Empresa beneditense Montlusa criou máscaras pessoais reutilizáveis em cortiça

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As crises têm revelado o engenho e a capacidade de resposta das empresas e dos empreendedores portugueses em diversos níveis. Na Benedita, a falta de máscaras de protecção pessoal disponíveis no mercado e a necessidade de as usar levaram a empresa Montlusa a criar as suas próprias máscaras em cortiça. O produto já chegou ao mercado e tem a particularidade de poder ser lavado e reutilizado.

A necessidade aguça o engenho. Esta foi a velha máxima que levou a empresa beneditense Montlusa a criar as suas máscaras de protecção individual em cortiça.
“Começou a haver falta de máscaras no país e tínhamos que arranjar forma de proteger os nossos funcionários”, relata. A empresa, que trabalha em acessórios de moda e marroquinaria em couro e tecido de cortiça, percebeu que tinha o que precisava para fazer as suas próprias máscaras de protecção pessoal e que estas são eficientes. As primeiras unidades foram para consumo interno, mas depois “vimos que era um produto com potencial” para comercialização, conta o empresário.
As máscaras produzidas pela empresa têm uma vantagem em relação às que o mercado oferece em larga escala, são reutilizáveis. “Basta lavar com sabão e água, ou até mesmo desinfectar, e podem voltar a ser usadas”, realça Ricardo Lopes.
“Ao serem feitas em cortiça natural no exterior, as nossas máscaras permitem um protecção mais forte, e o interior em 100% algodão torna-as mais suaves e confortáveis de usar. Como temos visto, algumas descartáveis estão a criar feridas nos profissionais de saúde”, acrescenta.
Por ser um produto novo, ainda não é possível estabelecer a durabilidade máxima do mesmo, mas Ricardo Lopes afirma que esta será extensa, sem perda das principais características.
A empresa já tem em comercialização máscaras com dois tamanhos diferentes, ajustadas para adultos e crianças. Mas a Montlusa acredita no potencial do produto e quer desenvolvê-lo para que possa chegar aos profissionais de saúde, através de um produto que está em desenvolvimento e que inclui a utilização de filtros. O objectivo é que o produto possa ter a sua eficácia comprovada com certificação.
Pelo facto de poderem ser reutilizadas, as máscaras em tecido de cortiça também contribuem para a redução do desperdício causado pelas máscaras descartáveis.
Ricardo Lopes conta que a receptividade do mercado “tem sido além do que esperávamos”. E acrescenta que está já a estabelecer contactos com câmaras municipais no sentido de fazer chegar de forma mais célere este tipo de produto aos cidadãos.

PRODUTO JÁ CHEGOU A MACAU

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A necessidade por este tipo de produto é generalizada à escala global e as máscaras de cortiça da Montlusa já fez notícia em Macau, num artigo do jornalista beneditense Renato Marques publicado pelo jornal Macau Daily Times intitulado “Máscaras faciais: de necessidade odiada a acessório de moda”. O artigo relata como algumas das principais marcas têm incluído na sua oferta este tipo de acessório, desde o surgimento da pandemia de covid-19.
Ricardo Lopes nota que há cada vez mais pessoas a utilizar máscaras e acredita que, se este problema se mantiver, a utilização cresça ainda mais, se não no dia-a-dia, pelo menos em “certos tipos de trabalho ou até mesmo em alguma tarefas domésticas”.
Em relação ao impacto da pandemia na empresa, Ricardo Lopes afirma que há clientes a mandar aguardar encomendas, outros a fazerem encomendas para entregas agendadas para quando a doença acalmar, e outros a pedir para adiar pagamentos “pois têm as suas lojas fechadas e não sabem quando poderão reabrir”.
“É um problema que tem de ser gerido de forma conjunta entre todas as empresas do circuito comercial – fornecedores, produtores e comerciantes –, cada vez temos de estar mais unidos para ultrapassarmos este problema”, conclui.

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