Os “anos de ouro” de um Sporting das Caldas europeu e no topo do ténis de mesa nacional

    0
    1442

    Caldas da Rainha tem história em diversas modalidades, mas poucas conseguiram um feito tão assinalável como a equipa de ténis de mesa do Sporting das Caldas nos finais da década de 1980 até meados de 1990. Com várias participações na 1ª Divisão nacional, os leões foram seis vezes consecutivas terceiros classificados, com cinco presenças nas competições europeias. Tudo com prata da casa.

    Uma das bandeiras do centenário Sporting Clube das Caldas são os feitos da sua secção de ténis de mesa. E não é para menos, pois nela evoluíram algumas figuras históricas do desporto caldense. Uma das fases mais marcantes foi vivida desde finais da década de 1980 até meados da de 1990, com resultados dignos de registo.
    Nessa fase, os leões caldenses deram cartas a nível nacional. Apesar de não terem conquistado qualquer título nacional enquanto equipa sénior, a formação caldense ascendeu à 1ª Divisão nacional, na qual obteve seis terceiros lugares, uma final da Taça de Portugal e cinco participações na Taça Nancy Evans, equivalente à actual Liga Europa de futebol.

    Prisciliano Ferreira, Nuno Ribeiro, Gabriel Fernandes, João Rosendo, Fernando Brás (treinador) e Arlindo Rosendo (dirigente), num encontro da Taça Nancy Evans

    Fernando Brás foi treinador da equipa nessa altura e não tem dúvidas em afirmar que foi “uma época de ouro, entre 1985 e 1995”.
    O percurso começou alguns anos antes com jogadores históricos, como Carlos Branco, Arlindo Rosendo, Pedro Libório (pai), Sales Caramelo e Vidal Silva.
    “O clube tinha uma estrutura directiva muito forte, que trabalhava muito e bem. Tínhamos o maior e melhor torneio nacional, com mais de 700 participantes, recebemos aqui muitas provas internacionais, que começaram no pavilhão dos barcos, no Parque D. Carlos I”, recorda o antigo timoneiro dos leões das Caldas.
    A partir desse trabalho o clube ganhou força também na formação de atletas (ver caixa), que alimentaram a equipa para a sua fase de maior brilho.
    “Tínhamos sempre equipas feitas com prata da casa, com um ou outro reforço”, recorda Fernando Brás. A primeira equipa a atingir as competições europeias era composta por Nuno Ribeiro, João Rosendo, Gabriel Fernandes e Prisciliano Ferreira. José Viegas, Ricardo Antunes (actual médico do Benfica) e José Moura são outros nomes fortes desta fase do ténis de mesa caldense, que viriam depois a ter companhia do jogador Li Yan e do ucrâniano Eduard Mayorov, que foi internacional por Portugal, já na década de 90.
    “Havia uma grande euforia à volta da modalidade. Tínhamos todos os escalões, femininos e masculinos e viam os jogos uns dos outros. Nesses anos, em casa e fora só perdíamos com os dois primeiros, normalmente o Sporting e o Estrela da Amadora, e eram jogos equilibrados”, recorda o técnico.
    “Jogávamos em ambientes bem difíceis, mas tornávamos os jogos fáceis com a qualidade dos jogadores que tínhamos”, sublinha.

    - publicidade -

    ÉPOCAS DE SONHO

    Fernando Brás afirma que foram “épocas de sonho, em que todos trabalhavam no mesmo sentido. Havia um compromisso muito grande dos atletas, dos treinadores, dos dirigentes, o apoio da Câmara e o envolvimento dos pais, que até faziam escalas para ajudar no transporte”.
    Mas, como tantas vezes acontece, o projecto do ténis de mesa do Sporting das Caldas acabou por ter um final repentino pouco tempo depois de ter atingido o auge.
    O desgaste dos dirigentes e o escassear dos apoios financeiros degradaram a actividade do clube na modalidade, o que acabou por levar, de forma inevitável, à extinção.
    Há cerca de três anos, alguns dos jogadores que conduziram o clube à 1ª Divisão relançaram a modalidade em conjunto com o técnico Fernando Brás, chegando mesmo, mais de 20 anos depois, a escalar até à 2ª Divisão. Antes de se voltar a extinguir.

     

    Caminhada histórica começou pelas escolas