
Um empresário angolano, António Evaristo, comprou a empresa caldense Vinhos Benigno por um milhão de euros e está a investir na sua reformulação, de modo a aumentar a sua capacidade de engarrafamento para poder exportar para Angola e vender mais em Portugal.
Localizada no Campo, a empresa passou a ter a designação social de Novos Vinhos da Rainha, Lda, e tem como principal actividade a distribuição de vinho corrente engarrafado (que é comprado a grosso), através de marcas como Talefe, Penedo da Rainha, Mestre Bordalo ou Penedo Real.
São vinhos vendidos para tascas, cafés e alguns restaurantes, com preços ao consumidor inferiores a 1,5 euros.
Para além das garrafas de 75cl, comercializam também as garrafas de um litro, os garrafões de cinco litros e as “bag-in-box” (caixas de cartão dos três aos 20 litros). Engarrafam também para os vinhos da casa de alguns restaurantes da região, com rótulos personalizados.
Apostam agora também na exportação para Angola, que é o principal mercado exportador de vinhos de Portugal, através de uma outra empresa criada para o efeito. A União Vinícola de Angola. Com a nova administração da empresa, pretendem também fazer uma aposta na comercialização de vinhos regionais.
Os funcionários foram também brindados com um aumento de 10% no seu ordenado, porque entendem ser importante valorizar os seus recursos humanos. O quadro de pessoal foi aumentado de 11 para 16 pessoas e no futuro haverá necessidade de contratar mais pessoas.
Investimento angolano nas Caldas
A Mussapa é uma empresa criada há seis anos, com sede em Setúbal, que durante algum tempo apenas servia como base de negócios para o empresário angolano António Evaristo, que tem como sócia a também angolana Maria Odete Americano. António Evaristo é proprietário em Angola da empresa de construção civil “AE”.
Em Janeiro de 2010, o português João Dias assumiu a direcção dos negócios do angolano em Portugal e decidiu dividir a Mussapa em várias áreas de negócio, entre elas a distribuição de vinho.
A Vinhos Benigno, que era uma empresa familiar há 28 anos, foi adquirida em Março por um milhão de euros. João Dias admite que o preço pago foi bastante acima do que seria de esperar, adiantando que não esteve envolvido nas negociações da compra. “Era uma empresa que estava em sérias dificuldades e só vim a descobrir isso mais tarde”, comentou.
Segundo João Dias, a empresa tinha uma dívida à Segurança Social superior a 150 mil euros, problemas na banca e os fornecedores já só aceitavam encomendas pagas no acto de entrega.
Foi também por isso que entenderam mudar a designação para Vinhos Benigno, acompanhada de uma mudança completa de imagem e de um aumento de capital para um milhão de euros. “Havia uma conotação negativa”, considera João Dias. No entanto, as sete marcas de vinhos existentes mantiveram-se as mesmas. O novo responsável pela empresa acha que devem aproveitar as mais-valias que esta tinha, como é o caso da implantação da marca e o facto de terem clientes há mais de 20 anos.
Desde que assumiu a direcção da empresa, João Dias tem alterado muitos dos procedimentos que eram habituais e conseguiu aumentar o ritmo de produção. “Com o mesmo equipamento e as mesmas pessoas conseguimos produzir o dobro”, disse.
Apesar do segmento para o qual o vinho se destina, pretendem aumentar a sua qualidade. Passaram a ter um enólogo residente, Ricardo Noronha, que estava na Adega Cooperativa do Cadaval.
“Procuramos os vinhos de acordo com o perfil de cada uma das nossas marcas e fazemos o seu tratamento para os engarrafar”, explicou João Dias.
Segundo o responsável a maioria do vinho que vendem é de origem espanhola. Apenas 40% da sua matéria-prima é adquirida em Portugal. “O mercado do chamado vinho corrente está limitado a determinados custos” e só conseguem preços concorrenciais em Espanha.
No entanto, como querem apostar nos vinhos regionais, a percentagem do produto nacional deverá aumentar. “Podemos comprar um lote de vinho no Douro e engarrafar como sendo de origem daquela região”, explicou.
Abrangência nacional e exportação para Angola
Em relação ao mercado para o género de vinhos que negoceiam, João Dias acredita que ainda têm um grande potencial de crescimento. Não só em Portugal, mas principalmente em Angola.
Actualmente vendem para uma região compreendida entre a Marinha Grande e Torres Vedras, mas também têm alguns distribuidores em Coimbra e Castelo Branco.
A meta em Portugal é ter uma abrangência nacional e para isso os accionistas continuam a investir na empresa.
A primeira fase de investimento, no valor de 300 mil euros, teve como objectivo proporcionar melhores condições de trabalho com a criação de novos gabinetes e no alargamento e remodelação do espaço coberto das instalações, entre outras obras.
Para 2011 está previsto um novo investimento, de 700 mil euros, o que permitirá aumentar a capacidade de engarrafamento e melhorar os próprios rótulos das garrafas.
Actualmente conseguem encher cerca de 800 garrafas por hora e com a nova linha de enchimento irão passar para as 2500 garrafas por hora.
Nos últimos quatro anos a empresa tinha uma média mensal de 40 mil litros de vinho engarrafado e com as alterações feitas já chegaram aos 90 mil litros. Até Maio de 2011 querem chegar aos 400 mil litros mensais, porque o mercado angolano tem capacidade para muito mais.
Segundo dados do ministério da Agricultura, Portugal exportou para Angola 50 milhões de litros de vinho, o que representa um valor de 53 milhões de euros.
Nos últimos meses a Novos Vinhos Rainha tem exportado uma média de 100 mil litros de vinho, que naquele país é vendido com marcas novas, como Vinhas do Tempo, mas também outras já vendidas em Portugal (Mestre Bordalo e Pelicano).
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt






























