Empreendedores de palmo e meio premiados pelas suas ideias de negócio

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Catarina Simões, da EBI de Santa Catarina, ganhou o concurso “O meu 1º Euro” com um equipamento de produção de briquetes ecológicos

Uma mesa com ecrã táctil, um projecto de nutrição nas escolas, a implementação de mais um parque eólico no concelho, um dispositivo de controlo de calorias de cada alimento através da leitura do respectivo código de barras, uma pulseira que permita a localização de crianças. Estes foram alguns dos projectos vencedores da edição deste ano da Academia de Empreendedores, uma iniciativa que junta a autarquia caldense e a Associação Industrial da Região Oeste (AIRO) e que todos os anos desafia alunos do 5º ao 12º ano das escolas caldenses a planearem negócios viáveis
Na 5ª edição de um projecto iniciado em 2007 participaram cerca de 180 alunos de todo o concelho, com mais de 60 ideias a concurso nas três categorias – “O meu 1º Euro” para crianças do 2º ciclo, “O meu 1º Milhar” para o 3º ciclo e “O meu 1º Milhão” para o Ensino Secundário. Os três finalistas de cada categoria foram apresentados na manhã de 12 de Maio, no salão nobre da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo.
Ao longo de toda a manhã, os estudantes deram provas de que “brincar aos negócios” pode ser uma coisa muito séria. De tal forma que o júri do concurso – composto pelo director regional de Economia de Lisboa e Vale do Tejo, Ricardo Emílio, pelo vereador da Juventude da Câmara das Caldas, Hugo Oliveira, e por Almerindo Almeida, da AIRO – afirmou por diversas vezes estar perante ideias que são concretizáveis e prometer ajuda na sua implementação.
Ricardo Emílio não escondeu a surpresa com os projectos a concurso. “Vinha para uma primeira experiência, sem saber do que se tratava e ainda com o conceito de que os miúdos não têm um raciocínio tão estruturado”, disse à Gazeta das Caldas. Para o director regional de Economia, muitos dos projectos apresentados naquela manhã de sábado merecem “um encaminhamento especial”, que ficou desde logo prometido.

O dispositivo de localização de crianças pensado por Beatriz Barros e Mariana Rebelo foi o vencedor de “O Meu 1º Milhar”

Ricardo Emílio salientou o facto de muitos projectos incidirem sobre preocupações ambientais e pensarem no futuro da sociedade. “É disso que a economia precisa”, defendeu, afirmando a importância de “conseguirmos traduzir às crianças desde tenra idade que a sociedade somos todos e a falência de algumas actividades económicas deu-se porque algumas pessoas pensaram apenas em si próprias”. O responsável acredita que “Caldas da Rainha tem uma juventude que vai ser muito importante para o país” e que uma das grandes mais-valias da Academia de Empreendedores é a sensibilização dos mais novos da importância de criar o seu próprio emprego.
Uma opinião partilhada por Hugo Oliveira, que garante que este projecto já está a dar frutos. O vereador gostava de ver a Academia de Empreendedores alargada ao 1º ciclo do Ensino Básico e diz que “fazem falta mais projectos destes no nosso país”.
Quanto aos projectos apresentados pelos alunos caldenses, Hugo Oliveira afiança que a possibilidade de estes virem a concretizar-se é real. “Faltava que houvesse uma consequência prática do que estamos a promover pois eles merecem poder lucrar com a sua ideia”, disse ao nosso jornal.
Quem também prometeu apoio na concretização dos negócios foi Almerindo Almeida, da AIRO. “Temos portas abertas para agarrarmos projectos destes, que precisam de alguma polidela, mas têm potencial”, defendeu.

Os vencedores

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Utilização de madeiras reutilizadas para o equipamento de fingerskate foi a ideia vencedora de “O Meu 1º Milhão”

O concurso “O meu 1º Euro” foi ganho por Catarina Simões, da EBI de Santa Catarina, com a empresa Limflomat. A proposta era um equipamento que permite recolher os resíduos resultantes da limpeza de matos e florestas e transformá-los em briquetes ecológicos.
Em segundo lugar ficou a ECP – Empresa de Cozinhas Práticas, de Cecília Henriques, Francisca Gonçalves e Inês Felizardo, alunas do Colégio Frei Cristóvão Cecília.
O terceiro lugar coube a CCA “fralda com micro-chip” de Cláudia Coito, Cristiana Domingos e André Rebelo da EBI Santa Catarina.
No concurso “O Meu 1º Milhar” foi a empresa MB Protec, de Beatriz Barros e Mariana Rebelo (EBI Santa Catarina) que reuniu a preferência do júri. Trata-se de um sistema de localização de crianças para usar em grandes espaços comerciais. Logo a seguir ficou o Sistema CV – Contra Violência de André Cavalheiro e Eduardo Gonçalves, alunos da Secundária Raul Proença. Por fim, Calorimed, de Henrique Paulo da EBI de Santa Catarina.
Os vencedores do concurso “O Meu 1º Milhão” foram Henrique Maranhão, Hugo Pereira, Iuri Almeida, Luís Aleixo, Vítor Soares e Jorge Jacinto, da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. Os jovens apresentaram a empresa FireWolf, que recorre à casca de eucalipto e madeiras reutilizadas para construir pranchas e spots para a prática de fingerboard (skate de dedos). Um negócio que, de acordo com Hugo Oliveira, pode bem vir a ser implantado na incubadora de empresas promovida pela autarquia e pela AIRO.
O segundo lugar coube a Adriana Tavares, Alexandra Dias, Joana Marques e Telma Marques, do Colégio Rainha D. Leonor, mentoras da Jaat. Em terceiro lugar ficaram Bernardo Quaresma, Miritson Medina, Ricardo Filipe, Rodolfo Daniel e Ana Filipa, da Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, com a empresa Jovem Cominão.
A todos os finalistas desta edição da Academia de Empreendedores foram entregues vales de compra no comércio tradicional.
As escolas mais empenhadas nesta iniciativa também foram reconhecidas. A EBI de Santa Catarina foi considerada a Escola Mais Empreendedora e o Colégio Frei Cristóvão a Escola Mais Inovadora.

Joana Fialho

jfialho@gazetadascaldas.pt

Alunos da ETEO representaram Caldas da Rainha na Feira EMPRE

Bijuteria, quinquilharia e acessórios de moda eram as propostas dos alunos caldenses

Também no dia 12 de Maio, a Rua das Montras serviu de palco para que dezenas de alunos do 2º e do 3º ciclo do ensino básico da zona Centro dessem a conhecer o trabalho realizado durante este ano lectivo no âmbito do projecto EMPRE – Empresários na Escola, dinamizado pelas incubadoras da AIRO, OPEN e Tagusvalleu – Tecnopolo do Vale do Tejo. Entre as bancas que ocupavam parte da rua, uma delas era dinamizada por quatro alunos da Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO).
Porta-chaves, bolsas, cachecóis e outros acessórios de moda, todos feitos com artigos reutilizados, eram os artigos vendidos pelos alunos caldenses Adriana Bento, Flávia Castelhano, Henrique Silva e Paulo Fernandes, do 3º ano do Curso de Técnicos de Gestão. À Gazeta das Caldas os jovens explicaram que a participação no projecto EMPRE obrigou à concretização de uma empresa.
“Passámos por todas as fases de constituição de uma empresa. Para o capital social tivemos mesmo que investir dinheiro nosso”, garantiram.
Os participantes criaram a identidade corporativa do seu negócio, fizeram estudo de mercado, definiram as gamas dos produtos e geriram fornecedores e clientes. Depois, foi vender os artigos feitos, na escola e na rua, e através de encomendas. Contas feitas, “já recuperámos o dinheiro investido no capital social e ainda ganhámos algum”, afiançam os estudantes.
A apresentação no dia 12 foi uma das fases finais do projecto que este ano vai encerrar na Marinha Grande, numa sessão onde serão conhecidos os vencedores por entre os participantes das escolas do Médio Tejo, Marinha Grande e Caldas da Rainha.

J.F.

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