As adegas cooperativas da Vermelha e do Cadaval (as duas únicas daquele concelho) produziram em 2016 mais de 12 milhões de litros de vinho e são importantes agentes na economia local. Este município é conhecido por ser o campeão dos vinhos leves, mas a oferta tem vindo a ser aumentada e hoje há agradáveis surpresas com os tintos, rosés e frisados, espumantes, aguardentes e até sangria em garrafa.

Gazeta das Caldas
Rui Soares está optimista quanto ao futuro porque nota que os jovens voltaram a interessar-se pela vitivinicultura

A Adega Cooperativa da Vermelha foi criada em 1963. A sua criação prendeu-se com a necessidade que os produtores sentiam de escoar o seu vinho que à data era maioritariamente feito nas suas próprias adegas. Alguns vendiam também uvas para as adegas das quintas da região.
A cooperativa começou por fazer um milhão de litros de vinho logo no primeiro ano e nos tempos áureos – entre as décadas de 70 e 90 do século passado – chegaram a produzir perto dos 30 milhões.
Hoje em dia naquela adega produzem-se cerca de 7,5 milhões de litros por campanha. Muitas terras foram reconvertidas em pomares e agora a cooperativa – tal como a maioria das suas congéneres – tem as suas instalações sobredimensionadas pois poderia com facilidade aceitar uvas para 30 milhões de litros de vinho.
Há cerca de dez anos a Adega da Vermelha vendia praticamente todo o vinho a granel (cerca de 90%), mas ao longo do tempo foi apostando nos engarrafados.
Isso ditou uma melhoria da parte produtiva. Instalaram-se depósitos de inox e linhas de engarrafamento mais modernas, as vinhas passaram a ter novas castas e o acompanhamento técnico aos produtores. Os enólogos entraram em cena.

As exportações, que rondavam os 2%, começaram a subir e actualmente cifram-se nos 45%. As presenças em feiras e visitas a diferentes países ajudaram nesse acréscimo. Simultaneamente a adega procurou ir de encontro às necessidades da grande distribuição, estando em todas grandes superfícies nacionais.
Hoje a percentagem de vinho engarrafado, engarrafonado e em bag-in-box ronda os 97%, sendo residual a parte que é vendida para destilar. O objectivo não passa por crescer em quantidade, mas sim por melhorar a qualidade.
E se o concelho do Cadaval é conhecido pelos seus vinhos leves, com a reconversão das vinhas foi introduzido um leque vasto de castas que permitiu à adega da Vermelha apostar também nos tintos. Hoje as uvas são 55% tintas e 45% brancas.
Em 2016 o volume de negócio da Adega da Vermelha rondou os 8,5 milhões de euros e cerca de 45% desse valor provém do mercado externo. A adega, que tem mais de mil sócios (dos quais só 800 entregam uvas), já conquistou este ano 39 medalhas nacionais e internacionais.
O valor pago pelas uvas ao agricultor é variável e tem em conta tanto os resultados da cooperativa como a qualidade, características e graduação das uvas. No último ano esse valor oscilou entre os 23 e os 27 cêntimos por quilo.
Esta é uma cooperativa que emprega 35 funcionários, sendo que nas vindimas este número aumenta para os 60.
Há cerca de dois anos foi feita uma aposta na imagem dos vinhos. Os rótulos acompanham as características do néctar, mais jovens ou mais maduros. Outra novidade foi o lançamento das garrafas de vinho com abertura de rosca para o Verão.
Entretanto foi também lançada a sangria Mundus e na Festa das Adiafas deste ano foi apresentado o vinho Evolução, que, segundo Victor Rivas, designer da adega, “pretende ser isso mesmo, uma evolução nos vinhos leves”. Isto porque 20% do lote estagiou em barricas de madeira.
Além disto, desta casa sai ainda espumante bruto e meio seco e no próximo ano será lançada a nova loja da adega, com produtos regionais. Também em 2018 será revelada a nova linha gráfica da Mundus. A direcção pretende também desenvolver eventos na adega e manter as visitas de crianças e seniores que queiram conhecer o processo de fazer o vinho.
“Sente-se a renovação na Adega Cooperativa da Vermelha, com muitos jovens a aparecer na actividade e isso é muito importante para unir a experiência com a criatividade”, disse Rui Soares à Gazeta das Caldas.

- publicidade -

Adega do Cadaval tem crescido 10% ao ano

[caption id="attachment_103418" align="alignnone" width="850"]Gazeta das Caldas Na sede do concelho produzem-se os vinhos Confraria, Belacepa e Finacepa[/caption]

A Adega Cooperativa do Cadaval foi criada no mesmo ano, em 1963, mas começou a funcionar em 1969. Conheceu os seus tempos áureos na década de 80 em que vinificou mais 20 milhões de litros de vinho, mas também aqui a reconversão dos terrenos para Pêra Rocha ditou uma diminuição da produção, que agora se parece inverter.
Nos últimos anos a adega tem vindo a modernizar-se, com investimentos principalmente em material em inox. Foram compradas novas cubas e prensas e foi modernizado o processo de engarrafamento.
Actualmente a adega produz mais de 5 milhões de litros de vinho. Tem a marca Confraria, mas também tem marcas para as grandes superfícies: a Belacepa é produzida para o Jumbo e a Finacepa para os supermercados Dia. Além disso é desta adega que sai o primeiro espumante DOC Óbidos (lançado em 2008) e a já conhecida aguardente velha Confraria.
“Todos os anos a produção e o volume de vendas têm crescido em média 10%”, contou Leopoldo Neves, que não quis revelar nem o volume de vendas nem o valor pago pelas uvas aos associados.
A adega do Cadaval tem 3000 sócios, mas só 400 (que representam 800 hectares de vinhas) entregam uvas regularmente.
Esta casa exporta 15% da sua produção, sobretudo para o Canadá, China, Moçambique, Estados Unidos e Brasil, sendo estes últimos dois os principais compradores.
O grande desafio para o futuro é como ultrapassar a actual política de preços baixos que impedem o lucro, mas o objectivo é “vender cada vez mais”.

- publicidade -