Fórum Anual dos Vinhos Portugueses trouxe 400 p essoas às Caldas para debater o futuro do sector

0
605

Até Setembro deste ano foram exportados vinhos portugueses num valor superior a 580 milhões de euros. Em termos de volume, até foi vendido menos vinho, mas o preço médio subiu 3,9%. Portugal é o nono maior exportador mundial e quer continuar a crescer. Os dados foram revelados no Fórum Anual dos Vinhos Portugueses, no dia 4 de Dezembro, no CCC. O evento atraiu cerca de 400 empresários e técnicos do sector de todo o país às Caldas da Rainha.

“Somos um pequeno produtor mundial, mas um importante actor no comércio internacional. Competimos mundialmente com os melhores e, apesar de alguns desafios e dificuldades conjunturais do sector, as exportações apresentaram um crescimento em valor”, fez notar Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, no encerramento do Fórum Anual dos Vinhos Portugueses, que aquela entidade organizou no dia 4 de Dezembro, no CCC.
O dirigente revelou ainda que a ViniPortugal tem como meta para 2022 que as exportações dos vinhos portugueses cheguem aos mil milhões de euros.
Na sessão Jorge Monteiro fez notar que a produtividade em Portugal “é incomparavelmente inferior à dos concorrentes”. Isto porque em solo nacional a produtividade ronda os 35 hectolitros por hectare, enquanto que, por exemplo, na África do Sul e na Austrália é mais do dobro, respectivamente, 78 hectolitros e 86 hectolitros por hectare. Mesmo no Chile e na Argentina a produtividade é muito maior (56 e 59 hectolitros por hectare, respectivamente). Isto permite que, mesmo que vendam os vinhos mais baratos, os concorrentes têm margens maiores de lucro.
Até Setembro deste ano as exportações dos vinhos portugueses tinham crescido 3,6% em valor para um total a rondar os 580 milhões de euros (mais 20 milhões de euros que em período homólogo de 2018).
Maria João Dias, do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), apresentou estes dados, onde se conclui que em termos de volume registou-se uma ligeira diminuição, a rondar os oito mil hectolitros (0,4%), o que significa um aumento do preço médio de 3,9% para os 2,66 euros por litro (mais 10 cêntimos que em 2018)
As exportações têm vindo sempre a crescer, excepto no ano de 2016, devido à crise de Angola, que levou a uma quebra de 30 milhões de euros. Nesse ano o sector conseguiu ainda assim evitar uma grande quebra aumentando em 24 milhões de euros o valor de outros mercados.
França, Estados Unidos da América, Reino Unido, Brasil e Alemanha são os cinco principais mercados dos vinhos portugueses este ano.
Em 2018 quase metade do valor total que as exportações renderam (que ascende aos 800 milhões de euros) veio dos cinco principais destinos (os mesmos, substituindo a Alemanha pela Bélgica).
Enquanto que em valor e volume a maior parte do vinho vai para França (42,6% do volume total), é na Dinamarca que se paga um preço mais alto (5,78 euros por litro face aos 2,63 euros por litro no mercado gaulês).
Maria João Das fez ainda notar que a estratégia tem de passar por alcançar cada vez melhores preços médios. Na apresentação que fez, traçou cenários optimistas para o mercado americano, estimando que o preço médio possa atingir os 4,11 euros por litro em 2023. Para Reino Unido e Brasil, apesar de prever aumentos em volume, calculou que o preço médio possa vir a baixar e alertou que “o Brexit pode ter consequências importantes com impacto para o sector”.
O facto de Portugal ser o nono maior exportador mundial de vinho levou a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, que esteve presente no encerramento, a destacar a importância do sector para o crescimento nacional. “Representa uma fatia muito significativa da nossa economia e muitos postos de trabalho”, afirmou.
A governante salientou as taxas de execução anual do Programa Nacional de Apoio que rondam “os 100% da dotação total atribuída a Portugal”, num total de apoios pagos superior a 325 milhões de euros.
Destes a maior parte, cerca de 82%, foram usados para a reestruturação e reconversão das vinhas. A segunda medida com maior valor de apoios foi a promoção em países terceiros, com um total de 33 milhões de euros.
Actualmente estão a decorrer dois concursos: um de apoio à Promoção em Países Terceiros e outro de apoio promoção no Mercado Interno (Portugal e União Europeia).
Jorge Monteiro, da ViniPortugal, considerou que o limite de 1% para as novas plantações definido pela Comissão Europeia é insuficiente para compensar o abandono e exigiu que os pagamentos dos apoios estatais sejam feitos com maior celeridade.

Sustentabilidade é o grande desafio

Entre os temas em destaque esteviveram também a sustentabilidade do sector e a introdução de novas tecnologias. Maria João Dias, do IVV, disse que há consumidores dispostos a pagar mais por produtos que vão de encontro às questões da sustentabilidade.
António Marquez, CEO da Symington Family Estate, salientou a importância da água e da sua gestão. O empresário falou, por exemplo, da falta de mão de obra e das mudanças no estilo de vida e nos hábitos de consumo.
João Roquette, CEO da Herdade do Esporão, chamou a atenção para a vulnerabilidade do sector face às alterações climáticas e o enólogo Anselmo Mendes sugeriu que o governo concedesse apoios fiscais às empresas amigas do ambiente.
No encerramento a ministra identificou como grande desafio nacional “a sustentabilidade do sector da agricultura e dos seus recursos naturais” e apontou a vitivinicultura como um exemplo nesse sentido, elogiando a inovação que tem vindo a conseguir aplicar. A governante revelou ainda que, em breve, regressa ao Oeste para inaugurar o regadio das Baixas de Óbidos.

Mais de 6 milhões de euros para promover os vinhos

- publicidade -

Durante a tarde foi apresentado o Plano de Marketing e Promoção da ViniPortugal para o próximo ano, que prevê um investimento de 6,6 milhões de euros para a promoção internacional. Quase metade desse valor (2,8 milhões de euros) destina-se à promoção dos vinhos portugueses nos Estados Unidos, Canadá e China.
Para o mercado comunitário existem dois milhões de euros, com foco especial nos mercados britânico e alemão e para fora do espaço comunitário estão previstos 1,8 milhões, apontando aos mercados angolanos, japonês, norueguês, sul-coreano, russo, suíço e mexicano.
Estão previstos diversos eventos (como provas de vinho, masterclasses, etc), participações em feiras mundiais e visitas de importadores e sommeliers.

Vinhos da região distinguidos no concurso do Crédito Agrícola

O sexto concurso de vinhos do Crédito Agrícola distinguiu 12 vinhos da Região de Lisboa, entre os quais o Grande Reserva Tinto DOC Óbidos, da Adega Cooperativa da Vermelha, que recebeu medalha de ouro e o Confraria Moscatel Colheita Seleccionada Vinho Regional Leve 2018, branco, que recebeu prata, assim como o Quinta do Gradil Reserva Tinto Vinho Regional 2016.
A concurso estiveram 244 vinhos (brancos, tintos e espumantes), de 145 produtores de todo o país. As provas cegas decorreram no dia 19 de Outubro, no auditório municipal de Peso da Régua e atribuíram a 76 vinhos a Tambuladeira dos Escanções de Portugal, a 3 a Grande Medalha de Ouro, a 35 a medalha de ouro e a 38 a medalha de prata.
Depois do Alentejo (com 18 medalhas) e Douro (com 13), a região de Lisboa foi a que mais medalhas recebeu.
Este evento é dinamizado em parceria com a Associação dos Escanções de Portugal.

- publicidade -