Uma noite de sorrisos e emoção com Ruy de Carvalho e família

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IMG_1539 copyA família de Ruy de Carvalho trouxe uma homenagem aos poetas, actores e cantores portugueses ao palco do CCC, na noite do passado sábado. Os 200 espectadores desfrutaram de momentos de poesia declamada, de fados, de comédia e de emoção, num ambiente intimista. O público cantou pouco com os artistas, mas presenteou-os com sonoras salvas palmas.

“Onde moras, onde moras?” perguntou Ruy de Carvalho, respondendo: “Diz-me pois onde moras, se porventura, não moras dentro do meu coração?” Foi com esta frase (do Poema Ideal, de António Feijó) dita a plenos pulmões e seguida de uma enorme salva de palmas, que terminou “Trovas e Canções: actores, poetas e cantor”, o espectáculo que a família do actor apresentou no CCC na noite do passado sábado.
Isto já depois de uma viagem pela poesia e pelo cancioneiro português, guiada pelo actor com o auxílio do filho (João), do neto (Henrique) e dos amigos (Ana Marta, Ricardo Gama e João Correia).
Desde a primeira peça do teatro português (o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro, de Gil Vicente), passando por Luís de Camões (“Amor é fogo que arde sem se ver”), pelo popular “Menina Estás à Janela”, pelos “Verdes Anos” de Carlos Paredes, ou pelo “Fado Falado” de Villaret, o espectáculo foi uma autêntica viagem a um conjunto de textos e notas musicais que são familiares à maioria dos portugueses.
Foi uma noite de emoções e os artistas chegaram mesmo a comover-se no palco – tanto Ruy de Carvalho como o filho não conseguiram conter, em certos instantes, a lágrima no canto do olho.
O espectáculo contou ainda com momentos de comédia protagonizados, principalmente, por João de Carvalho – como o foi a canção “Não Venhas Tarde”, interpretada, com muito humor, num duo com Ana Marta. De resto, a mestria e o domínio das guitarras de Ricardo Gama (guitarra portuguesa) e João Correia (guitarra clássica), combinados com a presença da voz da fadista foram também alvo de rasgados elogios do público.
O poema “Ser Poeta”, de Florbela Espanca, já depois de ser cantado, foi o escolhido para o encore do espectáculo (uma vez que a plateia havia cantado pouco com os artistas).
A fechar, a subida ao palco de Paula de Carvalho (filha de Ruy de Carvalho) e do marido, Paulo de Mira Coelho, respectivamente empresária e autor dos textos de ligação deste espectáculo.
Paulo de Mira Coelho era o radialista de serviço quando a primeira quadra da Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso gravada com a voz de Leite de Vasconcelos, saiu dos emissores da Rádio Renascença, dando o segundo sinal para o início da revolução.
O primeiro havia sido dado por João Paulo Diniz, radialista que lançou a primeira senha – E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho – no 25 de Abril,  que também esteve no CCC e também subiu ao palco.

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