Na Semana dos Hortícolas do Oeste, que se realizou em Peniche, no dia 12 de Abril, a directora regional da Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Elizete Jardim, pediu desculpa aos agricultores pela demora na decisão das candidaturas. A gestão da água e um maior associativismo no sector são alguns dos desafios, mantendo a atenção sobre as pragas.
Elizete Jardim, directora regional da Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, admitiu na Semana dos Hortícolas do Oeste que “devemos um pedido de desculpa aos agricultores que têm projectos há dois anos sem decisão”. A dirigente esclareceu que a procura superou o orçamento, o que obrigou a uma hierarquização das 35 mil candidaturas. Foi “um processo moroso”, que foi ainda atrasado pela afectação de recursos para definir medidas depois dos incêndios e para combater a seca.
Além disso, tem havido dificuldade na capacidade de resposta, admitiu Elizete Jardim, explicando que “os recursos humanos são insuficientes, o serviço triplicou e o número de funcionários manteve-se”.
As candidaturas que fiquem abaixo dos 14,5 pontos ficam para novos avisos e “há grande probabilidade que venha a ocorrer uma discriminação positiva para quem já tem investimento feito”.
Em Abril ou Maio abrem candidaturas para projectos de agricultura e jovem agricultor.
Outra questão pertinente em termos de desafios à horticultura é a produção concentrada através das organizações de produtores.
Segundo a directora regional, estas organizações “são pequenas e não têm dimensão” porque contemplam apenas 20% dos produtores de frutas e legumes. “Não temos poucas organizações de produtos e o objectivo não é criar mais”, mas sim aumentar o seu número para valores próximos da média europeia.
Sérgio Ferreira, da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste, analisou o mercado nacional, em que os hortícolas representam entre 15 e 16% da produção agrícola portuguesa. “O volume de produção tem aumentado, mas a variação do preço e do valor baixou”, alertou. Em termos de exportações, Portugal tem conseguido aumentar o volume, sendo Espanha o grande consumidor, mas também o grande fornecedor.
A GESTÃO DA ÁGUA
“Cerca de 80% da água que usamos no Oeste é subterrânea com todos os problemas que isso traz”, fez notar Sérgio Ferreira.
José Pombo, da Divisão de Regadio da Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, notou que em Portugal se usa 9% da água do país, sendo três quartos dessa água (74%) utilizada na agricultura. O Oeste utiliza 1,4% do total consumido.
As obras no regadio da Cela iniciam-se na próxima semana, revelou José Pombo, salientando ainda a importância da aprovação da candidatura de 1,1 milhões de euros para resolver os problemas da barragem de Alvorninha, que foi inaugurada em 2005 e continua limitada a 5% da sua capacidade por erros de construção.
A última apresentação foi de Jorge Froes, que deu a conhecer a solução do Projecto Tejo, que pretende criar 300 mil hectares de regadio no Ribatejo e Oeste. “Já fomos recebidos pelos administradores da EDP que ficaram de estudar o assunto”, revelou Jorge Froes.
A Semana Hortícola do Oeste é uma organização da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste, que foi fundada em 2000 e que tem especial incidência na zona de Torres Vedras, mas também Lourinhã e Peniche. Tem sócios da Cela a Mafra e organiza este evento há vários anos, geralmente em Torres Vedras.
Na sessão de abertura, que decorreu na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, Henrique Bertino, presidente da Câmara de Peniche, revelou que está a ser constituída uma nova associação comercial em Peniche (que não tinha nenhuma) e que a autarquia está a estudar uma forma de valorizar o Cabo Carvoeiro enquanto ponto turístico.































