“A Quinta do Gradil é a jóia da coroa do grupo Parras”

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Notícias das Caldas
Luís Vieira é o proprietário do grupo Parras. Na Quinta do Gradil está a promover parcerias com actividades locais, como é o caso do Moinho de Aviz, na Serra do Montejunto D.R.
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Está prevista a recuperação do palácio pombalino e a construção de zonas de apoio e caves com barricas. O investimento monta a 1,5 milhões de euros. | D.R.

Numa festa que celebrou os 16 anos da Quinta do Gradil no seio do Grupo Parras Wines? , o seu proprietário, Luís Vieira, anunciou investimentos de 1,5 milhões de euros naquela propriedade do Vilar (Cadaval) que considera ser a “marca chapéu” do grupo. A Quinta factura 4 milhões de euros por ano, que representa menos de 10% da facturação do grupo, mas o empresário diz que é ali que se sente em casa e onde faz as maiores apostas. A recuperação de parte do palácio que já pertenceu ao Marquês de Pombal é uma das próximas obras.

Quarta-feira, 17 de Maio. Duas dezenas de convidados sentam-se à mesa do restaurante da Quinta do Gradil após uma sessão de provas de vinhos que acompanhou os aperitivos. As provas irão continuar durante o jantar com a enóloga Vera Moreira, a apresentar cada uma das garrafas que acompanham os pratos: um Chardonnay 2016, um Reserva Branco 2015, um Syrah 2015, todos Quinta do Gradil, que culmina à sobremesa com um Colheita Tardia 2015 e uma aguardente vínica XO.
O ambiente tem tanto de festivo como de profissional. Há jornalistas da especialidade, enólogos, empresários, autarcas. Os 16 anos da Quinta do Gradil servem de pretexto para uma poderosa e bem conseguida acção de marketing que pretende promover não só os vinhos ali produzidos como os negócios em torno daquele espaço. A quinta tem um restaurante que está aberto diariamente, comercializa artigos regionais oriundos de produtores com quem tem parcerias), tem uma loja de vinhos e vai lançar-se em breve numa actividade que Luís Vieira classifica de eco-eno-turismo: um alojamento local no meio das vinhas, que privilegia o contacto com a natureza e tira partido da quinta, da Serra do Montejunto e da ruralidade da região.
Não é por acaso que o slogan da Quinta do Gradil, apresentado num filme promocional é “Muito mais do que vinhos. Uma experiência.” O empresário diz que vai investir 1,5 milhões de euros para recuperar parte do palácio, incluindo a sua capela, e construir zonas de apoio e umas caves de barricas.
Este investimento, realizado com capitais próprios, pode parecer excessivo para os 4 milhões de euros de facturação da quinta, mas está em linha com os 50 milhões de volume de negócios do Grupo Parras Wines? . Luís Vieira diz que “é onde mais investimos e onde menos vendemos, mas a Quinta do Gradil é a jóia da coroa do Grupo Parras Wines”. Por isso, grande parte do investimento e do esforço na promoção é feito nesta marca chapéu, da qual se destaca o vinho mais conhecido Mula Velha.
O grupo detém a Quinta do Gradil no Vilar (120 hectares), a Herdade da Candeeira no Redondo (90 hectares) e uma unidade de engarrafamento de bebidas em Alcobaça. Explora ainda 20 hectares de vinhas na Casa das Gaeiras em regime de arrendamento.
Entre o Vilar e as Gaeiras a Parras Wine emprega 30 pessoas, mas no total do grupo o número de trabalhadores ascende à centena. Luís Vieira diz que os vinhos da Casa das Gaeiras representam um volume de negócios de 170 mil euros, mas que é um nicho interessante devido à aposta na casta Vital. Em todo o caso, diz, o objectivo é crescer na produção gaeirense.

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Luís Vieira é natural de Fátima, mas a sede do grupo (de que é o único proprietário) fica em Alcobaça e a “jóia da coroa” no Vilar, no Cadaval, muito perto já do concelho do Bombarral. A quinta fica no sopé da Serra do Montejunto e entre as “experiências” que oferece aos clientes que a visitam encontram-se, além das óbvias provas de vinho, a subida até ao moinho de Aviz, recuperado por Miguel Nobre que se reconverteu de carpinteiro em moleiro.
“O moinho era do meu avô”, conta, no alto da serra, numa tarde em que o vento não deu tréguas. A soprar desta maneira, o moinho teria capacidade para transformar 2000 quilos de trigo em farinha, assegura.
Desde que se apaixonou pela molinologia, o antigo carpinteiro já recuperou 40 moinhos pelo país fora e recebeu agora um convite para fazer o mesmo no Brasil.
Os visitantes são recebidos com pão fabricado com a farinha do moinho de Avis e umas pataniscas com segredo: “quase não têm bacalhau”, desvenda Miguel Nobre, lembrando que “noutros tempos” era a farinha o que mais abundava.
Adolfo Henriques é outro dos parceiros locais da Quinta do Gradil. O agricultor, que começou recentemente a dedicar-se ao cultivo do trigo barbela, elogiou as características desta variedade antiga – “do tempo dos romanos” – face às geneticamente modificadas que, entretanto, se vulgarizaram e salienta que têm um baixo teor de glúten.
O futuro parece estar agora a cruzar-se com os caminhos do passado e os alimentos a regressar às origens. C.C.

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