A Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) está empenhada na conclusão do projecto hidroagrícola das baixas de Óbidos. A garantia foi dada pelo secretário geral Confederação de Agricultores, Luís Mira, no final da visita que fez à barragem e pomares da região, no passado dia 26 de Julho, respondendo ao convite do Centro de Gestão da Empresa Agrícola de Óbidos, Associação de Beneficiários do Plano de Rega das Baixas de Óbidos e da autarquia.
De acordo com Luís Mira, estas várias entidades irão agora junto do Ministério da Agricultura tentar resolver o bloqueio que se tem verificado neste processo. “O governo não pode fazer um discurso de que é preciso apoiar a agricultura e depois termos uma barragem com quase 10 anos e que nunca encheu à sua cota máxima porque as instituições do Estado – a que gere a água e a que gere a agricultura – nunca se entenderam sobre a licença de utilização da barragem”, denunciou.
Luís Mira considera que esta é uma situação “inaceitável”, até porque parte da solução, como é o caso do fecho da barragem para um maior aproveitamento da água, não tem quaisquer custos, tratando-se apenas de uma questão burocrática.
No que respeita ao projecto da rede de rega – com um custo inicial previsto na ordem dos 18 milhões de euros -, as entidades locais acreditam que é possível fazer alterações, reduzindo este investimento, bem como, posteriormente, o custo de utilização por parte dos agricultores.
O vereador obidense Humberto Marques diz que já contactou a Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural e acredita que ainda têm tempo para as alterações necessárias de modo a ter um perímetro de rega a funcionar dentro do próximo quadro comunitário de apoio, já a partir de 2014.
O presidente do Centro da Empresa Agrícola de Óbidos, Sabino Félix, lembra que há vários anos que as entidades locais lutam pela conclusão do projecto hidroagrícola, mas que têm estado a “trabalhar sozinhos”. Querem agora sensibilizar outras entidades e personalidades, que possam fazer alguma pressão junto do governo.
GRUPO DE PRESSÃO PODE AJUDAR
“Esta visita insere-se numa lógica de união de uma série de personalidades com alguma influência na esfera governamental para que possamos finalizar esta obra, que já está aqui quase há 10 anos e que não cumpre a sua finalidade”, disse.
De acordo com Sabino Félix, os produtores com terrenos junto ao rio aproveitam alguma água, mas os que estão a uma distância maior têm mais dificuldade em regar e rentabilizar as suas produções. “A área abrangida pelo projecto são 1400 hectares e agora talvez tenhamos uns 300 hectares a aproveitar a água da barragem”, disse.
Este agricultor destaca que a instalação da rede de rega fará rentabilizar a produção pois há culturas que poderão produzir até três vezes mais, ao mesmo tempo que se reduzem os custos da água. A conclusão do projecto permitirá também diminuir o assoreamento da lagoa de Óbidos, uma vez que vai regularizar os rios. Por outro lado, os agricultores deixarão de recorrer à tomada de água dos lençóis freáticos, evitando-se que a água salgada entre pelos campos agrícolas, como agora acontece.
A barragem de Óbidos, orçada em sete milhões de euros, foi inaugurada em 2005, mas sem a rede de rega, que oito anos continua por construir.
Fátima Ferreira
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