Empresários da noite querem mais “vida” na cidade depois das 2 horas

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A tertúlia, que teve moderação de Carlos Coutinho, foi bastante participada

Mais policiamento e tolerância ao ruído vistos também como essenciais para o futuro do setor

Caldas da Rainha foi, sobretudo na última década do século passado, capital da animação noturna na região e uma das referências do país, atraindo jovens, em idade e em espírito. Uma realidade bem distinta do que é hoje.
Este foi o tema da terceira tertúlia com que a ACCCRO está a assinalar o 120º aniversário, e dela saíram algumas conclusões importantes. A principal é que falta fechar o circuito da noite na cidade, onde só há “vida” até às 2 horas da madrugada, mas os empresários também querem mais policiamento e, principalmente, mais tolerância da população à atividade dos bares.
António Couto participou na tertúlia como vice-presidente da Toma Lá Tuna, a tuna académica da ESAD.CR, e a sua opinião como estudante deslocado nas Caldas é referencial. “Somos estudantes, convivemos bastante na noite, mas cada vez temos menos vontade de sair, porque há falta de espaços noturnos e as coisas acabam cedo”, disse.
Esta é a percepção que João Campinas, professor da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro que também tem atividade como DJ, também recebe da juventude com quem lida diariamente. “Há muita malta nova na cidade, que chega ao fim de semana e tem que sair da cidade para ter alguma animação”, afirmou. Gonçalo Jorge, da Toca da Onça, reforça a ideia: Caldas atingiu um patamar de excelência na pastelaria, na restauração e nos bares, “falta a partir das 2h da manhã”.
Os empresários apontaram várias razões para este status quo. Se, por um lado, falta uma discoteca de referência, por outro faltam condições para que os bares possam suprir essa lacuna com mais iniciativas.
“Primeiro, precisamos de licenças até mais tarde”, afirmou Gonçalo Jorge. Mas também é necessário consciencializar a população. “Caldas é a capital da cultura, mas da cultura de biblioteca, porque tem que ser com pouco barulho”, diz Paulo Santos, do Cabaret Voltaire. “Devia haver mais tolerância para deixar a cidade existir, isto faz parte noutras cidades”, afirma Estela Pereira, do Marula Bar, acrescentando que, no contacto que tem com músicos, “muitos não vêm porque noutras cidades podem tocar até mais tarde”.
Jorge Nascimento, do Café Central, fecha a ideia afirmando que evita “ao máximo fazer eventos. Não vale a pena investir porque vamos ter problemas se for à noite”, pelo que acabou por investir na abertura de um bar na Benedita, onde essa tolerância existe.
Outra das questões mais levantadas pelos empresários que participaram na tertúlia foi a sensação de segurança, que é preciso reforçar com mais policiamento. Nuno Marques, Comissário da PSP das Caldas da Rainha, disse que “se pudesse ter um polícia a cada esquina, teria”, justificando as dificuldades para destacar mais agentes para a noite por falta de efetivo, mas acrescentou que a cidade é “bastante segura no que respeita à noite”.
Presente em representação do Município das Caldas da Rainha, Vítor Marques anotou as queixas dos empresários. “Estamos todos interessados na dinamização da nossa cidade”, começou por dizer, lembrando que os espaços que traziam muita gente no passado à noite das Caldas eram privados, e assim terá que continuar a ser. O autarca disse que os negócios têm que se adaptar às mudanças na sociedade e criar uma oferta ajustada, seja cada um na sua área, ou, em conjunto, aproveitando o potencial criado pelos eventos que o município tem organizado, ou outros, como o Impulso, ou o Caldas Late Night.
Vítor Marques salientou, ainda, o trabalho que o município está a fazer para tentar atrair mais população e investimento, quer na área industrial, quer através de um segundo pólo universitário. ■

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