Com sede na Silveira (Torres Vedras), a Alitec dedica-se a dar uso e valor a subprodutos das frutas e legumes que muitas vezes são deitados para o lixo ou dados ao gado. A empresa pega nesses desperdícios e fabrica e comercializa bolachas, farinhas, leveduras e adjuvantes.
Acompanhando as tendências do mercado, a Alitec quer criar uma unidade fabril em Alfeizerão que permita produzir e vender fruta da região desidratada, além dos produtos já referidos.
O primeiro plano foi fazê-lo na Quinta do Vale da Cela, um local perto dos acessos da A8 e no centro da produção frutícola do Oeste. O local está classificado como área de interesse económico na proposta de revisão do PDM de Alcobaça e como centro de logística no Plano Estratégico daquele concelho.
Esta unidade empregaria inicialmente 15 pessoas e teria uma capacidade para transformação de 1 milhão de quilos de fruta fresca por ano, produzindo cerca de 10 milhões de embalagens de produtos transformados.
Segundo os seus promotores, trata-se de um projecto sustentável e não poluente.
A Alitec pediu à Câmara de Alcobaça a cedência de uma área a rondar os 10 mil metros quadrados para ali construírem um edifício de 2000 metros quadrados. Outra alternativa para a empresa é um terreno de 5000 metros quadrados, mas num terreno classificado como urbano.
A empresa realça na sua apresentação à Junta, a que a Gazeta teve acesso, que este é um negócio que deverá crescer, pelo que o terreno a ser cedido deve ter em conta uma possível área de implantação a rondar os 5000 metros quadrados.
Além disso, os promotores propõem instalar um espaço de incubação de ideias, desenvolvimento de produtos, estudo e investigação aberto a jovens.
No entanto, o executivo da Junta chumbou a localização numa assembleia extraordinária realizada a 19 de Novembro que reuniu cerca de 60 pessoas na assistência – o que demonstra o interesse da população no assunto.
No PSD um dos elementos não votou (por conflito de interesses), três abstiveram-se (alegando a excessiva passagem de camiões perto de uma zona residencial) e dois votaram a favor. Mas o PS votou contra e conseguiu a maioria (com três votos). Os socialistas dizem que a unidade é bem-vinda a Alfeizerão, mas não naquele local.
Acontece que esta votação pode até nem pôr em causa o projecto, uma vez que o parecer da Junta é meramente informativo. Este é um assunto municipal. Foi o zelo do empresário, Jorge Soares, que quis primeiro ouvir a população, que o levou a apresentar o projecto à Junta.
Ainda assim, Jorge Soares ficou de estudar novos locais que possam servir as necessidades deste negócio. Na apresentação que o empresário enviou à Junta, lê-se que este é um “projecto que tem timing apertado” e que deverá “ser construído no primeiro trimestre de 2018” e começar a funcionar no trimestre seguinte.
Gazeta das Caldas contactou Jorge Soares, mas este não quis prestar declarações.
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Um consórcio de peso
Fundada em Abril deste ano com um capital social de 50 mil euros, a empresa quer crescer e para isso convidou outras entidades para serem accionistas. Esta mudança irá traduzir-se num aumento do capital social da empresa até ao meio milhão de euros.
O consórcio inclui a Campotec Organização de Produtores SA, a Campotec IN – Inovação e Indústria SA, o empresário Tiago Costa Almeida e duas organizações de produtores de fruta da região: a Frutalvor CRL (sedeada nas Caldas) e a NarcFrutas CFHR (com sede em Alcobaça).
A ideia é trabalhar em rede e aproveitar o melhor de cada parceiro. As três organizações de produtores representam cerca de uma centena de empresas agrícolas. Além de matéria-prima, há conhecimentos e contactos em Portugal e no estrangeiro que podem ser partilhados.