Sindicato acusa CHO de promover a precariedade

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CHOO Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que promoveu uma vigília em frente ao Hospital das Caldas a 27 de Novembro, acusa a administração do Centro Hospitalar do Oeste de empurrar alguns enfermeiros para o desemprego e de condenar outros a uma maior precariedade e insegurança profissional.
Em causa está a situação de 34 enfermeiros daquele centro hospitalar contratados através de uma empresa prestadora de serviços (a Tónus Global, Lda.), que desde 1 de Dezembro deixaram de ter direito a um contrato de trabalho e passaram a receber através de recibos verdes.
O sindicato acha inadmissível que o CHO não admita aqueles enfermeiros através de contratos definitivos com a instituição e ao invés, continue a contratá-los através de uma empresa prestadora de serviços. Até porque alguns já trabalham naquela instituição há mais de quatro anos.
A vigília durou um dia e chegou a ter cerca de 40 pessoas, incluindo autarcas e dirigentes políticos e associativos que ali foram manifestar o seu apoio. O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, também por lá passou.
Rui Marroni, dirigente do SEP, referiu que, com as novas condições impostas aos enfermeiros, estes ficam a ganhar pouco mais de três euros à hora (porque passam a ter de pagar a contribuição à Segurança Social e deixam de ter direito aos subsídios).
O sindicalista salientou ainda a situação do serviço de urgência do hospital das Caldas, onde os utentes ficam em macas “em condições de insegurança porque os profissionais dificilmente conseguem prestar os cuidados necessários”. Por outro lado, chamaram ainda a atenção para a falta de outros profissionais na instituição, nomeadamente médicos dos serviços de Ortopedia e Obstetrícia.
O sindicato acha “lamentável é que tudo isto tenha a cobertura da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, do Ministério da Saúde e do governo, que certamente estarão mais interessados que esta administração seja a comissão liquidatária das unidades de saúde da região do Oeste, do que bons gestores de cuidados de saúde públicos, em prol de um Serviço Nacional de Saúde, mais eficiente, mais acessível, com melhor qualidade e maior segurança”.

CHO não sabe quanto ganham os enfermeiros

A administração do CHO continua a dizer que está apenas a fazer o que a lei lhe permite em relação à forma de contratação de enfermeiros.
Na mesma manhã em que se iniciou a vigília, o administrador Carlos Sá e os restantes membros da sua equipa, promoveram uma conferência de imprensa onde salientaram que o CHO manteve os mesmos 534 enfermeiros que já existiam. No entanto, o presidente do Conselho de Administração não esclareceu se já tinha pedido ao Ministério da Saúde autorização para contratar directamente os profissionais que estão a trabalhar através de uma empresa prestadora de serviços.
Carlos Sá esclareceu ainda que só sete desses enfermeiros estão ao serviço no hospital das Caldas (e apenas dois não aceitaram as condições propostas pela Tónus Global), sendo que os restantes trabalham em Torres Vedras.
Quanto ao valor pago à hora, o dirigente informou que pagam, à empresa, 10,35 euros por hora de serviço. Quanto ao valor que os enfermeiros recebem, Carlos Sá não quis comentar. “Não sei, só posso assumir aquilo que é o nosso custo”, afirmou.

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Doentes internados em macas nas urgências
macasDurante a vigília foram vários os enfermeiros que referiram a situação caótica que se tem vivido nas urgências do hospital das Caldas e de Torres Vedras.
“Os doentes são internados em condições pouco próprias e dignas”, referiu Marta Duarte (enfermeira e dirigente do SEP), adiantando que nessa manhã estavam 42 pessoas internadas nas urgências caldenses “quando a lotação máxima suposta são 11 doentes no SO”. A enfermeira relatou ainda um caso recente de um idoso, com mais de 80 anos, que teve que estar sentado uma noite inteira porque só teve maca no dia seguinte a ser internado.
A Gazeta das Caldas pôde nesse dia visitar as urgências e testemunhou que realmente há várias dezenas de doentes em macas em vários locais deste serviço, inclusive até num dos gabinetes de atendimento médico.
Quanto ao facto de nunca terem sido utilizadas as camas no hospital de Peniche, que supostamente serviriam para aliviar a urgência nas Caldas (uma medida proposta em Maio), Carlos Sá garantiu que tal nunca foi necessário. “As camas estão disponíveis, mas ainda não foi necessário deslocar os doentes das Caldas para Peniche”, disse.
Segundo o responsável, o número de episódios na urgência em 2014 diminuiu 8,9% relativamente ao ano anterior.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

Mais médicos garantem regular funcionamento da maternidade do hospital das Caldas

A administração do CHO contratou, através de uma empresa de serviços, quatro especialistas em Obstetrícia que vão cumprir turnos no hospital da Caldas, resolvendo assim o problema da falta daqueles profissionais, que tem levado a que, pontualmente, alguns doentes sejam encaminhados para os hospitais de Santarém e de Santa Maria (Lisboa).
Carlos Sá, presidente do Conselho de Administração, disse à Gazeta das Caldas que “não põe as mãos no fogo” em que esta solução seja definitiva (na realidade o quadro de pessoal não foi aumentado e recorreu-se uma vez mais à subcontratação), mas garantindo “que estão criadas as condições” para que o serviço de Obstetrícia funcione sem interrupções.
O mesmo responsável desmente a notícia do nosso jornal da semana passada, intitulada “Obstetrícia esteve outra vez em risco”, dizendo que não foi obrigado a recuar em qualquer intenção de transferir aquele serviço para Santarém. Pelo contrário, conta, até foi ele próprio que se empenhou em resolver o assunto falando com a Administração Regional de Saúde (ARS) e a Administração Central do Serviços de Saúde (ACSS) para evitar que a maternidade das Caldas fechasse.
Carlos Sá contou que recebeu um telefonema da deputada caldense Maria da Conceição Pereira questionando-o sobre os problemas da Obstetrícia e que a recebeu no início da semana passada no hospital para lhe explicar o assunto, tendo esta prometido o seu envolvimento para encontrar uma solução.
“Eu próprio lhe telefonei, num dia em que o secretário de Estado [Manuel Teixeira] estava na Assembleia da República, para que a senhora deputada, que também lá estava, lhe desse uma palavra para o sensibilizar da necessidade de assinar o despacho” que autorizava a contratação dos obstetras.
O administrador mostrou-se indignado com “rumores que circulam na cidade” que dizem que estaria a tentar fechar a maternidade das Caldas.
“Também fui eu próprio que, a dado momento, liguei para o presidente do Conselho de Administração do hospital de Santarém para tentar que médicos de lá viessem cá às Caldas assegurar”, contou Carlos Sá. Uma solução à qual não foi preciso recorrer, mas que, para este responsável, prova o seu empenho em manter a maternidade aberta.

C.C.

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