Com cerca de uma década de existência, o Parque Tecnológico de Óbidos (PTO) está numa fase de expansão, com a venda já concretizada de cinco lotes para instalação de empresas. Para inícios de Outubro está prevista uma nova hasta pública.
Situado entre as Caldas e Óbidos, junto à A8, alberga 32 empresas, onde trabalham cerca de 200 pessoas. A grande maioria são pequenas tecnológicas sediadas nos edifícios centrais, que têm uma ocupação na ordem dos 85%.
Miguel Silvestre, director executivo do PTO, vê na especulação imobiliária que se vive em Lisboa uma oportunidade para a região e afirma que “seria interessante conseguirmos vender o Oeste como o melhor local para trabalhar, principalmente no sector das tecnologias”.

 

 

O PTO é actualmente composto pelos edifícios centrais e duas empresas com instalações próprias.

Cinco empresas instaladas nos edifícios centrais irão construir as suas próprias instalações no Parque Tecnológico. Os lotes foram vendidos recentemente, em hasta pública, por 23 mil euros e as tecnológicas têm agora um ano para se fixar. A venda de terrenos não tem sido usual, com as empresas de base tecnológica a preferirem ocupar espaços nos edifícios centrais que foram construídos há cinco anos. A excepção é a empresa Janela Digital, a funcionar em instalações próprias desde o início do projecto, e também a New Oxigen, que ocupa agora o edifício construído pela Creative Land.
O município irá colocar, em Outubro, mais lotes à venda e, de acordo com o director executivo do Parque, Miguel Silvestre, já existem empresas interessadas, nomeadamente na área da engenharia, externas ao PTO.
A primeira fase contempla 29 lotes, dos quais nove já estão vendidos, e está prevista uma fase posterior, cujo espaço ainda não está infraestruturado, num total de 55 lotes.
Miguel Silvestre considera que o futuro do PTO terá que passar pela instalação de empresas, mas a tarefa não é fácil pois as tecnológicas para as quais o local está vocacionado não têm uma preocupação em construir. “As empresas de software, por exemplo, querem instalar-se em espaços já existentes, daí os edifícios centrais estarem sempre ocupados”, explica o responsável, acrescentando que nos lotes deverão nascer empresas de serviços na área da engenharia, de construção de equipamentos e ligadas à arquitectura e design.
“Estamos abertos à Indústria 4.0, de empresas com altos níveis de automação e uma forte dimensão tecnológica”, diz, fazendo notar que proibidas estão as de base poluente.

Edifícios centrais com 85% de ocupação

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A incubadora começou por funcionar no Convento de S. Miguel, até que há cinco anos passou para os edifícios centrais. Actualmente possui cerca de 30 empresas, que representam uma ocupação de 85% do espaço. Miguel Silvestre considera que o ideal é de 90% da ocupação, até porque convém haver salas disponíveis para projectos que possam aparecer e que sejam muito interessantes de ter no Parque.
As tecnológicas instaladas são, na maioria, da região e algumas de Lisboa que têm uma pequena parte a funcionar em Óbidos, e outras estrangeiras, como é o caso da irlandesa a Grid Finance, que faz a gestão e trabalho de software sobretudo para o mercado daquele país.
De acordo com o director executivo do parque, nos últimos anos têm procurado trabalhar no fortalecimento das empresas que são da região, para que esta possa afirmar-se no segmento da economia digital.
Distribuídas pelos diversos espaços estão empresas das áreas de arquitectura, comunicação, marketing digital, bem como outras que trabalham em inteligência artificial, visão por computador e na área das finanças.
Há uma lógica de rotatividade nos espaços dos edifícios centrais, tendo as empresas um limite de fixação que varia entre os três e os cinco anos. Miguel Silvestre é da opinião que este programa clássico das incubadoras, em alguns casos, deve ser revisto e adaptado consoante as características das pessoas e dos projectos. “Demorámos algum tempo a que as empresas colaborassem umas com as outras e esse tempo não se coaduna com esses prazos”, explicou.
O trabalho com as escolas e a formação é outra das apostas do Parque Tecnológico. Miguel Silvestre salienta que continua a haver pouca gente com formação para trabalhar. “Temos que ser mais competitivos para atrair pessoas e talentos”, diz o responsável que vê na especulação imobiliária que existe actualmente nos grandes centros uma oportunidade para esta região.
“Seria interessante conseguirmos vender o Oeste como o melhor local para trabalhar, principalmente no sector das tecnologias”, defende Miguel Silvestre, dando a conhecer que algumas empresas já têm mais facilidade em contratar trabalhadores de Lisboa, por exemplo.
Entre as soluções para a atracção de profissionais está a disponibilização de residência, que poderá ser usada durante um ou dois meses, até a pessoa encontrar o local onde quer morar.

Startup Óbidos

A 15 de Outubro será lançado o “Startup Óbidos”, um programa de incubação e aceleração de ideias de negócio na área digital. “Precisamos de ter os nossos métodos e metodologias de apoio a quem tem ideias de negócio e as queira desenvolver”, explica o director executivo, acrescentando que este projecto será feito em parceria com a Núcleo Inicial. Com um limite máximo de 20 participantes, o programa é gratuito, terá uma duração de oito semanas e inclui, por exemplo, o ensino à distância através de plataformas digitais.
O Parque está também ligado às escolas através dos projectos Academia deCode (ensino de programação e robótica) e My Machine (criação de máquinas por crianças) e a outras entidades de formação, como o Cencal ou o Instituto Politécnico de Leiria, para a reconversão de pessoas desempregadas para a área tecnológica.
Há ainda o interesse em perceber o que os jovens gostam. Nesse sentido, foi feito recentemente o primeiro evento eSports (jogos virtuais), que terá repetição em Junho do próximo ano.
Pelo recinto foram criados pequenos equipamentos para aumentar o grau de relação entre as pessoas e o espaço. Para tornar o espaço mais atractivo e potenciar o convívio, já foram plantadas mais de 100 árvores, há um campo de ténis e de futebol e são dinamizados eventos ao longo do ano. “A ideia é que o Parque tenha cada vez mais a lógica de campus”, conclui o seu director executivo.
O PTO é gerido pela Obitec – Associação Óbidos Ciência e Tecnologia, que conta com o município e universidades como principais parceiros.

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