos de três autores com reconhecimento mundial nesta área: Richard Butler (Reino Unido),
Michael Hall (Nova Zelândia) e Dogan Gursoy (EUA). O objectivo é que dentro de dois ou três anos a publicação esteja classificada como revista indexada ao nível científico.
“A revista nasceu da ambição de criarmos parcerias internacionais e integrarmos as redes de investigação internacionais”, explicou Francisco Dias, coordenador do GITUR.
O responsável não tem dúvidas de que “em Portugal não existe nenhuma outra entidade com uma revista deste calibre” no sector do turismo, até porque ao ser totalmente em inglês assume um cariz internacional.
A revista terá uma periodicidade quadrimestral, mas poderão ser lançadas algumas edições especiais.
Ainda em Dezembro está prevista a edição de um número especial sobre o IV Congresso Internacional de Turismo, com a publicação das dez melhores comunicações apresentadas neste evento.
Francisco Dias acredita que a divulgação da revista vai contribuir também para fazer crescer o próprio congresso. “Já este ano sentimos esse efeito pois temos o dobro das comunicações e 10 vezes mais o número de participantes estrangeiros”, afirmou.
Com o tema “Imagem e a Sustentabilidade dos Destinos Turísticos”, o congresso contou com a participação de 200 pessoas. Foram feitas 57 comunicações por especialistas em diversas áreas ligadas ao turismo, a maioria dos quais estrangeiros, para além de vários oradores convidados.
“Este congresso ajuda a que saiamos de um certo paroquianismo que ainda vigora em Portugal em relação à investigação na área do turismo”, disse Francisco Dias.
Embora a realização deste congresso anual seja anterior à formação do GITUR, desde a sua constituição passou a ser esta a entidade responsável pela sua organização.
Segundo Francisco Dias, apesar de o grupo ter sido criado há dois anos, só a partir de 2010 é que começou a trabalhar de uma forma sistemática.

Observatório de Turismo do Oeste

O GITUR está a realizar investigação em várias áreas. Há dois bolseiros que estão a fazer um estudo internacional comparativo sobre a gastronomia do Oeste.
Em 2011 vai ser criado o Observatório de Turismo do Oeste, que irá monitorizar a actividade turística da região.
Com o apoio do Turismo do Oeste, este observatório irá realizar inquéritos regulares aos turistas, aos empresários do sector e aos residentes. Toda a informação será cruzada com outros elementos já existentes.
Nos primeiros dois anos de actividade será criado um modelo de monitorização permanente. No futuro o mesmo modelo poderá ser aplicado em vários sub-sectores, da animação à restauração.
O GITUR e a AIRO, no âmbito da marca Oeste Activo, apresentaram 10 candidaturas ao Sistema de Apoio a Acções Colectivas (SIAC) do Programa Operacional de Factores de Competitividade, para projectos relacionados com as indústrias criativas e a sua relação com o turismo. “Queremos ajudar a criar um cluster de indústrias criativas em apoio à região Oeste e ao turismo”, explicou Francisco Dias.
Crise na Irlanda afectou turismo residencial

- publicidade -

Na sessão de abertura do congresso o presidente do Pólo de Turismo do Oeste, António Carneiro, referiu que a procura no turismo residencial português sofreu a maior queda da Europa, como consequência da crise financeira na Irlanda.
Segundo António Carneiro, o mercado irlandês “era responsável por cerca de 60%  a 90% das compras de habitações”.
A crise fez abrandar muito o ritmo de implantação dos resorts turísticos em Portugal porque as empresas têm-se deparado com “a desistência de muitos comparadores que já tinham feito contrato”.
Por causa dessa situação, o Turismo do Oeste deixou de fazer a promoção habitual do golfe na Irlanda e em Inglaterra e está agora a explorar mercados alternativos na Suíça e na Áustria.
Aludindo ao tema do congresso, António Caneiro criticou aquilo que considera o “excesso de fundamentalismo” em torno da sustentabilidade.
“Não é um fundamentalismo por motivos ambientais, mas muitas vezes por razões administrativas, num país onde tudo se marca à carta, à escala do milímetro” lamenta António Carneiro.
O dirigente alertou para o facto Portugal “competir com outros destinos que encaram a sustentabilidade com mais abertura” e deixou um apelo aos autarcas para que “em altura de revisão dos planos directores municipais, não se deixem cair em exageros para que se possa não perder bons investimentos, porque o país, mais do que nunca, precisa deles”.
A crise foi um tema incontornável no congresso, apesar de não haver nenhuma comunicação alusiva ao tema. “Se houver inovação, conhecimento de mercado e uma gestão racional, as empresas facilmente lidam com as crises”, comentou Francisco Dias.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

- publicidade -

1 COMENTÁRIO

  1. Portuguese specificity curious! The west region belongs to tourism of Lisbon then why Leiria and West? I do not understand!