Crise na construção civil leva à insolvência da J. L. Barros & Cunha Gomes, SA

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Luis Saraiva diz que a insolvência da empresa não é irreversível

 

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A empresa caldense J. L. Barros & Cunha Gomes, SA pediu a insolvência em Julho passado e aguarda pela assembleia de credores que terá lugar no próximo dia 27 de Setembro.
Luís Saraiva, administrador desta sociedade anónima, que é gerida em conjunto com o sócio José Manuel Silva Gomes, do Porto, diz que tem um projecto – que não quis divulgar – para salvar a empresa e assume a existência de divergências na estrutura accionista pois os dois sócios têm posições divergentes sobre o negócio.
A J. L. Barros dedica-se à venda de materiais de construção civil, um dos sectores mais afectados pela crise.

O processo de insolvência de uma das maiores empresas caldenses de venda de materiais de construção civil deu entrada a 23 de Julho no Tribunal das Caldas da Rainha, que nomeou o administrador de insolvência, Rui Manuel Olivença Pedro, de Torres Vedras, para a gestão corrente da empresa.
O valor da acção de insolvência é de 2,3 milhões de euros. A empresa confronta-se ainda com duas acções judiciais dos credores Thyssenkrupp Elevadores SA e José de Quintana Munoz Serrano, no valor, respectivamente, de 7 mil e de 30 mil euros. Ambas foram contestadas.
Luís Saraiva, sócio-gerente, disse à Gazeta das Caldas que espera ainda salvar uma empresa, que data de 1918 e que durante décadas foi uma presença marcante no centro da cidade.“Há que desmistificar as insolvências. Com o novo código a insolvência não é mais do que a protecção de credores, dando algum tempo até que a empresa se possa reorganizar”, disse,acrescentado que a J. L. Barros tem as contas em dia com as Finanças, com a Segurança Social e com os trabalhadores. As dívidas são só com os

A J. L. Barros foi fundada em 1918 e teve sede durante o séc. XX na rua Júlio Lopes. O armazém da Estrada da Foz daria mais tarde lugar à sede da empresa após um investimento de 1 milhão de euros graças à entrada no seu capital do grupo Cunha Gomes

fornecedores.
Mais: “esta empresa não tem uma hipoteca, nem uma livrança avalizada, nem qualquer garantia bancária”, diz o mesmo responsável, sublinhando que isto é uma situação invulgar em empresas em processo de insolvência, pelo que há esperança na sua recuperação.
Luís Saraiva diz que tem um projecto que vai apresentar aos credores em Setembro, que permitirá salvar a J. L. Barros. Essa estratégia, que não quis divulgar, passa, no entanto, pela diversificação da actividade e pelo aproveitamento das boas instalações que a empresa possui numa localização privilegiada à entrada da cidade, junto ao nó da A8.
Este empresário diz que existem divergências com o seu sócio do Porto, José Manuel Silva Gomes, proprietário do grupo Cunha Gomes – um gigante da venda de materiais de construção civil – que desde 1991 entrou no capital da firma caldense que passou desde então a chamar-se J. L. Barros & Cunha Gomes, SA.
“Em 1991 fizemos o que tínhamos de fazer e não me arrependo porque a empresa evoluiu, mas este casamento só foi bom até há três anos”, disse Luís Saraiva à Gazeta das Caldas.
O responsável diz que vislumbrou antecipadamente sinais da crise e que fez uma proposta ao seu sócio, que não mereceu o seu acordo. Desde então as divergências acentuaram-se.
Em 2011 a empresa facturou 4,6 milhões de euros, um valor superior aos 3,8 milhão do ano anterior. Mas chegou a Dezembro passado com prejuízos de 20 mil euros.
Nos seus tempos áureos a J. L. Barros chegou a ter 73 funcionários. Nessa altura detinha secções de venda de artigos de desporto, caça, pesca e agricultura. No fim dos anos oitenta decidiu concentrar a sua actividade na venda de materiais de construção civil, tendo em 1991 aumentado o seu capital social para 1 milhão de euros, com a entrada da Cunha Gomes.
Há quatros anos ainda contava com 50 empregados, mas hoje já só são 30. Luís Saraiva sublinhas que os ordenados estão em dia.
Apesar das várias tentativas da Gazeta das Caldas, o empresário José Manuel Silva Gomes, do grupo Cunha Gomes, que detém 50% do capital da empresa caldense, não quis falar ao nosso jornal.

Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

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