
Meia centena de alunos que terminaram a licenciatura de Artes Plásticas na ESAD dão a conhecer os seus projectos finais numa grande mostra que se divide entre a escola e o Centro de Artes. A maioria dos autores terminou as suas propostas em casa, durante o confinamento obrigatório
A exposição “O papel do Engenho” apresenta o trabalho dos alunos que concluíram a licenciatura de Artes Plásticas na ESAD no último ano lectivo. Os finalistas apresentam os seus trabalhos nas instalações da escola e também em vários espaços do Centro de Artes.
A exposição tem como mote o engenho, pois foi necessário muito engenho e arte para terminar um ano lectivo cujo funcionamento foi afectado pelo novo coronavírus. Aos estudantes não era possível dirigirem-se ao espaço físico da escola, nem às oficinas dos vários materiais onde é possível dar largas à imaginação e à criatividade para procurar a melhor expressão artística.
Segundo uma das professoras responsáveis pela disciplina de projecto final, Susana Gaudêncio, são cerca de meia centena os autores que estão a participar nesta mostra que se está a realizar no espaço da escola e também em vários ateliers-museus que pertencem ao Centro de Artes.
Depois de inaugurada a primeira parte na escola, a comitiva de autores e docentes da ESAD deslocaram-se ao Centro de Artes. Há obras para conhecer dos novos autores no Atelier Museu António Duarte, no Museu Barata Feyo e no Espaço Concas. A mostra, que só pôde ser visitada por grupos de 10 pessoas, poderá ser apreciada até ao dia 19 de Outubro.
“Quando viemos fazer a montagem nos vários espaços, colocámos as peças dos alunos em diálogo com algumas obras das próprias colecções”, explicou a docente.
Susana Gaudêncio sublinhou o facto da maioria dos estudantes ter terminado os seus projectos finais durante o período de confinamento obrigatório, tendo cada um dos autores recorrido aos materiais que possuía em casa para poder terminar as suas propostas de final de curso.
Alguns autores vão continuar na ESAD, outros
vão estudar no estrangeiro e há quem opte por fazer uma pausa na actividade
“No reinício, a escola deu-lhes prioridade nas oficinas de modo a poderem terminar as suas propostas”, explicou a coordenadora, dando ainda a conhecer que entre os artistas que fazem parte deste “O papel do engenho” há alguns vão continuar a estudar na escola de artes caldense, prosseguindo para mestrado em Artes Plásticas. Outros preferem ir estudar par o estrangeiro e há também estudantes que vão fazer uma pausa, para reflectir sobre o que pretendem fazer em relação ao seu futuro.
Cada um dos trabalhos traduzem o percurso individual de cada aluno são também “reveladoras das tendências atuais na prática da arte contemporânea”, afirma nota sobre esta exposição que acontece num ano atípico.
“Só os podemos saudar pelo papel do engenho, astúcia e habilidade com que redireccionaram respostas e testaram novas hipóteses”, explica o mesmo texto sobre esta mostra que ainda destaca a obstinação destes novos artistas que acreditaram “na relevância da sua prática e do seu papel no mundo”.
Os vários finalistas escolheram vários meios para concretizar as suas propostas.
Na escola e nos museus estão diferentes propostas de pintura, escultura, desenho, instalação, vídeo, livro de artista ou performance sonora. Há obras que foram realizadas em diferentes materiais desde o gesso, o tijolo, betão, ferro e até pedras.
A mostra inclui, ainda, conjuntos de desenho e de pinturas que podem ser apreciadas no foyer do edifício principal da escola de artes. Nos quatros espaços museológicos estão presentes várias instalações, propostas em vídeo, desenho, pintura e também em animação digital e que prometem surpreender os visitantes.
Do programa desta iniciativa ainda faz parte o lançamento de uma publicação que acontecerá a 14 de Outubro, pelas 17h00. “Cada aluno trabalhou uma página dessa publicação”, disse a professora referindo que esta publicação não será um catálogo, mas sim uma extensão da própria exposição.
Em “O papel do Engenho” procura-se ainda articular “múltiplos processos construtivos, estéticos, críticos — tantos quantos o seu número de participantes o permite”.
Para estes finalistas chega ao fim um percurso de três anos “ao redor de ateliers, oficinas, anfiteatros, bibliotecas, e entre os seus e os nossos pares, num trabalho conjunto, de diálogo, prática constante, tentativa e erro, promovendo a sua liberdade na procura de uma voz singular, autoral, emancipada”.
A exposição “O papel do Engenho” tem previstas uma visita itinerante que terá lugar a 14 de Outubro, pelas 16h00, uma hora antes do lançamento da publicação sobre esta exposição de finalistas.

































