Secretária de Estado da Cultura visitou em Óbidos as obras de “um património único e invulgar”

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A obra de reabilitação da muralha do castelo de Óbidos, no valor de 836 mil euros, deverá estar terminada antes do Verão. No passado dia 20 de Março a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, visitou a vila e disse estar “estar muito descansada” com a forma como os trabalhos estão a decorrer, porque “estas obras de recuperação do património classificado acarretam sempre surpresas, mas esta equipa é muito conhecedora”.
A governante destacou ainda a unicidade do património da vila e a limpeza do seu espaço público.

Quem visita Óbidos comprova facilmente que parte do seu património está a ser restaurado. Os andaimes e coberturas de protecção nas zonas em intervenção, como é o caso da Porta da Vila ou na fachada da Igreja de Santa Maria, mostram que há obras em curso.
Trata-se da reabilitação da muralha do castelo de Óbidos, uma obra adjudicada em Março do ano passado à empresa Augusto de Oliveira Ferreira e Cª Lda., e que representa um investimento superior a 836 mil euros, dos quais 85% são comparticipados por fundos comunitários.
O projecto prevê a resolução de problemas estruturais em cerca de um quilómetro da muralha e tratamento de fissuras em escadas de acesso. Na Porta da Vila, para além do tratamento das fissuras e infiltrações, também é restaurada a azulejaria, pintura mural, pedra, ferros e talha, ali existentes, enquanto que na Igreja de Santa Maria está a ser restaurado o portal, que se encontra em elevado estado de degradação. Há ainda intervenções na Porta da Senhora da Graça, no Postigo de Baixo, no Miradouro da Pousada e na Torre do Facho.
No passado dia 20 de Março, foi a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, quem visitou a obra de recuperação das muralhas e do adarve, cumprindo assim um compromisso que já havia desde Janeiro e que resultou de um convite do presidente da Câmara, Humberto Marques. A governante disse tratar-se de uma obra de “grande monta” e a “maior já feita neste património classificado”.
Ângela Ferreira mostrou-se satisfeita com o trabalho que está a ser realizado e destacou a unicidade patrimonial de Óbidos. “Temos aqui património único e invulgar de encontrar a nível nacional e é uma equipa muito conhecedora das técnicas que está a intervir no seu restauro”, disse, dando como exemplo a recuperação dos azulejos que é feita no próprio local, evitando assim mais movimentações.
Há anos que a secretária de Estado não visitava a vila e diz que notou “uma limpeza do espaço público e reabilitação da sua área central”, destacando o trabalho que o presidente da Câmara tem feito para dar uma boa imagem da zona mais visitável aos turistas.

“Intervenção minimalista e nada intrusiva”

Presente na visita, o director da obra, Jorge Oliveira, reconheceu que tiveram algumas dificuldades inerentes ao facto de Óbidos ser uma zona muito turística. Actualmente a muralha tem um acesso condicionado e foram vedadas zonas onde estão a intervir. “Mas limitamos sempre ao máximo porque não podemos prejudicar o usufruto de um local como este”, disse.
Jorge Oliveira explicou ainda que o trabalho mais complicado já foi feito e que, com as condições meteorológicas a ajudar, contam terminar a intervenção em meados do ano.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, lembrou as dificuldades que tiveram em conseguir apoios comunitários para reabilitar o património e disse tratar-se de uma intervenção minimalista, nada intrusiva e que pretendem que seja duradoira no tempo. O autarca está agora de olhos postos no próximo quadro comunitário de apoio para tentar financiamentos para intervenções na cidade romana de Ebrobrittium e em mais alguns pontos da muralha que não foram previstos nesta obra.
A Câmara já tem o parecer favorável da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) para a simplificação do procedimento da caiação dos edifícios na vila. “Vamos ter uma vaga de notificações aos privados para fazerem estas caiações dentro da vila”, disse Humberto Marques, acrescentando que não há desculpas para não o fazerem tendo em conta que a Câmara disponibiliza os pigmentos e a cal.
“Há condições reunidas para que todos juntos sejamos capaz de manter este património”, concluiu.

Obra põe a descoberto espólio arqueológico

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No decorrer dos trabalhos de uma obra particular, na Rua Direita, foram postos a descoberto seis silos de armazenamento de bens. Tendo em conta que aquela é uma zona de muito interesse arqueológico, o particular contratou uma empresa da especialidade (é obrigatório) para fazer o acompanhamento dos trabalhos, onde foram encontradas estas estruturas. Este espólio arqueológico data de diferentes épocas, desde a Idade Média, até à actualidade, destacando-se neste os materiais cerâmicos de uso doméstico.
De acordo com nota de imprensa da autarquia, está a ser equacionada a possibilidade de valorização destas estruturas.
Esta não é a primeira descoberta de silos na Rua Direita. Na Casa do Pelourinho também foram descobertas estruturas desta natureza para armazenamento de cereais.

Durante as obras o acesso às muralhas está condicionado mas não proibido

Governo negoceia parcerias na área do património

A secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, entende que a reabilitação do património e a sua manutenção é um trabalho que deve ser feito em parceria entre o Estado e as autarquias. O governo vai negociar com as autarquias que recusaram competências na área do património para tentar chegar a um desfecho favorável, explicou a governante.
Ângela Ferreira disse compreender que “há municípios de reduzida dimensão e com um orçamento muito limitado para tomar conta de grandes monumentos nacionais”. Tendo em conta essa realidade, o secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, está em articulação directa com todos os municípios que não querem assumir essas competências.
As câmaras das Caldas e de Óbidos já decidiram aceitar a gestão do património público, mas aguardam a publicação da lista do património disponível para avaliar que tipo de utilização lhe poderá ser dada.

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