O Sana Silver Coast fez três anos no passado dia 2 de Junho e os seus responsáveis dizem que foi uma surpresa a adesão do público aquele que é o hotel mais pequeno do grupo hoteleiro. Em 2014 a taxa média de ocupação já vai nos 52%, mas Carlos Neves, administrador do grupo Sana, diz que é decisivo que as Caldas da Rainha reabra as termas e volte a ser uma cidade termal a sério para que o hotel tenha mais procura. No horizonte está um investimento num spa, mas que só ocorrerá “quando o problema das águas termais estiver resolvido”.
Carlos Neves, administrador do grupo Sana diz que o Silver Coast é o mais pequeno dos 15 hotéis da rede, mas que tem características únicas o tornam distinto das restantes unidades. “É quase um hotel de charme, um hotel boutique, é uma jóia dentro do universo dos diamantes”, diz, sublinhando que os restantes hotéis do grupo são de um segmento mais urbano e vocacionado para homens de negócios, enquanto que o hotel caldense constitui-se, ele próprio, como um destino turístico.
O administrador diz que muitas pessoas vão passar o fim-de-semana às Caldas mais pelo hotel do que pela cidade, apesar de reconhecer que o Parque D. Carlos I, o Museu Malhoa e a proximidade de Óbidos e da Foz do Arelho possam influenciar essa escolha. Mas não tem dúvidas que o hotel só por si tem uma elevada capacidade de atracção.
“Foi ao nosso grupo que a empresa [FDO] abordou para ver se queríamos ficar com o hotel. Ao princípio tive dúvidas porque não era um activo estratégico para nós, que temos um core mais vocacionado para hotéis de cidade e corporate. Mas depois constatámos que havia uma história em volta do antigo Hotel Lisbonense, alusiva aos tempos da monarquia, ao Parque, ao Malhoa, e na deslocação que fizemos achamos interessante a fisionomia do edifício. De tal forma que, não obstante não estar enquadrado no nosso produto tipo, acabamos por decidir investir nele e dar-lhe um prisma à parte histórica com um toque de modernismo”.
Foi assim que Carlos Neves contou a história do Hotel Lisbonense que o grupo Sana viria a comprar à FDO (proprietária do centro comercial Vivaci) mudando-lhe o nome para Silver Coast. Este responsável diz que “nos primeiros tempos tivemos alguma dificuldade em crescer, não pelo produto em si – que foi reconhecido como excelente – mas pelo facto das Caldas da Rainha não ter ainda uma massa crítica do ponto de vista turístico”.
As termas fechadas não ajudaram. O administrador conta que no primeiro ano de funcionamento do hotel, quando o Hospital Termal ainda funcionava, alguns clientes demonstraram agrado pela experiência das termas.
“A questão termal inquinou a possibilidade de podermos explorar e tirar vantagens do glamour associado ao termalismo, pelo qual as Caldas da Rainha era conhecida”, queixa-se Carlos Neves, justificando por que razão o grupo não investiu ainda no spa que estava previsto desde o início do projecto.
“É um investimento entre 300 a 350 mil euros. Queremos criar um spa em que a parte termal seja uma componente muito forte e esperemos que os problemas relacionados com as águas termais se resolvam. Quando isso acontecer e as termas voltarem a funcionar, isso vai ser uma grande mais valia para o hotel e também para as Caldas da Rainha”, disse.
Em 2011, seis meses depois da inauguração, o Sana Silver Coast registou uma taxa de ocupação média de 25%. Em 2013 esse valor foi de 24%. Em 2013 subiu para 34% e este ano já vai em 52%.
GASTRONOMIA DE EXCELÊNCIA
Carlos Neves diz que os seus clientes nas Caldas se dividem em dois grandes grupos: corporate, graças aos eventos empresariais, que trazem dezenas de pessoas de uma só vez ao hotel, e o lazer, que é o segmento que mais tem crescido porque as pessoas gostam realmente do hotel, querem experimentá-lo e repetem. Um factor importante é a gastronomia pois a cozinha do antigo Lisbonense tem sido elogiada, até por críticos da especialidade. À sua frente está um caldense – o chef Vasco Sampaio.
A proximidade de Óbidos é uma das vantagens destacada por Carlos Neves. Durante os eventos naquela vila (Vila Natal, Festival de Chocolate e Mercado Medieval) as taxas de ocupação sobem sempre. De resto, o Sana até tem tido pacotes especiais para esses eventos.
As parecerias com entidades locais é uma das preocupações do grupo Sana que pretende que os seus hotéis se insiram no tecido sócio-económico dos locais onde estão implantados.
O grupo tem 13 hotéis em Portugal (Lisboa, Estoril, Sesimbra, Albufeira e Caldas da Rainha), um em Angola e outro na Alemanha. Este ano inaugurará outro em Lisboa e dentro de dois anos espera abrir duas unidades em Marrocos.
Com formação em Direito, mas há 12 anos a trabalhar neste sector, Carlos Neves diz que os hotéis do futuro serão menos baseados no conceito de “boa cama e bom pequeno-almoço” e mais na informalidade, na possibilidade de se viver experiências, locais onde se cultivem o bom gosto, a boa música e onde o lay out, a decoração e o ambiente são variáveis decisivas.
Carlos Cipriano
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