Construção civil não parou durante a pandemia, mas teme impactos futuros

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    Há várias obras em curso no concelho

    O sector da construção civil não parou durante a pandemia, até porque não lida com o público. Os constrangimentos foram ao nível dos materiais, mas parecem ultrapassados. Ainda assim, já se sente a retracção na procura, mas a grande preocupação é com os impactos económicos e a futura comercialização dos imóveis.

    “O sector não parou e está a trabalhar”, realça Sérgio Pereira, da Agostinho Pereira Construções, acrescentando que na construção não se sentem “tantas dificuldades como outros sectores que têm contacto com o público, como o pequeno comércio ou a restauração”.
    “Temos várias obras a decorrer e não pararam, nunca parámos”, fez notar, salientando ainda assim que sentiram “limitações de alguns fornecedores de materiais, que tinham dificuldade em entregar material, porque alguns numa primeira fase fecharam as portas para reorganizar o serviço”.
    Ainda assim, e como a Agostinho Pereira Construções praticamente não utiliza os serviços de loja, mas as entregas e como tem silos para armazenar material, a empresa tem conseguido superar os constrangimentos.
    No dia em que falou com a Gazeta das Caldas, Sérgio Pereira encontrava-se numa obra da firma, a construção de um prédio, onde tinham uma dúzia de trabalhadores a laborar e duas empresas subcontratadas, uma, do Bombarral, a montar o INOX. “A curto prazo vamos arrancar com uma obra com uma equipa de Lisboa que vem montar a estacaria”, exemplificou.
    A grande preocupação está no futuro, nomeadamente na comercialização dos imóveis. Isto porque “o mercado retraiu e não há procura. Mas se isso já se nota no presente, creio que terá um impacto ainda maior no futuro, porque com as dificuldades económicas as famílias vão ter dificuldade no acesso ao crédito”, explicou.
    Isto tem especial importância “num sector que tinha começado a crescer recentemente e que agora leva esta machadada”.

    PREOCUPAÇÃO COM O FUTURO DO SECTOR

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    Ricardo Querido, da sociedade de construções Henrique Querido, corrobora a ideia de que “o sector não parou”, esclarecendo que na primeira semana de estado de emergência foram feitos alguns ajustes e depois as coisas voltaram praticamente ao normal. “Mesmo a falta de materiais quase não se sentiu, apesar de algumas lojas terem fechado”, o que se deveu ao facto de terem aprovisionamento de materiais e a terem encontrado outras opções quando necessário.
    “Ao dia de hoje temos entre 20 e 30 pessoas a trabalhar, entre funcionários directos e empreitadas”, esclareceu, acrescentando que a empresa tem a decorrer quatro obras.
    Também Ricardo Querido se mostra preocupado com o futuro. “O que nos preocupa é o desconhecimento em relação ao que vem a seguir”, afirmou, notando que grande parte do mercado passa por cidadãos estrangeiros que investem em Portugal.
    “Sei de negócios que ficaram em stand-by por causa desta situação e não sei qual será o desfecho”, disse, antes de lamentar “não sentir incentivo nenhum destinado a este sector que é uma pedra basilar da economia”.
    “A construção representava cerca de 17% do PIB antes da pandemia”, alertou, referindo ainda que, apesar da ideia generalizada de que o mercado imobiliário tem uma grande margem de lucro, essa é uma realidade que sente que não se aplica no Oeste, mas sim nos grandes centros urbanos.

    PEQUENA BRICOLAGE COM MAIS PROCURA

    Catarina Leal, da Lealmat, corrobora que “o sector não parou” e salienta o esforço que fizeram para não fechar durante este tempo, até porque, enquanto fornecedores de material, o sector depende deles para continuar a laborar. “Nunca fechámos, temos a loja aberta mas com condições de segurança adaptadas, para que tantos os clientes como os trabalhadores se sintam seguros”, disse, explicando depois que inicialmente faziam o atendimento à porta, mas posteriormente optaram por instalar uma antecâmara, fazendo com que o cliente não entre na loja.
    Apesar de o sector não ter parado, Catarina Leal revela que sentiu “um abrandamento”, especialmente ao nível dos clientes profissionais.
    Na categoria dos pequenos clientes sente-se um ligeiro aumento na procura daqueles que aproveitam a situação – e o facto de passarem mais tempo em casa -, para fazer a pequena bricolage e os arranjos esporádicos.
    Também a empresária sente que “há um receio e uma incógnita em relação ao futuro”.

    OBRAS PÚBLICAS TAMBÉM CONTINUAM

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