Atribuição de 27.500 euros ao concerto de Tony Carreira divide executivo caldense

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A Câmara das Caldas deu 27.500 euros (mais IVA) para a realização do evento do Continente que decorreu no passado domingo 2 de Agosto e que contou com um concerto de Tony Carreira. A decisão, aprovada pelo executivo camarário, teve os votos contra do PS, que diz que a partir de agora qualquer empresário deve pedir comparticipação à Câmara para desenvolver uma iniciativa publicitária sua devendo esta apoiá-lo.

Para o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, o evento Continente/Tony Carreira “correu bem” e ainda “excedeu  QUADROas expectativas”. A justificação do edil para o apoio financeiro de 27.500 euros a esta iniciativa prende-se com o facto deste cantor ter um chachet “muito superior” e assim, em parceria com o Continente, poder trazê-lo às Caldas da Rainha.
O autarca lembrou que em 2009 só para o artista actuar no 15 de Maio cobrou 45 mil euros (ver caixa). “Assim em parceria foi mais fácil e possível realizar  cá o concerto”, explicou o autarca. Se tivesse que ser pago na totalidade “todo o road show deverá rondar os 80 mil euros”, disse à Gazeta.
Como tal, e tendo pago menos de metade, Tinta Ferreira considera que esta foi uma iniciativa acertada “porque trouxe visibilidade e muita gente às Caldas e a cidade foi falada na televisão (TVI)”. Além do mais, “muita gente expressou-me o seu agrado por esta nossa opção que atraiu gente da região e de fora às Caldas”.
Em total desacordo – tanto que os seus vereadores votaram contra esta opção – está o PS. Em comunicado, explicam que votaram contra o pagamento da Câmara para garantir a realização do espectáculo, por este estar integrado numa acção de campanha publicitária de uma grande superfície comercial.
Os socialistas, que nada têm a dizer sobre o artista ou a dinâmica comercial dos empresários nas Caldas da Rainha, acham que é preciso “tratar todos os empresários caldenses de igual forma”, e como tal não aceitam “que se abra o precedente de permitir que uma empresa beneficie de dinheiros públicos para publicitar o seu negócio e converter espaços nobres, centrais da cidade em estaleiros publicitários”.
Os socialistas foram os únicos a votar contra esta subvenção de quase 30 mil euros, mesmo considerando que “não agiram contra o evento em si ou contra a iniciativa em si”.  Só não aceitam que se pague o valor em causa  “apenas para garantir que essa acção publicitária aconteça nas Caldas da Rainha e não noutra localidade”.
O PS diz mesmo que, com este apoio, foi aberto um precedente: “a partir desta deliberação, qualquer empresário deve pedir comparticipação à Câmara para desenvolver uma iniciativa publicitária sua. E não deve ver recusado o seu pedido”. Os socialistas consideram que “não é possível documentar o benefício e o retorno que a realização deste evento trouxe para as Caldas, especialmente se o concerto decorreu a uma hora em que nem sequer a maior parte dos estabelecimentos comerciais está aberta”. Os vereadores acham que mesmo que houvesse “um extraordinário retorno turístico e publicitário das Caldas”, seria “indispensável que esse retorno fosse quantificável, ou no mínimo, estimável, para que se considerasse a atribuição deste apoio financeiro. Nenhum destes dados foi sujeito a consideração”, remataram.
O vereador Rui Gonçalves seguiu as orientações do seu partido (CDS-PP) e votou a favor, mas publicamente já manifestou o seu desacordo ao apoio financeiro da Câmara a estas actividades de cariz recreativo. Ainda para mais, disse, tratando-se de uma operação de marketing, “não se justifica a comparticipação da autarquia”. Além de estar, a nível pessoal, contra o apoio ao concerto de Tony Carreira, também se manifestou contra o apoio da Câmara às festas que se realizam no areal da Foz do Arelho. Rui Gonçalves diz que estas festividades têm um apoio na ordem dos 33 mil euros. Para o OestFest foram 13.500 (mais IVA). O PS e este vereador do CDS consideram que há outras sectores onde a Câmara das Caldas poderia investir melhor o erário público.

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