Encontro de Mulheres Candidatas, 9 de Setembro, Lisboa
Maria Teresa Serrenho, candidata à Presidência da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, e as também candidatas Ana Ferreira (Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Caldas da Rainha – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gegório), Gabriela Martinho e Margarida Gardner (Câmara Municipal), estiveram presentes num Encontro de Mulheres Candidatas, promovido pela Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM), no passado dia 9 de Setembro, em Lisboa.
O encontro realizou-se no Centro Maria Alzira Lemos – Casa das Associações, sede da PpDM, e contou com a presença de diversas mulheres candidatas, dos mais diversos partidos mas também de Grupos de Cidadãos Eleitores/Movimentos Independentes, como é o caso do MVC – VIVER O CONCELHO, Movimento Independente.
Durante o encontro, falou-se sobre as diferenças de umas e de outros: os homens são socializados para estarem presentes no espaço público, as mulheres são ainda socializadas para a esfera privada, o que em muito marca as diferenças nos comportamentos estereotipados.
Mencionou-se que o ambiente na política é frequentemente hostil à participação das mulheres, estando estas sujeitas a um escrutínio sobre a sua imagem que colide muitas vezes com o assédio ou a ridicularização. A falta de referências, pelo seu número reduzido, de mulheres líderes faz com que se continue a valorizar um único tipo de liderança, aquela que é a masculina estereotipada e que assenta no que conhecemos como a política tradicional: uma medição de forças, ênfase na retórica, a utilização da ironia e do sarcasmo, em detrimento da discussão dos problemas reais. E quando são Poder, mulheres e homens tendem a ver as suas funções segregadas por áreas: as mulheres assumem áreas como a Educação e a Acção Social enquanto os homens ficam com áreas como os Assuntos Económicos e as Obras Públicas, sendo as primeiras habitualmente desvalorizadas e com os menores orçamentos. Os estudos demonstram, também, que as mulheres são menos propensas à corrupção na política, algo que estará, certamente, directamente relacionado com as redes de contactos que os homens na política têm vindo a gerar e às quais poucas mulheres têm tido acesso, que é a tal teia do poder, transversal aos diversos partidos e que assegura que muita da gestão danosa não seja sequer denunciada, Poder e oposição estão, muitas vezes, de mãos dadas, quando se trata de proteger interesses privados. A maneira de fazer política, quase exclusivamente masculina, dos jantares de negócios, dos contactos privilegiados com A, B, ou C, fechou o Poder, levou à entropia do sistema.
As semelhanças ao nível da participação feminina, ainda de fraco enraizamento e com pouca visibilidade, não esbateu as diferenças ao nível da forma da candidatura (Independentes e Partidos Políticos), ficando bem patente o quão as estruturas partidárias podem dificultar a participação feminina, com as conhecidas falcatruas à Lei da Paridade (“obrigando” as mulheres que integram as listas a assinar papéis conforme abdicam, depois de eleitas, para que “suba” o candidato homem), e com as lideranças escolhidas a serem, ainda, maioritariamente masculinas. Esta é uma prática recorrente nos partidos políticos, assumida por quem os compõe, e foi uma das preocupações mais partilhadas pelo grupo. O resultado destas práticas está à vista e no total das/os cabeças-de-lista às eleições autárquicas de 2013, apenas 10,7% são mulheres.
Maria Teresa Serrenho, única candidata mulher à Câmara Municipal das Caldas da Rainha nestas eleições autárquicas de 2013, faz parte destes 10,7%, pelo que a sua candidatura junta dois elementos de rotura do status quo político nacional, ao ser, também, a líder de um dos 80 Movimentos Independentes que germinaram em Portugal. Foi também conversado que ao ser a população a viabilizar uma candidatura independente, através das assinaturas necessárias para a sua formalização, tal significa que as Mulheres podem encontrar nos Movimentos Independentes uma maior permeabilidade à sua participação, pois a sua candidatura não está dependente da escolha da estrutura partidária mas sim da confiança da população. Maria Teresa Serrenho, que também é Vice-Presidente da Associação Nacional de Movimentos Autárquicos Independentes, é, por isso, uma candidata de rotura – como mulher e como Independente. Combina formas diferentes de fazer política e está, por isso, mais preparada para a liderança que se impõe pelo desgoverno a que chegámos: focar no essencial
– resolução dos problemas; dispensar o acessório – egos, protagonismos e lutas de galos; gestão participada e aberta – acabando com o clubismo na política; e promoção do empoderamento de todas as cidadãs e todos os cidadãos – pela revitalização da Democracia Local e da Cidadania Participativa.




































