Centros de apoio social e à deficiência estão preocupados com o futuro

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    Os centros de apoio à deficiência debateram-se com dificuldades para adquirir material de protecção

    Alguns dos centros de apoio social e à deficiência do Oeste adaptaram os seus serviços à nova realidade. Há, no entanto, preocupações com as dificuldades financeiras que já se fazem sentir e com os investimentos que foram necessários para adquirir as protecções individuais. Há quem tenha arregaçado as mangas e esteja a fazer máscaras para a própria entidade. Gazeta das Caldas fez uma ronda pelas estruturas que apoiam centenas de utentes nos concelhos das Caldas, Peniche, Alcobaça e Nazaré.

    Uma parte dos serviços presenciais do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor (CEERDL) foram encerrados, mas o contacto com os utentes mantém-se por telefone e com deslocações aos domicílios. As equipas funcionam em espelho com rotatividade semanal, alguns colaboradores estão em tele-trabalho e as equipas no activo foram reduzidas.
    Ana Domingos, da direcção da CEERDL, garantiu à Gazeta que a instituição tem material de protecção individual adquirido nos fornecedores habituais e ainda tiveram donativos da autarquia, a Junta do Pópulo e de empresas como a Casa das Peles, a Fidelidade, Barros e Moreira e MRTech.
    Os funcionários e alguns voluntários, “estão a costurar máscaras em TNT e em tecido, para distribuir pelos técnicos e utentes que estão actualmente no seu domicílio”, referiu a responsável.
    As respostas sociais da entidade, como o Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação, estão a funcionar presencialmente, mas o atendimento foi reajustado às novas exigências.
    Os clientes do Lar Residencial e Residência Autónoma, “foram redistribuídos, foi criado um novo espaço de atendimento residencial e assim reduziu-se o número de utilizadores por residência, onde não há visitas”, acrescentou Ana Domingos.
    Os serviços à comunidade funcionam com redução de equipas e do horário de atendimento. A dirigente considera que o apoio prestado nesta altura “é insuficiente para as necessidades dos utentes”. Contudo, diz que “não há situações agudas ou de emergência” e explicou que o centro tem formandos nas empresas da região, esperando “que seja possível retomar os estágios profissionais e os contratos de emprego que estavam a ser acompanhados”. Preocupa-a, ainda, a sustentabilidade dos serviços à comunidade “que são uma importante fonte de autofinanciamento da organização para as respostas sociais”. O CEERDL atende por ano 534 pessoas em respostas sociais e tem 955 clientes nos seus serviços à comunidade. Possui 106 colaboradores internos (33 têm incapacidades) e 26 externos. Para já, mantêm-se todos os funcionários.

    PROTECÇÃO ENVOLVEU INVESTIMENTO

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    A CERCINA, na Nazaré, também accionou o plano de contingência, colocando os profissionais em tele-trabalho. As equipas estão em horário-espelho e revesam-se mutuamente, ao fim de 14 dias. A entidade “criou um local de isolamento devidamente equipado, na eventualidade de ser necessário isolar clientes ou profissionais”, explicou o presidente da direcção, Joaquim Pequicho.
    Só funcionam o Lar Residencial e a Residência Autónoma. Os restantes serviços estão fechados, comunicando com os seus utentes pela internet. Esta estratégia foi aplicada na formação profissional, no Centro Qualifica e no Centro de Recursos para Inclusão. Quanto à Rádio Nazaré, “a emissão continua em pleno, com destaque para temas dedicados ao surto”, disse o responsável da Cercina, que dirige 46 profissionais e 60 clientes, apoiando 180 alunos com necessidades educativas em três concelhos da região (Nazaré, Caldas e Cadaval) e adultos através do Gabinete de Inserção Profissional e do Centro Qualifica.
    A aquisição de material de protecção individual e os produtos de higiene e desinfecção exigiram investimento da Cercina, “com todas as implicações financeiras que decorrem deste investimento não previsto”, informou Joaquim Pequicho, referindo ainda que a entidade “é vulnerável à especulação e ao aumento dos preços daqueles produtos”. Doações da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, For-Mar, CIMOeste e do município ajudaram a minorar o impacto financeiro.
    “As dificuldades financeiras das organizações já se fazem notar”, disse o responsável, acrescentando que os postos de trabalho “são para manter assim como o pagamento integral dos vencimentos”. Pretende, ainda, obter mais protecção individual e a realização de mais testes. Assegura

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