Abençoado Serviço Nacional de Saúde

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    Li algures, há poucos dias atrás, um post em que se dizia que nesta crise sanitária o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não tinha funcionado assim tão bem, porque o número de mortes (na altura) era superior ao número de recuperados da Covid. Claro que os números evoluíram e como seria, logo à partida, expectável, o número de recuperados vai aumentando, obviamente. Mas tirando a questão matemática, o rigor dos registos e a evolução dos números, que não vou analisar, a minha opinião é a de que o SNS deu uma boa resposta a esta tremenda situação.
    As estruturas hierárquicas funcionaram, os Serviços organizaram-se, os profissionais adaptaram-se, as medidas no terreno foram-se ajustando e, felizmente, a resposta foi eficaz, e não houve o caos que se receava, nem localmente nem a nível nacional. Pelo menos até agora o balanço da gestão desta pandemia foi bastante positivo e não houve a rutura dos serviços de saúde, como aconteceu em Itália, em Espanha ou nos Estados Unidos.
    Isso ficou a dever-se apenas ao nosso bom SNS? Não.
    O Serviço Nacional de Saúde, carente de investimentos nos últimos anos, não resistiria se não houvesse toda uma conjugação de fatores favoráveis e de decisões adequadas. Desde as diretrizes governativas até ao elevado comportamento cívico das populações cumprindo as regras de confinamento social. Mas também a posição mobilizadora do Presidente da República, a atitude assertiva da Oposição, a colaboração dos autarcas, o cumprimento do estado de emergência, para o qual contribuíram, pedagogicamente, as forças de segurança.
    A sociedade mobilizou-se, solidarizou-se, os profissionais de saúde foram apoiados.
    Foi tudo perfeito? Claro que não. Houve falhas, hesitações, gafes, houve inicialmente falta de equipamentos, as encomendas chegaram a prestações e os equipamentos têm sido suficientes porque houve cancelamentos de cirurgias, de consultas, de exames complementares e houve generosas ofertas de voluntários.
    Um parêntesis para uma nota, que é de esperança: quem sabe se os ventiladores que estão ainda para chegar não poderão apressar a instalação das tão ansiadas unidades de cuidados intensivos nos hospitais do Oeste?
    Portanto, um balanço francamente positivo e um panorama muito distante das desconcertantes previsões matemáticas de Jorge Buescu. Para não falar da aberrante análise dum tal Pedro Caetano, licenciado por muitas universidades, mas de certeza com um cerebrozinho muito doentiamente limitado.
    Governantes e governados estão, até agora, de parabéns.
    Mas há, como todos sabem, duas grossas nuvens no horizonte. A primeira é a possibilidade duma nova onda epidémica. Pode ser que seja longínqua, pode ser que não chegue cá, que não desabe, quem nos dera!
    A segunda é a crise económica e essa é inevitável, já está até a dar borrasca, já chove para muitos lados. E vai chover ainda muito mais, e o chapéu é pequeno. Os ossos vão ficar ensopados se não houver medidas atempadas, adequadas e coordenadas a nível nacional e internacional. Esperemos que se consigam evitar grandes enxurradas, tal como se conseguiu com a crise sanitária, graças ao serviço nacional de saúde e a todo o povo.
    Abençoado serviço nacional de saúde, abençoado povo!

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