
Faleceu no sábado de manhã, o pintor José Pires, vítima de pneumonia, seguida de uma septicemia. O funeral decorreu no domingo à tarde no cemitério de Sto. Onofre.
O artista nasceu nas Caldas em 1956 e cedo se dedicou ao desenho, à pintura e à cerâmica. José Pires tornou-se ceramista profissional em 1972 e desde então trabalhou como vidrador e forneiro na Secla (até 1989) e posteriormente na Fábrica de Faianças Artísticas das Caldas, onde também foi pintor.
Já nos anos 90, José Pires viveu na Bélgica e em França. Acabou por regressar a Portugal em 1995 e desde então expôs regularmente em vários locais de Portugal e no estrangeiro.
Para Maria da Conceição Pereira, vereadora da Cultura, José Pires era um artista que “deixa a saudades em todos nós”. Conhecia-o há muitos anos – já que ambos laboravam na Secla – e apesar de se ter empregado nas unidades industriais, “a sua grande paixão sempre foi a pintura”, disse a autarca.
Apesar de José Pires ter tido “uma vida complexa, atribulada e um pouco libertina, comum nos artistas”, Maria da Conceição crê que “ele fez o que gostaria de ter feito, com alegria e liberdade”.
A vereadora recordou que a autarquia já tinha homenageado este pintor e a sua obra a 15 de Maio de 2012, altura em que o pintor realizou uma exposição no CCC (ver caixa).
Uma das melhores amigas de José Pires é Adelaide Ferreira. A cantora caldense era muito próxima do pintor, assim como a sua irmã Mila. “O Zé era a minha alma gémea…Tínhamos uma ligação muito forte ”, disse a artista à Gazeta das Caldas. A caldense chegou a convidar o artista para passar o Natal com a sua família e recordou os dias de juventude em que acampavam nas Berlengas ou no Parque de Campismo da Orbitur no Parque D. Carlos I. “Era como um irmão espiritual…”, disse Adelaide Ferreira que veio ao funeral do seu grande amigo no domingo passado. A cantora gostaria ainda de organizar com os amigos do pintor uma angariação de fundos que permitisse adquirir uma lápide. “Com o apoio de amigos e empresas locais podemos ajudar a que não se esqueça o Zé Pires e a sua obra”, disse Adelaide Ferreira que ao longo da conversa com este semanário acabou por se emocionar ao recordar o seu amigo.
“Sementes da Primavera” no CCC
Numa das últimas entrevistas que deu à Gazeta das Caldas (publicada na edição de 18 de Maio de 2012), a propósito da inauguração da sua exposição “Sementes de Primavera”, o artista afirmava que o seu percurso de autor tinha sido marcado por “altos e baixos” e que foi com “um grande orgulho” que viu inaugurar em pleno Dia da Cidade a sua exposição de trabalhos em acrílico e aguarela no CCC.
A mostra era constituída por 24 quadros que estiveram no foyer e no restaurante do centro cultural. Nas suas pinturas, como era habitual, foi dado destaque à figura feminina, nos seus vários papéis: “a mulher, mãe, amante, camponesa ou romântica”, disse o autor à Gazeta, naquela inauguração, referindo-se às obras “Mulheres na Praça da Fruta”, “Bela Camponesa” e “Mulheres da Nazaré”.
Presente esteve o presidente da Câmara das Caldas na altura, Fernando Costa que então salientava a presença de muitas pessoas que “têm contribuído para minorar os problemas da vida de José Pires”. Um facto também reconhecido pela mãe do pintor que, emocionada, interrompeu o discurso para agradecer ao autarca “tudo o que tem feito” pelo filho. Fernando Costa afirmou naquele 15 de Maio que “os maiores artistas ou grandes pintores nunca morrem” e que seria assim com aquele pintor caldense, a quem a autarquia tinha acabado de atribuir a Medalha de Mérito Municipal Cultural.






























