Empresa caldense usa método inovador para limpar condutas de abastecimento de água

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Uma empresa sedeada na Zona Industrial usa um processo inovador para limpar as canalizações da rede pública de abastecimento de água através da injecções de ar nas condutas. A Câmara das Caldas da Rainha é cliente, mas a empresa já opera em todo o país e está a tentar conquistar o mercado espanhol.
Chama-se Manusystems a empresa caldense que desde 2007 tem contribuído para manter limpas as canalizações de água potável em grande parte do país, utilizando para isso uma tecnologia alemã muito inovador. Trata-se de uma unidade móvel que produz ar e o injecta na rede para eliminar a sujidade que fica agarrada ao interior das condutas.
Parece simples, mas o ar assim produzido tem de ter qualidade hospitalar para poder ser introduzido nas canalizações de água (normalmente através de bocas de incêndio) formando bolhas que removem o biofilm (películas de sujidade que fazem com que a água apareça castanha nas torneiras das casas das pessoas).
Dina Soares, responsável técnica da Manusystems, explica que o segredo desta tecnologia está precisamente num algoritmo que calcula a quantidade de ar suficiente para que as bolhas injectadas nos tubos preencham a sua totalidade por forma a proceder à limpeza.
Tudo isto é feito, claro, em secções onde o abastecimento de água é interrompido. Um aspecto curioso é ver como a água empurrada pelo ar comprimido sai inicialmente muito suja, passando progressivamente a clarear até ficar totalmente transparente.
A empresa começou a operar há seis anos. O primeiro trabalho foi para os Serviços Municipalizados de Peniche, limpando uma conduta com cerca de três quilómetros, entre Serra D`el Rei e a Coimbrã.
Os seus clientes são, naturalmente, as empresas inter-municipais de abastecimento de água ou as próprias autarquias. Alguns dos seus maiores trabalhos foram feitos para os Serviços Municipalizados das Caldas da Rainha e de Leiria e para os municípios de Benavente, Rio Maior, Gaia, Alcochete, Figueira da Foz, Santarém, Alcanena e Ovar. Entre as empresas inter-municipais destacam-se a Águas Douro e Paiva e Águas do Norte Alentejano.
Esta não é, contudo, a única tecnologia de limpeza existente no mercado. Há empresas que usam produtos químicos, “o que é complicado do ponto de vista do consumidor se, por exemplo, após uma operação ficar uma válvula mal fechada”. Outra tecnologia concorrente consiste em injectar pigs (cilindros em esponja) nos tubos para remover a película de sujidade. A desvantagem neste caso é que, se algum ficar retido na canalização, será necessário proceder a perfurações para os poder remover.
Gentil Soares, director comercial da Manusystems reconhece que os preços praticados pela sua empresa são mais caros, mas não tem dúvidas de que valem a pena devido à simplicidade do processo e à sua rapidez.
Há duas semanas a empresa concluiu uma operação de limpeza que durou oito dias e que passou pela Rua Vitorino Fróis, Bairro das Morenas, Urbanização do Pinheiro e Zona Industrial. Uma adjudicação que rondou os 18 mil euros, mas que, mesmo assim, foi mais barata porque a empresa tem a unidade móvel sedeada nas Caldas, não incluindo a factura a deslocação de meios técnicos e humanos para longe.

Caldas da Rainha é excepção

“Entre 2008 e 2011 resolvemos os maiores problemas que havia em Portugal em condutas de abastecimento de água”, diz Gentil Soares. Por isso, agora o trabalho escasseia, o que não seria inevitável se as câmaras apostassem numa política de manutenção periódica dos seus canos pois estas, normalmente, só recorrem à Manusystems quando a água começa a ficar suja.
Mas Caldas da Rainha é excepção. “É a primeira entidade em Portugal que está a encarar a limpeza das condutas como uma acção preventiva”, diz o responsável comercial da empresa, que dá o exemplo da Alemanha onde estas operações de manutenção se fazem de cinco em cinco anos.
Por falta de actividade durante todo o ano, a unidade móvel, que é alemã, só fica em Portugal alguns meses por ano, indo depois para a Alemanha. Trata-se de um veículo demasiado sofisticado e caro (custa 250 mil euros) para ficar parado, pelo que é rentabilizado com temporadas nos dois países.
A Manusystems, Lda. foi criada em 2006 pelo empresário Arnaldo Santos e conta com sete trabalhadores. Em 2012 a sua facturação foi de meio milhão de euros, prevendo-se para este ano um valor ligeiramente inferior.
Dina Soares diz que a empresa vai apostar na internacionalização, sendo Espanha o mercado óbvio, até porque não há neste país nenhuma empresa a operar com esta tecnologia. “Mas a sede vai manter-se nas Caldas da Rainha”, conclui.

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Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

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