Somos todos Paris!

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Sem Título-1Face ao bárbaro acto de guerra da passada sexta-feira 13 na cidade de Paris, da responsabilidade do grupo terrorista radical ‘Daesh’ (al-Dawla al-Islamiya al Iraq al-Sham, auto-intitulado ISIS), é altura de todos nós cerrarmos fileiras e lutarmos unidos por mais e melhor Europa:

— Todos nós, cidadãos caldenses, somos também cidadãos de Paris!

— Todos nós, cidadãos portugueses, somos também cidadãos de Paris!

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— Todos nós, cidadãos da Península Ibérica, somos também cidadãos de Paris!

— Todos nós, cidadãos europeus, somos também cidadãos de Paris !

Não foi apenas a cidade de Paris que foi atacada, mas sim o coração de toda a Europa! O coração da Europa cosmopolita, da Europa dos jovens, da Europa dos cafés, dos teatros, do desporto e das salas de espectáculos. Os rostos e a identidade dos 129 cidadãos que foram assassinados, na sua grande maioria jovens com menos de 30 anos, de 19 nacionalidades diferentes, são o próprio rosto e a identidade de uma Europa plural e cosmopolita. Assassinados quando estavam a assistir a um espectáculo, assassinados quando estavam sentados na esplanada de um café-restaurante. Nestes momentos de luto é importante relembrar as palavras de Georg Steiner no seu livro ‘A Ideia de Europa’:  “A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. (…)Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-à um dos marcadores essenciais da “ideia de Europa”.

Por isso, este foi também um acto de guerra contra a nossa cultura europeia, contra a nossa ideia de Europa, contra o nosso estilo de vida, contra os nossos valores! Valores cujas raízes profundas tiveram origem em França: os valores da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade!

1. Pertenço a uma geração que, dos16 aos 23 anos,  viajou todos os anos de  comboio pela Europa , com um passe Inter-Rail. Era a prenda  que os meus pais me ofereciam por ser bom estudante e transitar de ano no curso complementar dos liceus e mais tarde, na Universidade. Sei bem, por experiência própria, o que era o controlo apertado ao atravessar a fronteira de Espanha para França em 1975 e nos anos subsequentes, até à entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia: ser revistado, interrogado e questionado sobre o dinheiro que se trazia consigo, se não íamos trabalhar. Hoje reconheço o valor desta prenda anual dos meus pais e a influência que teve na minha formação cívica e cultural. Por isso, sei dar valor e estou disposto a defender e lutar, na medida das minhas possibilidades como cidadão,  por uma Europa sem fronteiras. Face a este acto de guerra, a pior reacção que os países europeus poderão ter é encerrar as fronteiras e limitar a livre circulação de pessoas, bens e serviços.

2. Não podemos permitir que o medo se instale na Europa, porque isso seria dar trunfos aos terroristas!

3. Caldas da Rainha tem o dever de honrar a sua história e vocação hospitaleira de concelho e cidade europeia e cosmopolita, à sua escala e no seu território local, mantendo a sua vontade de acolher refugiados da Síria, Iraque e Líbano, eles também vítimas directas do grupo terrorista ‘Daesh’.

 

Jaime Neto

 

jaimemr.neto@gmail.com

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