Associação Acreditar dá tecto e apoio às famílias das crianças com cancro

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notícias das CaldasA cor cinzenta do nº 73 da Rua Prof. Lima Basto, frente ao Instituto Português de Oncologia (em Lisboa) contrasta com a cor e calor do seu interior. Pelos seis andares distribuem-se 12 quartos, várias salas, cozinha e espaços administrativos da Acreditar, uma associação de apoio a crianças com cancro.
Além desta casa, situada de frente ao IPO, em Lisboa, a associação possui outra em Coimbra e prevê abrir em breve uma terceira no Porto.

A Acreditar será este ano a associação beneficiada pela corrida solidária organizada pela Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, a 10 de Dezembro. Paralelamente estão a ser organizadas diversas iniciativas, junto das escolas, com o objectivo de angariar donativos para esta associação.Actualmente vivem oito famílias na Casa Acreditar de Lisboa, mas a sua capacidade é de 12. Trata-se de uma casa de acolhimento de crianças e das suas famílias, durante o tratamento em ambulatório e tem recebido sobretudo pessoas oriundas da região do Alentejo, Algarve, Açores, Madeira e também dos PALOP. Também já receberam famílias da região Oeste, mas destas a maioria dirige-se a Coimbra, onde decorrem os tratamentos.

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Cada família prepara as refeições e trata do seu quarto e possuem uma escala de serviço para as partes comuns. “Isto permite que as famílias se sintam um bocadinho como se estivessem em sua casa”, explica a presidente da Acreditar, Margarida Cruz, destacando que o convívio e apoio entre pessoas com o mesmo problema são bastante importantes.
O acolhimento é gratuito, cabendo às famílias comprar e preparar a alimentação, que muitas vezes é partilhada entre os vários residentes.
Também não há limite quanto ao período de permanência na casa, apenas há a condição destas virem encaminhadas pelos serviços sociais do hospital (IPO) com o qual têm um protocolo.
A associação reserva 30% da casa para as famílias provenientes dos PALOP. Uma taxa que não pode ser mais alta tendo em conta que as pessoas vindas destes países ficam, em média, três anos, e havia o risco de não conseguir dar resposta aos outros pedidos. Já a média da estadia de pessoas do continente é inferir a um mês, pois normalmente vêm várias vezes durante o tratamento.
A Casa Acreditar de Lisboa recebe cerca de 220 famílias por ano. A de Coimbra, com 20 quartos, recebe cerca de 300. Na Madeira a casa da associação funciona como centro de dia.
A associação possui uma psicóloga que ajuda em casos pontuais, mas Margarida Cruz explica que a intervenção de fundo é normalmente feita pelos hospitais. “Nós damos apoio emocional”, explica, adiantando que normalmente as pessoas procuram saber informações sobre o processo da doença com outros pais.
“É muito importante saber que se pode passar por isto [cancro] e sair fortalecido e bem, voltar a fazer a sua vida”, afirma a responsável da associação, que também conta com a participação de vários jovens voluntários (que já tiveram cancro) para partilhar as suas experiências.
A Acreditar também disponibiliza, gratuitamente, mais de uma dezena de publicações destinadas a vários públicos, onde são dadas informações simples, mas cientificamente correctas. Trabalham para a associação 12 profissionais e 350 voluntários, que dão o seu contributo em hospitais, domicílios, e nos vários projectos, entre eles o “Arco Iris”, que promove os cuidados paliativos pediátricos e está a ser iniciado no norte do país.

Mais pedidos de apoio social

A Casa Acreditar de Lisboa foi inaugurada em 2002 e, na sua concretização, contou com o apoio de vários mecenas (empresas e particulares) e do Feder, no âmbito do programa Saúde XXI. A Casa de Coimbra já não teve qualquer apoio comunitário nem estatal e a do Porto, cuja obra esperam iniciar a médio prazo, também não deverá contar com apoios públicos.
Além dos apoios na construção, a associação conta com a disponibilidade da sociedade civil para a sua manutenção, que é elevada. A despesa anual da casa de Lisboa ronda os 160 mil euros e da de Coimbra os 200 mil euros.
Quem os apoia são, essencialmente, “acções como a que vai ser desenvolvida nas Caldas, que tem duas vertentes, uma de angariação e outra de sensibilização da população, que fica a conhecer melhor a associação Acreditar”, conta Margarida Cruz.
A casa de Lisboa continua a ter um pequeno apoio da Segurança Social, mas a responsável não esconde que, actualmente, a preocupação é grande. “As pessoas têm mais dificuldade e, tal como as outras instituições, temos cada vez mais pedidos de famílias, de apoio social”, conta, explicando que normalmente um dos pais tem que se desempregar e perder rendimento durante a fase da doença do filho. Existem, inclusive, casos de famílias que não conseguem pagar as suas rendas, o empréstimo da casa e outras até com dificuldades alimentares.
Só na zona norte a associação presta apoio, ao nível dos alimentos a 70 famílias, com a ajuda do Banco Alimentar. “Temos pedidos crescentes, em Maio já tínhamos esgotado o orçamento para o ano inteiro a nível de apoio social”, refere Margarida Cruz.
As pessoas podem ajudar a Acreditar de três formas diferentes, doando bens ou dinheiro, dando sangue ou medula, ou ainda divulgando o trabalho prestado pela associação e participar nas suas actividades.
Na altura de Natal é sempre feita uma festa nas várias casas e distribuídos brinquedos pelos miúdos. Normalmente são recolhidos cerca de 300 a 400 brinquedos para dar e as ofertas são bem-vindas. Contudo Margarida Cruz deixa um apelo para que apenas sejam oferecidos brinquedos novos. “Não têm que ser caros porque uma criança não lhe liga mais por isso, mas é importante que tenham, pelo menos no Natal, um brinquedo novo”, diz, acrescentando que na casa têm jovens até aos 18 anos.

Corrida voluntária

Este ano a Corrida pela Vida, organizada pela Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, que irá decorrer no dia 10 de Dezembro, vai apoiar a associação Acreditar. A ideia nasceu o ano passado, quando “nos lembrámos de fazer um evento desportivo de atletismo e decidimos que tinha que ser dedicado a uma causa”, conta José Cardoso, membro do executivo daquela Junta, acrescentando que o donativo reverteu para a Associação de Luta contra a Leucemia.
O evento solidário contou em 2010 com a presença de 225 atletas e este ano a organização irá limitar a 500 o número de participantes que irão percorrer 10 quilómetros da cidade.
As inscrições têm um custo de 10 euros e encontram-se abertas até ao dia 8 de Dezembro.
Tendo em conta que este ano se comemora o Ano Internacional do Voluntariado, a Junta de Freguesia está também a tentar angariar outro tipo de donativos para a associação, como é o caso de pensos rápidos coloridos para uso infantil, e outros objectos, com o apoio das escolas das Caldas.

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