Recebeu foral em 1332 e foi oferecida à Ordem de Cister, para integrar os Coutos de Alcobaça
Alfeizerão é uma localidade carregada de história: “Al-cheizaram”, que significava caniço ou canavial miúdo, terá sido fundada no período da invasão muçulmana da Península Ibérica e recebeu o primeiro foral em 1332, já depois de oferecida à Ordem de Cister para fazer parte dos Coutos de Alcobaça. Foi um importante porto de mar, num período em que a lagoa de Alfeizerão se unia à Lagoa da Pederneira (Nazaré), mas, mais recentemente, tornou-se conhecida devido ao pão de ló.
As primeiras referências a Alfeizerão surgem em 1147, quando D. Afonso Henriques conquistou o castelo árabe que aqui existia. A fortaleza foi reedificada, por motivos estratégicos: a defesa da costa entre o promontório da Nazaré e a península de Peniche, uma vez que a localidade era então porto de mar, com capacidade para receber mais de 80 navios de alto bordo em finais do século XVI, Também em Alfeizerão existiram estaleiros de construção naval.
Sendo uma localidade de grande relevo nos Coutos de Alcobaça, Alfeizerão foi sede de concelho até à reforma administrativa do final do século XIX, quando foi anexada ao concelho de São Martinho do Porto. Desde então, estas duas freguesias andaram lado a lado: passaram, posteriormente, para o concelho das Caldas da Rainha, “seguiram” para Alcobaça, voltaram às Caldas e, finalmente, fixaram-se em Alcobaça, desde o início do século XX.
O pelourinho, que surgiu na sequência do foral novo concedido por D. Manuel, em 1514, foi derrubado no século XIX, perdendo-se então o rasto das peças que o compunham. Segundo a DGPC, quatro destas foram encontradas em finais de 1966, por Eduíno Borges Garcia, entre uma série de elementos arquitetónicos encontrados durante as obras de ampliação da igreja paroquial de Alfeizerão. A reconstrução do pelourinho terá sido terminada em 1985. Depois de um “acidente” ocorrido com o monumento em 2002, foi novamente resposto, em 2005, no largo da Igreja Paroquial de São João Baptista, sendo motivo de orgulho para os alfeizerenses.
A freguesia é dispersa em termos territoriais, mas também em termos económicos, que assentam, sobretudo, na fruticultura, agro-pecuária, produção de laticínios, entre outros. Mas também na pastelaria, com projetos inovadores com empresas de referência e, claro, está, na tradição secular da comercialização do pão de ló, que dá continuidade à receita que ali terá chegado pelas mãos das monjas do convento de Cós.
E se as condições dos terrenos de Alfeizerão são, hoje em dia, uma vantagem para a economia local, nomeadamente para a agricultura, esta é também uma herança que chegou desde os tempos da presença monástica na região. É que os monges da Ordem de Cister concentraram ali as mais ricas salinas dos Coutos.
Já no século XX, a vila ganhou pujança no comércio, com lojas que serviam a população local e as populações de localidades e até concelhos vizinhos. Todavia, nas últimas décadas aquele setor económico tem vindo a perder algum fulgor.
Acessibilidades
Dispondo de uma área de 27,99 km², Alfeizerão tinha, segundo os últimos Censos, de 2011, 3.854 habitantes. Porém, em 1981 a população recenseada era de 4.029 habitantes, tendo a freguesia vindo a registar um ligeiro decréscimo populacional.
Ainda assim, esta continua a ser uma das mais importantes freguesias do concelho de Alcobaça, enfrentando os desafios da modernidade e procurando adaptar-se ao desenvolvimento económico e social da região e do país.
Uma das medidas de maior impacto em Alfeizerão resultou na abertura do nó de acesso à A8, que deu à vila uma maior capacidade de atratividade, permitindo, igualmente, que muitas empresas possam beneficiar dessas acessibilidades no sentido de conseguirem escoar os produtos.
“Al-cheizaram”, que significava caniço ou canavial miúdo, foi fundada pelos árabes
A relevância da freguesia pode verificar-se sob vários prismas, mas também pelo facto de possuir diversas instituições de referência, com destaque para a Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão, mas também para a Casa do Povo ou para o Centro Comunitário Pastoral José Nazário.
No que diz respeito ao desporto, o destaque vai para o Sport União Alfeizerense, clube que conquistou vários títulos distritais e que disputou a antiga 3ª Divisão nacional em 1989/90, tendo sido 17º classificado da série D, apenas a 2 pontos da salvação.
Nos finais do séc. XVI, a lagoa tinha um porto que podia abrigar 80 navios de alto bordo e estaleiros navais
Mais recentemente, o Centro Cultural Desportivo Social Casal Velho, pela mão do presidente João Camacho, tornou-se na grande referência desportiva da freguesia, com inúmeros títulos no futsal e participações nos campeonatos nacionais. E o dirigente foi um dos principais dinamizadores para a construção da igreja na localidade, envolvendo a população. Que é, afinal, a grande mais-valia desta freguesia.






























