António Marques
Técnico de Turismo
Lisboeta de sempre, fundiu de forma exemplar, através da sua obra, a ciência e a poesia, a vida e o sonho. Só aos 50 anos decidiu publicar o seu primeiro livro de poesia, inaugurando assim uma carreira que se afirmou na cultura portuguesa, António Gedeão tornou-se uma figura de referência incontornável no imaginário colectivo do povo português, sobretudo para toda a “Geração da Pedra Filosofal”.
António Gedeão, aliás Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, filho de Algarvios de Tavira e de Faro, nasceu a 24 de Novembro de 1906 em Lisboa, na Freguesia da Sé, numa casa modesta da rua do Arco do Limoeiro (hoje rua Augusto Rosa), no seio de um ambiente familiar tranquilo, marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida.
Na verdade, a sua mãe, tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que inicia o filho na arte das palavras. Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar “Os Lusíadas” de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, entra para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos.
Este factor será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, quando dá entrada na Universidade, Rómulo de Carvalho estuda Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam na Alma de António Gedeão para mais tarde as retomar.
Em 1932, um ano depois de se ter licenciado em Ciências Fisico-Quimicas, forma-se em Ciências Pedagógicas na faculdade de letras da cidade Invicta, prenunciando assim qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos – professor e pedagogo.
Publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas “Movimento Perpétuo”, assinado pela primeira vez com o pseudónimo António Gedeão. O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e, depois, no ensaio e na ficção.
A poesia de Gedeão, marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se revia profundamente nos valores expressos pelo poeta e se atrevia a acreditar que, através do “Sonho”, era possível encontrar o caminho para a Liberdade. É deste modo que o poema “Pedra Filosofal”, musicado por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao seu advento. Em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum “Fala do Homem Nascido”.
Faleceu a 19 de Fevereiro de 1997 mas a Obra Rómulo de Carvalho “António Gedeão”, essa fica para sempre nos seus poemas e na sua “Pedra Filosofal”, fazendo-nos sonhar, segredando-nos que podemos vencer se não desistirmos.


































