Óbidos cria o Espaço Ó para concretizar sonhos e projectos

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Untitled-18O EPIC – Espaço para a Promoção da Inovação e Criatividade deu lugar ao Espaço Ó, que se apresenta como um local para a comunidade e não só para os criativos. Situado à entrada da vila, o Ó de Óbidos, pretende agregar artesãos, sapateiros, carpinteiros e outros “fazedores” que tenham uma ideia e a queiram implementar, podendo contar com a ajuda dos outros participantes no seu desenvolvimento, num espírito colaborativo. Actualmente já são vários os projectos que ali são desenvolvidos por empreendedores que vão dos 12 aos 79 anos.
Ao ficar desempregada, Anabela Capinha procurou um novo rumo profissional e dirigiu-se a um dos encontros semanais do Colab (espaço de trabalho colaborativo) com um bolo que deu a provar.
Dias depois estava a apresentar o projecto para desenvolver o “Capinha d’Óbidos”, um bolo de ferradura em que a receita está na sua família há 130 anos e cujo segredo apenas ela e a sua mãe conhecem. Público é apenas que a massa leva 12 especiarias e que o bolo demora seis horas a preparar, 45 minutos dos quais a amassar a massa à mão e a seco.
Actualmente, volvidos apenas seis meses, Anabela Capinha é a responsável pela Casa do Forno, no Espaço Ó. E trabalho não lhe falta. Para além das vendas para todo o país, está representada numa exposição no Brasil e, em Agosto, vai para uma feira em Espanha e depois para a Bélgica.
A jovem, natural da Gracieira (Óbidos), criou trabalho para si própria e já empregou uma pessoa.
Na próxima semana conta colocar mais duas trabalhadoras.
O bolo “Capinha d’Óbidos” é também o símbolo do trabalho colaborativo, em que a imagem e a embalagem foram desenvolvidas por “colabers”, fazendo do bolo o caso de sucesso que é actualmente.
Untitled-17Alem dos residentes, como é o caso de Anabela Capinha, o espaço é também ocupado por artesãos e artistas que trabalham em oficinas, ou designers e programadores, que trabalham em espaço de escritório. Já é possível encontrar ali, por exemplo, o artista Thomas Schitteck a trabalhar num grande painel de azulejo, cujo desenho de base foi elaborado por crianças de um jardim-de-infância de A-dos-Negros. O objectivo deste ceramista passa por abrir, no futuro, uma academia de cerâmica em Óbidos e criar uma plataforma para desenvolver a arte do azulejo, criando novas pontes com a indústria.
A dietista Cláudia Marques chegou ao Colab há quatro meses para desenvolver um projecto na área da nutrição ecológica a que chamou “Eat like you mean it”. O objectivo é promover uma alimentação saudável, sustentável, local, justa, e que tenha o menor impacto possível no ambiente. Cláudia Marque criou também uma horta biológica e disponibiliza vários serviços, desde consultas de nutrição a consultoria e catering.
Ali nascem também sapatos, botas e sandálias à base de materiais reutilizáveis e sem recurso a energia eléctrica, malas feitas com restos de tecidos e com pegas de embalagens de plástico, ou porta-moedas feitos com frascos de champô. Há uma marca de roupa de criança e ainda uma loja comunitária, onde é possível trocar um serviço que podemos prestar por outro que precisamos.

DUAS MODALIDADES DE ACESSO AO ESPAÇO

Ao todo, o Espaço Ó ocupa um total de quatro mil metros quadrados. O edifício tem como espaço principal, no piso 1, o COlab, com cerca de 120 metros quadrados, que é constituído por uma área de produção, outra de brainstorming e uma terceira de interacção (comunicações e reuniões). Trata-se de uma plataforma de trabalho, onde os utilizadores cooperam, partilhando espaço, ferramentas, tecnologias e desenvolvendo ideias de forma mais eficiente.
No piso 0 encontra-se a LÓja, um espaço comercial de gestão partilhada, onde estarão à venda os produtos desenvolvidos pelos membros do COlab e também alguns produtos seleccionados da região. Já no piso -1 encontram-se disponíveis três oficinas, com apoio de copa, destinadas a artesãos e a trabalhos mais técnicos.
A área da antiga adega é destinada à realização de eventos, conferências, ou exposições e vai incluir mais uma livraria dentro do projecto Óbidos Vila Literária.
O acesso ao Espaço Ó é possível através de duas modalidades. Poderá ser um “Residente COlab”, ou seja, utilizador de todas as áreas e com espaço de trabalho fixo (por 70 euros mensais ou 35 euros semanais), ou através do “Passe Ó”, que é atribuído por selecção aos melhores projectos ou ideias que sejam apresentados à entidade gestora. Esta modalidade tem um custo mensal de 29 euros e o utilizador poderá usufruir do espaço de trabalho quatro dias por mês, tendo acesso à área de produção e ao apoio prestado pelos residentes. São exemplos deste tipo de utilização projectos como o bordado de Óbidos ou as jóias de bilros de Peniche.
Na apresentação do espaço, que decorreu no passado dia 13 de Junho, Pedro Reis, dinamizador do Colab, explicou que o conceito colaborativo está por trás da gestão do espaço e que este está a ser replicado em vários locais, não só em Portugal como no estrangeiro.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, destacou que este projecto está inserido no programa “Activa-te”, que procura encontrar e promover os talentos existentes neste território. De acordo com o autarca, a criatividade existe em todos os sectores e “qualquer pessoa que tenha um sonho pode estar no Espaço Ó”, destacando a aposta que estão a fazer no desenvolvimento comunitário.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

 
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