O terceiro setor da economia cresceu de forma significativa na última década e mostrou maior resiliência à crise pandémica
A Conta Satélite da Economia Social 2019/20, publicada pela CASES, demonstra que a Economia Social (ES) continuou a crescer, mesmo em tempos de crise.
Em 2019 e 2020, identificaram-se 73.574 e 73.851 organizações na ES em Portugal, um aumento de 2,3% em 2019 em comparação com 2016 e de 0,4% de 2019 para 2020. A ES continua em rota ascendente desde 2010, tendo registado um crescimento de 33% na última década, altura em que o número de entidades se cifrava em cerca de 55 mil.
Em 2020, mais de 40% das organizações da ES estavam envolvidas em atividades relacionadas à cultura, comunicação e recreio, seguindo-se as ligadas à religião (11,6%) e os serviços sociais (8,9%).
As entidades da ES têm um contributo significativo para o Valor Acrescentado Bruto – o valor que uma entidade adiciona à economia através da sua atividade -, ao significar 3,2% do VAB nacional, 5,0% das remunerações, 5,2% do emprego total e 5,9% do emprego remunerado. A média salarial nessas organizações correspondeu a 85,2% da média nacional no mesmo ano.
Entre 2019 e 2020, o número de organizações na ES, o VAB e o emprego remunerado aumentaram 0,4%, enquanto o emprego total cresceu 0,3%. Isso representou um desempenho mais positivo em comparação com a economia nacional, que perante os impactos da pandemia da covid-19, reduziu 5,8% no VAB, 1,4% no emprego remunerado e 2,2% no emprego total.
As áreas de saúde e serviços sociais foram as mais importantes em termos de VAB e emprego na ES. A saúde foi responsável por 25,5% do VAB e 33,2% do emprego remunerado, enquanto os serviços sociais geraram 24,9% do VAB e 29,9% do emprego remunerado em 2020.
No geral, a ES alcançou um VAB de 5,6 mil milhões de euros e 243.783 empregos remunerados. As Associações Com Fins Altruísticos (ACFA), juntamente com os Subsetores Comunitário e Autogestionário (SCA), representaram mais de 95% do total, contribuindo com 62,8% do VAB e 65,5% do emprego remunerado.
Em 2020, as organizações da Economia Social contribuíram com 5,0% do total de remunerações em Portugal, totalizando mais de 4,1 mil milhões de euros. As remunerações na Economia Social aumentaram 1,8% entre 2019 e 2020, superando o desempenho da economia nacional, que teve um aumento ligeiro de 0,03% no mesmo período.
A área de saúde representou 26,7% do total de remunerações na Economia Social, seguida de perto pelos serviços sociais (26,6%) e educação (15,1%). Essa distribuição diferiu da observada em 2019, quando os serviços sociais ocuparam o primeiro lugar, seguidos da saúde.
Quanto à maturidade, é de notar que mais de 70% das Misericórdias e mais de 80% das Associações Mutualistas são organizações maduras, com mais de 50 anos. Nos restantes grupos, predominam as entidades estabelecidas, com idades entre 10 e 49 anos, representando 65,1% das Cooperativas, 62,8% das Fundações, 55,4% das ACFA e 42% nos SCA. As ACFA têm a maior proporção de organizações novas, com 15,2% delas sendo criadas em menos de 5 anos. ■































