A Westfalia Fruit Ibéria iniciou a produção de abacate, que tem como destino o mercado europeu. A empresa, detida a 50% pela Granfer, tem sede na Usseira, no concelho de Óbidos. A primeira colheita já se iniciou e resulta de um investimento de cerca de 10 milhões de euros num pomar tecnologicamente avançado e amigo do ambiente.

Foi há três anos que a Granfer – empresa com sede na Usseira e que se dedica à produção e comércio de fruta – se juntou à multinacional sul-africana Westfalia Fruit, um dos maiores produtores do mundo de abacate, para criar uma parceria para a produção daquela fruta em Portugal.
A Westfalia Fruit procurava uma parceria para expandir a sua produção para o continente europeu, explicou à Gazeta das Caldas, Daniel Ferreira, country manager da Westfalia Fruit Ibéria. A Granfer surgiu na equação porque a multinacional sul-africana adquiriu a Greecell, importadora de produtos frescos para o Reino Unido, com a qual a firma obidense já tinha boas relações comerciais. “A Greencell referenciou-nos como uma empresa de sucesso e de confiança”, conta Daniel Ferreira.
A Westfalia Fruit Ibéria nasceu, assim, em Setembro de 2016, com o capital a ser divido a 50% por cada uma das associadas e com a sede na Usseira, integrada nas instalações da Granfer.
“Juntamos o know-how de distribuição e de produção de abacate da Westfalia Fruit e o da Granfer sobre a realidade portuguesa, as relações com as instituições nacionais e na gestão das operações”, refere Daniel Ferreira.
Nos três primeiros anos, a Westfalia Fruit Iberia esteve a preparar o início de actividade, nomeadamente através da instalação de perto de 80 hectares de pomar numa propriedade no Alentejo, que resultou de um investimento próximo dos 10 milhões de euros. Esta é, porém, apenas metade da área de instalação do pomar, cuja conclusão está prevista para dentro de um ano com uma área total com cerca de 150 hectares.
Nesta fase a nova empresa já criou 18 postos de trabalho, número que irá aumentar quando a produção atingir todo o seu potencial.
O abacate será destinado ao mercado europeu, onde há falta de produto nos meses de Dezembro e Abril, período durante o qual o pomar nacional irá produzir.
POMAR TECNOLOGICAMENTE AVANÇADO
As culturas de abacate, que têm disparado sobretudo no Algarve, têm sido visadas por serem pouco amigas do ambiente, devido ao elevado consumo de água.
No entanto, este não será um problema nos pomares da Westfalia Fruit Iberia, garante Daniel Ferreira. E a garantia é sustentada na tecnologia e na política das duas empresas associadas, de “elevado respeito pela natureza e pelo meio ambiente”.
O pomar está dotado de avançada tecnologia de irrigação de baixo débito. Um conjunto de sondas avalia a quantidade exacta de água que as plantas necessitam e é apenas essa que é colocada na terra. Daniel Ferreira adianta que o débito de água “é inferior, por exemplo, ao que temos hoje na pêra e na maçã”.
Além da questão da água, o country manager da Westfalia Fruit Ibéria realça que apenas parte dos terrenos da propriedade onde a produção está inserida é ocupada por pomar. A restante é monitorizada de modo a proteger a flora e a fauna locais, permitindo a coexistência e a biodiversidade.
Ao aproximar a produção do cliente final, garante-se igualmente uma menor pegada carbónica por peça de fruta colocada no mercado, uma vez que o abacate da Westfalia era até agora produzido sobretudo em países da América do Sul.
DIVERSIFICAÇÃO DA OFERTA
A aposta no abacate surge para a Granfer enquadrada na política de diversificação da sua oferta frutícola. A empresa, que começou com produção de pêra Rocha do Oeste e maçã, tem vindo a trabalhar no complemento dessa oferta, que é composta também por pêssegos, nectarinas e batata doce.
A Granfer possui 440 hectares de produção própria (sem contar com o novo pomar de abacate), aos quais se juntam mais 400 hectares de produção de agricultores parceiros. A produção é de cerca de 20 a 22 mil toneladas de fruta por ano, 65% dos quais seguem para exportação. No universo das suas quatro empresas, a Granfer tem um volume de negócios próximo dos 25 milhões de euros anuais, divulgou Hélio Ferreira, CEO da Granfer, durante a conferência Conversas de Exportação, organizada pela Portugal Fresh e pelo Crédito Agrícola no passado dia 6 de Novembro, no CCC.
Daniel Ferreira explicou à Gazeta das Caldas que a produção de abacate, além de permitir a diversificação da oferta, vai esbater a sazonalidade da actividade da empresa obidense. Os meses da campanha do abacate, entre Dezembro e Abril, coincidem com um período de menor trabalho para a Granfer, o que permitirá rentabilizar melhor toda a sua estrutura.
































