Os resultados destas eleições autárquicas nas Caldas da Rainha foram negativos. Porque a abstenção venceu com maioria absoluta. E a abstenção tornou-se um prémio para quem está no poder apesar do seu mau trabalho. Porque a direita dos interesses imobilistas permaneceu no lugar de sempre. E, quando a crise agrava duramente as nossas condições de vida, mais do mesmo é uma solução péssima. Porque a esquerda se mostrou incapaz de mobilizar um projeto alternativo.
Pela parte que me toca, podia refugiar-me na votação nacional do Bloco de Esquerda, justificar-me com a estrutura tradicional de voto no concelho, falar no caráter excecional do resultado anterior, explicar que onde surgiram movimentos independentes os resultados do Bloco pioraram, ou até queixar-me do mais baixo orçamento desta campanha eleitoral. Não o vou fazer. Nada disto explica este resultado. Nem procuro desculpas. Assumo pessoalmente e por inteiro a responsabilidade pela derrota eleitoral do Bloco de Esquerda nas Caldas da Rainha, pela orientação programática e política escolhida, pelo trabalho desenvolvido pela candidatura e pela sua forma de comunicar.
Agora, é tempo de repensar e de insistir. É tempo de repensar as formas do trabalho local, a sua organização ao longo do tempo, os seus meios e objetivos. É tempo de repensar a relação entre o trabalho político ao nível local e ao nível nacional. É tempo de repensar o trabalho político para além das instituições, mesmo quando se é eleito para elas. É tempo de repensar a forma de comunicar. É tempo de repensar o que deve um partido fazer.
É também tempo de insistir. É tempo de insistir nas causas pelas quais vale a pena lutar. Sejam mais ou menos a contracorrente, rendam ou não votos. É tempo de insistir na coragem da coerência.
É tempo de insistir que a cidade não se pode deixar suburbanizar e que os espaços rurais não podem continuar votados ao abandono, que a Escola Pública não é um negócio, que os serviços públicos são um direito democrático essencial, que a Saúde não se pode continuar a degradar, que o Hospital Termal tem de ser público e que a Lagoa de Óbidos não é só um tema eleitoral.
É tempo de insistir na defesa da justiça social e da redistribuição da riqueza, no combate pelo emprego de qualidade e pelo desenvolvimento sustentável.
É tempo de insistir numa política que não tem nunca medo do contraditório e de dizer ao que vem e se recusa a cair no discurso oco. É tempo de insistir numa política feita de criatividade e de imaginação contra o reinado do marketing eleitoral vazio de ideias.
É tempo de insistir no combate à austeridade que destrói o país e as Caldas da Rainha. Esse é o combate das nossas vidas.
É tempo de insistir em tanto e aparentemente com tão poucos meios… Mas é precisamente por isso que é sobretudo tempo de insistir na determinação. Orgulho-me de ter estado nesta campanha eleitoral ao lado de quem se dedicou com um esforço notável e com o altruísmo de quem faz política sem esperar quaisquer benesses em troca. A garra destes meus camaradas foi a única mas enorme vitória que guardo destas eleições. Porque continuamos e continuaremos, esta é uma força preciosa e urgente que sei que estará presente nos combates decisivos que temos pela frente. E faz toda a diferença.


































Concordo na generalidade. Mas também é tempo de procurar conhecer o concelho e as suas gentes: as potencialidades, os entraves, as forças de inércia e de mudança, os aliados concretos que, no terreno, sejam capazes de agir, individual e coletivamente, nos vários planos da vida social, no sentido de melhorar/modificar situações desfavoráveis para as populações. Mais do que professando discursos ex cathedra, a política hoje devia fazer a partir das pessoas, com elas e para elas, esgotando-se aí todo o norte da atividade político-partidária.
Apesar do BE ter perdido, tenho a certeza que se vai empenhar em crias pontes e relacionamentos bons com o PSD. É preciso olhar para dentro primeiro para depois se olhar para fora. É preciso acreditar nas nossas potencialidades e conhecer as nossas gentes. É preciso, acima de tudo, que os nossos líderes sirvam para servir e não para mandar!