A maioria PSD de Óbidos alimenta um discurso que descola da realidade, constrói ideias que trata como se fossem a essência das coisas. Quem ouvir as suas intervenções sobre o “oásis” que Óbidos constitui e não conhecer o concelho, até pode acreditar. Não os obidenses.
As palavras do Presidente da Câmara em entrevista à Gazeta das Caldas em Junho último são bem elucidativas. Faz-se crer que Óbidos é uma excepção e que todos os concelhos em volta lamentam não serem assim. São suas estas palavras:
“Isto não é vaidade, mas os eleitores das Caldas, de todos os partidos, gostam do modelo de Óbidos.” E ainda “ Os meus colegas não gostam do que vou dizer, mas as pessoas sentem que Óbidos está a ultrapassar muitos concelhos que eram maiores que este.”
Em que mundo vive o PSD de Óbidos? Sim, Óbidos está a ultrapassar as Caldas no crescimento do desemprego. Nos últimos quatro anos Caldas subiu de 2454 para 3040 desempregados inscritos no serviço público de emprego, mas Óbidos passou de 422 para 641. Querem fazer as contas ao crescimento? Óbidos cresceu mais de 50% neste período. E em Junho de 2001, ano em que a maioria PSD ganhou a Câmara, eram 283 os habitantes de Óbidos inscritos, não há dúvida que tem vindo a crescer…
Também cresceu nas taxas que se pagam para usufruir dos serviços autárquicos.
Também cresceu no preço da água que se paga, uma vez que cada consumidor passou a pagar mais 60 euros por ano, na factura da água, independentemente do consumo.
Também cresceu no IMI – imposto municipal sobre imóveis, que é 25% mais caro do que em Caldas da Rainha
Também cresceu o endividamento autárquico, apesar das avultadas receitas extraordinárias que vieram dos empreendimentos turísticos na zona costeira (7 milhões e meio do Royal Óbidos, já recebidos na globalidade, e 10,5 milhões de euros, da Falésia d’El Rey, cuja receita está em curso). Em entrevista ao DN, em Fevereiro de 2002, recém-entrado na Câmara, Telmo Faria queixava-se de ter recebido 1 milhão de contos de dívidas (5 milhões de euros). Naturalmente reconhecemos o peso que essa herança teve naquela altura, o que fazemos sem ironia. Mas também teremos de reconhecer que conseguiu também aqui fazer crescer o Concelho, no montante da dívida de médio e longo prazo, que já ultrapassa 11 milhões de euros, isto apesar das elevadíssimas receitas extraordinárias de que beneficiou.
As eleições autárquicas, para além do mérito que têm em fazer funcionar a Democracia, que Abril nos devolveu, trazem a oportunidade para a reflexão e o debate. Aproveitemo-lo, sem demagogias. O PS reconhece, e tem-no feito publicamente, o trabalho feito pelo PSD no município de Óbidos, em particular nos primeiros anos. Mas tem a obrigação de fazer a crítica do que não foi bem feito e chamar a atenção para artifícios como este, em que são mestres, de construir pelas palavras uma realidade que não existe. E como já nos ensinava o Padre António Vieira:
“Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras.”
PS Óbidos

































