
Dois meses depois da tomada de posse, os novos órgãos sociais da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche apresentam as prioridades para o mandato de três anos que enfrentam no auge da crise pandémica.
A instituição bancária, que continua a ser liderada por Luís Manuel Soares, tenta adaptar-se às circunstâncias causadas pela covid-19, garantindo que pretende “reforçar o papel na sociedade enquanto motor do crescimento económico e de emprego e como fonte de tecnologia e inovação.”
Entidade detém uma quota de mercado nos depósitos de 24,6% na região
“Queremos ser reconhecidos como o melhor banco dos três concelhos onde estamos inseridos”, frisa à Gazeta o presidente do Conselho de Administração. Para o dirigente, a Caixa Agrícola quer “estar próximo” e orientada “em função do cliente”, por forma a “contribuir para o progresso das comunidades locais”.
Nessa medida, a entidade considera fundamental “assegurar a acessibilidades de serviços bancários” à rede de 13 agências nos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche, reforçando “a solidez e a confiança da marca”, contando para o efeito com uma equipa de colaboradores “que tem revelado uma enorme resiliência”.
João Miguel Correia da Silva é a novidade no conselho de administração
“A nossa missão é continuarmos a contribuir para o desenvolvimento da nossa região e procurar aumentar a quota de mercado, melhorando a rentabilidade e a eficiência, servindo e defendendo sempre os interesses do Grupo Crédito Agrícola (CA), num quadro de regulação e supervisão cada vez mais exigentes, sem esquecer o papel muito importante que temos ao nível da responsabilidade social através do apoio dado a iniciativas de carácter social, cultural, educativo e solidário”, sustenta Luís Manuel Soares.
Liderança na região
A Caixa de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche detém uma quota de mercado nos depósitos de 24,6% e 14,5% no crédito a clientes na região. Porém, estes números obrigam a entidade a procurar melhorar “continuamente o serviço” que presta aos clientes.
“Temos de agradecer aos clientes a preferência, esperando que os mesmos continuem a demonstrar-nos a sua confiança, desafiar-nos e a fazer-nos crescer”, frisa Luís Manuel Soares, que se faz acompanhar na administração por Cristiana Lage e João Miguel Correia da Silva, este último a única “cara nova” do executivo.
E se a crise económica provocada pela pandemia “não alterou a natureza dos desafios que a banca e o Grupo CA enfrentarão em 2021”, veio modificar o “grau de urgência” de outros desafios, nomeadamente no que respeita à capacidade de “garantir relevância e diferenciação”, “proteger a rentabilidade, melhorar a eficiência, atrair, reter e potenciar o talento, assim como a mitigar novos e velhos riscos”.
“É cada vez mais evidente que é também responsabilidade do setor financeiro promover um desenvolvimento que consiga criar emprego e aumentar o bem-estar das populações, mas que respeite, em simultâneo, os limites do planeta”, nota Luís Manuel Soares, revelando que, nesse sentido, o grupo implementou um plano de sustentabilidade e procura estar atento à realidade vivida pelas empresas.
A região “diferencia-se pela diversidade do tecido empresarial”, observando-se que vários setores atuam de forma profissional e agressiva no mercado “graças à capacidade, empreendedorismo e inovação dos empresários”. E há sinais positivos a reter, mesmo nesta fase de pandemia, em que a incerteza é um aspeto reinante em qualquer ramo de atividade.
“No Oeste, é possível observar um aumento gradual da confiança por parte dos empresários na capacidade de resposta do tecido empresarial à crise, estando grande parte das empresas a desenvolver a sua atividade de forma regular, com a aplicação de planos de contingência”, garante o responsável, explicando que, segundo dados recolhidos pela entidade bancária, cerca de 80% das empresas manteve o número de colaboradores constante durante a crise, apesar de cerca de 65% “ter reduzido o volume de vendas”, tendo sido possível em 35% dos casos “manter ou aumentar este indicador, sendo expectável que a grande maioria consiga manter as suas atividades em funcionamento no futuro”.
Sem surpresa, o turismo é um dos setores mais afetados pela crise pandémica. “É o setor menos otimista e o que revela ter sido o mais afetado com várias empresas a registar índices mais elevados de risco de encerramento de atividade. Outro setor menos optimista é o dos serviços, em contrapartida com o comércio e o setor primário, cuja produção e venda se tem conseguido intensificar neste cenário tão adverso”, vinca Luís Manuel Soares.
Novos órgãos sociais
- Os novos órgãos sociais e estatutários da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche foram eleitos em assembleia geral no dia 29 de junho, para o triénio 2020-2022 e tomaram posse em 4 de setembro
- Luís Manuel Soares é o presidente executivo, secundado por Cristiana Lage e João Miguel Correia da Silva, ambos vogais executivos. O trio compõe o Conselho de Administração
- José Fernando Pereira é o presidente da Assembleia Geral, órgão completo pelo vice-presidente Álvaro Afonso Oliveira e pela secretária Cecília Costa Lourenço
- Já o Conselho Fiscal tem como presidente José Domingos Ângelo, que se faz acompanhar dos vogais Amélia Jacob, Telmo Sousa Félix e pelo suplente Fernando Correia Amaro
- Da lista eleita foram reconduzidos todos os elementos, com exceção de João Miguel Correia da Silva e do suplente do Conselho Fiscal Fernando José Amaro
Volume de negócios no terceiro trimestre subiu em relação a 2019
No terceiro trimestre deste ano, a Caixa de Crédito Agrícola de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche apresentou um resultado líquido de 562 mil euros e um ativo líquido de 395 milhões de euros.
Segundo informação prestada pela entidade, no período homólogo de 2019, o banco tinha registado 2,9 milhões de euros de resultados líquidos, uma variação negativa que se explica com os impactos da pandemia.
Empresa concedeu apoio superior a 2 milhões de euros, ao abrigo das linhas de crédito com garantias do Estado
Porém, o total de ativo da empresa subiu de 363 milhões para 395 milhões de euros e também o volume de negócios teve uma trajetória de subida: no ano passado, cifrou-se em 488 milhões de euros, enquanto este ano atingiu os 520 milhões de euros, ou seja, uma variação positiva de 6,4%, mesmo tendo em conta o contexto pandémico.
No que diz respeito ao crédito a clientes, a Caixa Agrícola de Caldas, Óbidos e Peniche subiu de 155 para 157 milhões de euros no terceiro trimestre do ano, enquanto os recursos de clientes passaram de 304 para 337 milhões de euros, numa variação positiva de 11%.
Por outro lado, o rácio bruto de crédito vencido passou de 3,24% em 2019 para 2,22% no mesmo trimestre deste ano.
Moratórias de 37 milhões
Durante a pandemia, a Caixa de Crédito Agrícola de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche aprovou moratórias num total de cerca de 320 contratos de crédito, no valor de 37 milhões de euros, revelou a empresa à Gazeta. Deste valor, 64% do montante corresponde a crédito a empresas, 16% corresponde a crédito habitação e 20% a outros créditos.
Além disso, a entidade concedeu ao abrigo das linhas de crédito protocoladas covid-19, com a garantia do Estado, um apoio superior a 2 milhões de euros.
Nesta fase, o grupo Crédito Agrícola isentou a cobrança de comissões de transferências bancárias realizadas nos canais CA Online e CA Mobile de particulares bem como de transações efectuadas via MB Way. Paralelamente a Caixa de Caldas, Óbidos e Peniche isentou temporariamente as comissões com Terminais de Pagamento Automático aos comerciantes que reduziram a sua atividade comercial.
Entidade manteve as 13 agências bancárias em funcionamento
Apesar da pandemia, a Caixa Agrícola de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche manteve as 13 agências abertas aos clientes desde o início da pandemia.
A empresa esclarece que aquela medida teve o “intuito de continuar a dar o apoio” aos clientes “num ano que se veio a revelar particularmente difícil”, cumprindo as orientações recomendadas pela Direção-Geral de Saúde.
Com mais de 6 mil associados e mais de 35 mil clientes, a Caixa Agrícola de Caldas, Óbidos e Peniche é uma referência no setor bancário naqueles três concelhos, integrando um grupo que se destacou no ranking das instituições menos reclamadas, realizado pelo Banco de Portugal, no primeiro semestre do ano, sendo um dos bancos nacionais que apresenta menos reclamações de clientes, segundo o Relatório de Regulação e Supervisão da Conduta de Mercado, elaborado pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
O Crédito Agrícola é uma instituição financeira de capitais exclusivamente nacionais, do qual fazem parte um conjunto de empresas financeiras, entre as quais as seguradoras CA Vida e CA Seguros, e que apresenta uma oferta universal de produtos e serviços financeiros e de protecção.
Aquela entidade está presente em todo o território nacional e com a maior rede de agências no país, conta com mais de 400 mil associados, mais de 1,5 milhões de clientes e mais de 600 agências. Foi fundado em 1911, tendo como foco inicial o apoio ao financiamento de agricultores em Portugal tendo, ao longo dos anos, expandido o âmbito da atividade para outros setores e alargado a área de atuação.






























