Para o bem e para o mal, o ser humano é sempre capaz de nos surpreender. Mas nos últimos dias ficámos a saber que, a propósito do processo de vacinação à covid-19, se ultrapassaram limites que julgávamos ser intransponíveis à lei do bom senso e da ética.
Mesmo nestes tempos tão sombrios e de incerteza, passámos de um período em que da falta de valores na sociedade se passou à completa falta de respeito. E também, de forma lamentável, à falta de vergonha.
Que este era o país das cunhas, do amiguismo e do chico-espertismo já se sabia. O que não se esperava era que, perante uma crise sanitária sem precedentes, se desenrolasse uma verdadeira “novela” de aproveitamento pessoal de quem tinha a obrigação de pugnar pela defesa do interesse público.
Além disso, pior do que agir de forma incorreta é querer justificar esse erro com justificações inaceitáveis e que, pior, apenas servem para comprovar a arbitrariedade com que alguns dirigentes atuaram num processo que merecia outros cuidados.
Um pouco por todo o país há relatos de aproveitamentos, que causam a revolta daqueles que, estando na linha da frente do combate à pandemia, se sentem injustiçados e traídos por aqueles que tinham a obrigação de os defender.
Esperemos, ao menos, que as notícias que têm vindo a lume sobre esta matéria façam despertar consciências e apurar responsabilidades, pois a culpa não deve, nem pode, morrer solteira, como tantas vezes sucede. ■
Da falta de valores à falta de respeito
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