A Foz do Arelho celebrou o centenário da freguesia com uma homenagem aos 19 presidentes de Junta que lideraram a freguesia em diferentes regimes políticos.
A cerimónia, emotiva para familiares dos autarcas, teve lugar a 5 de Julho e foi seguida da inauguração de uma escultura de Mário Lopes que foi colocada no lugar onde já esteve uma obra em calçada efectuada no âmbito de um projecto de Land Art. O presidente da Junta, Fernando Sousa, garantiu ao autor dessa obra, Viriato da Silveira, que esta será refeita num novo local.

“Não deve ter sido nada fácil há cem anos reivindicar junto do poder central a desagregação da Foz e a criação de uma nova freguesia”. Palavras do presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, que fez questão de recordar que a Foz possuía então alguns habitantes que tinham uma boa relação com o poder, tendo referido que existiam algumas famílias na região relacionadas com a criação da República. “Realizaram-se por aqui reuniões conspirativas a favor da abolição da Monarquia e implantação da República”, disse o edil caldense, referindo personalidades como Francisco Grandella que mandou construir a escola primária da Foz, tendo apostado assim no desenvolvimento educacional da população local.
Tinta Ferreira também referiu que, em consequência da intervenção da Troika, foi necessário agregar freguesias tendo-se passado de 4000 para 3000 a nível nacional. Actualmente há uma nova lei que permite a criação de novas freguesias, mas Tinta Ferreira diz que esta é de uma tal exigência “que eu duvido que haja algum território que vá apostar na criação de uma nova freguesia”.
Sobre a freguesia, cuja sede obteve o estatuto de vila há dez anos, Tinta Ferreira diz que “hoje vivemos momentos difíceis, mas a autarquia está disposta a ajudar nos projectos que são necessários à população”. O autarca recordou que está para aprovação o projecto de requalificação entre o Cais e a Avenida do Mar, que deverá custar entre 4 a 5 milhões de euros. Espera-se um parecer da Agência Portuguesa do Ambiente sobre a intervenção que deverá contar um silo auto para aquela zona.
A Câmara está disposta ainda a apoiar a requalificação do Polidesportivo da vila. “Estamos empenhados para que tudo se resolva e todos podemos contribuir para que a Foz do Arelho seja forte, rica e apelativa, dado que é isso que interessa às outras freguesias, à região e ao país”.
Presente também na cerimónia, esteve Lalanda Ribeiro que além de ser o actual presidente da Assembleia Municipal foi também o primeiro presidente da Câmara das Caldas, eleito no pós-25 de Abril. Disse que sempre trabalhou bem com os presidentes da Junta da Foz do Arelho, tendo ainda lembrado que eram tempos diferentes em que o orçamento da autarquia caldense se cifrava em 140 mil contos (cerca de 700 mil euros). Actualmente, o orçamento autárquico ronda os 33,5 milhões euros.
Foi com emoção que vários familiares dos presidentes da Junta da Foz do Arelho receberam placas comemorativas referentes ao trabalho efectuado pela vila.
O Centro Social e Recreativo da vila encheu-se de populares que quiseram assistir à cerimónia de homenagem aos homens que durante os últimos cem anos lideraram a Junta e que lutaram pelo desenvolvimento da localidade.
Recebida a distinção – uma placa comemorativa e um livro sobre os presidentes – vários familiares falaram sobre os traços do carácter dos presidentes da Junta que desde 1919 estão à frente dos destinos da Foz.
Uma das intervenções mais aplaudidas foi de um anterior presidente da Junta, António Teles, que fez questão de também homenagear os secretários e tesoureiros que teve. “Sem eles, um presidente não pode fazer nada”, referiu.
Fernando Sousa, o actual presidente da Junta (que a lidera desde 2013), quando recebeu das mãos de Tinta Ferreira a placa comemorativa levantou-a e afirmou, perante a plateia: “esta também é vossa!”, tendo ainda recolhido bastantes aplausos entre os presentes. Na sua intervenção, afirmou que era uma honra realizar “esta simbólica mas merecida homenagem aos homens que dirigiram os destinos da nossa terra desde 1919”.
A todos os familiares foi distribuído um pequeno livro dedicado ao centenário da freguesia, onde se encontram reunidas as biografias dos 19 presidentes de Junta da Foz. A obra é da autoria de António Horta, que pertenceu à comissão que se ocupou das celebrações do centenário da freguesia.
José Violante, fozense de 90 anos, assistiu à cerimónia e recordou à Gazeta das Caldas que fez parte da Junta como tesoureiro de José Alexandre Páscoa entre 1979-1982. Lembrou que naqueles tempos auxiliou a colocar toutevenante nas estradas da freguesia. Referiu que a sua Junta contou com a colaboração de então edil caldense Lalanda Ribeiro, que na época “nos ajudou na compra do necessário equipamento”.
Uma escultura do Simpettra para assinalar centenário
A peça escolhida para assinalar o centenário da freguesia da Foz foi feita numa das últimas edições do Simppetra. Trata-se de um escultura em calcário da autoria de Mário Lopes, que marcou presença nesta iniciativa. “Pinus”, como se designa a obra, foi colocada nas imediações da Junta de Freguesia, próximo da entrada do Centro de Saúde.
O problema foi que na área escolhida para colocar a escultura, estava uma intervenção de Land Art – o desenho de uma rosa dos ventos com a indicação dos pontos cardeais – da autoria de Viriato da Silveira, que a realizou em 2014.
O presidente da Junta da Foz, Fernando Sousa, entendeu, porém, que a escultura ficaria bem precisamente naquele sítio, o que obrigou à destruição do desenho, pelo qual Viriato da Silveira diz que pagou mil euros a um calceteiro para a sua execução (a pedra foi oferecida pelo município).
Confrontado com a destruição da sua obra, este artista ficou indignado, mas aceitou a decisão de a Junta de a refazer noutro local, provavelmente junto à rotunda.































