Cebolas das Caldas voltam a ser rainhas na Feira de Rio Maior

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cebolaHá mais de 60 anos que Ramiro Marques vai à Feira Nacional da Cebola (Frimor), em Rio Maior, vender o fruto do seu trabalho no campo. E raros são os anos em que volta a casa, em São Clemente, com cebolas por vender.
Mas este ano, as expectativas do ceboleiro não eram muito boas. “Isto está a correr assim-assim, anda na forma do costume. Trouxe à volta de dois mil quilos, mas não sei se as conseguirei vender todas”, disse à Gazeta das Caldas.
Com 79 anos e uma vida inteira passada no campo, Ramiro Marques há muito deixou de esperar que a presença na Feira de Rio Maior fosse um grande negócio. “Isto é mais pela tradição, se não viesse aqui nem as plantava”, afiança.

“É mais pela tradição do que por compensar.”

O mesmo diz Maria Odete Vicente, dos Lobeiros. “É mais pela tradição do que por compensar. A verdade é essa, mas ao menos a gente distrai-se”. Com 67 anos, a ceboleira lembra-se de ir para a Feira de Rio Maior “ainda garota”, a acompanhar o pai que já ali vendia cebolas, e é de sorriso na cara que diz ter muitas memórias dos tempos de antigamente.
Maria Odete não sabe precisar a cebola que, com o marido, produziu para vender em Rio Maior. “Foram algumas oito carradas de cinquenta e tal caixas”, diz, acrescentando logo de seguida que “se não fosse esta feira não plantava tanta”. Vendida a 0,50 cêntimos o quilo e as pessoas, que reconhecem quando o produto é bom, “nem regateiam muito”.
A cebola produzida nos campos da freguesia caldense de Alvorninha foi mais uma vez rainha da Frimor, que este ano decorreu entre os dias 29 de Agosto e 2 de Setembro. Dos 32 ceboleiros presentes no certame, 30 eram do concelho das Caldas da Rainha, dando continuidade a uma tradição com mais de um quarto de século.

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Feira Franca em 1770

Em 1770 aquela que é a mais antiga feira riomaiorense foi instituída como Feira Franca pelo rei D. José I e chegou a atrair gente de todo o país. Agora, 253 anos depois da sua fundação, o certame é habitualmente visitado por cerca de cem mil pessoas que vão sobretudo à procura da música popular, dos petiscos, da venda ambulante, da animação equestre e dos divertimentos como carrosséis e carrinhos de choque. Afinal, na vida moderna, foi-se perdendo o hábito de comprar cebola para todo o ano.
A autarquia de Rio Maior tem, por isso mesmo, tentado introduzir novidades a cada edição do certame. Este ano, a aposta foi no sector agro-alimentar, com grande destaque para os vinhos, o azeite, o sal, o mel e outros produtos agrícolas do concelho.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

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