Uma mãe que luta pelos direitos das crianças neurodivergentes

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Bruna Lopes tem 29 anos e viveu nas Caldas, sua terra natal, até aos seis anos.  Depois a sua família emigrou para França, tendo a caldense vivido e estudado em Rennes. Atualmente, a empresária vive na Marinha Grande.

O seu primeiro filho é neurodivergente e “sempre senti que havia falta de respostas…”, contou à Gazeta das Caldas. Até ao dia em que o seu petiz lhe pediu um livro “que falasse sobre como ele era”. E Bruna é mulher de arregaçar mangas e, por isso, em novembro passado lançou o livro “Silvestre e a PHDA” . A Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção é uma condição relacionada com a neurodivergência, assim como há outras como o Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH).

E fê-lo com todo o gosto pois permitiu dar seguimento ao pedido do seu filho e juntar-lhe outras das suas paixões, que é a escrita.

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Bruna Lopes tem estado em contacto com muitos pais cujos filhos têm necessidades especiais e está a tentar levar a avante uma petição que permita alterar o decreto Lei 54/18. Este deveria garantir a inclusão nas escolas mas esta não acontece  pois o que se constata é que “há falta de recursos humanos e materiais para apoiar estas crianças”, disse Bruna Lopes. “As crianças vão crescer e serão adultos com necessidades especiais na mesma”.

Em Portugal “temos em média 90 mil crianças com necessidades especiais e muito poucos recursos”, disse a autora, acrescentando  que “há famílias que estão anos à espera  por apoios do Estado”. E por essa falta de apoios no geral, Bruna Lopes diz que quer “dar voz a estas lacunas, através das minhas ações”, contou Bruna Lopes que percorreu várias instituições e distribuiu os livros “para que todos possam conhecer mais  sobre esta problemática”.

O público- alvo são as crianças e jovens assim como a família e a comunidade envolvente.

“Tive psicólogos e psiquiatras que elogiaram o livro e o veem como um bom veículo para dar a conhecer estas problemáticas”, referiu a autora que acaba de lançar “Kevin e o Autismo”, o seu segundo livro que foi apresentado na Biblioteca de Alcobaça. A apresentação contou com a presença de uma psicóloga.

Nesta segunda obra, Bruna Lopes explica termos técnicos aliados à condição do autismo, colocando-se no papel de uma criança.

No fundo, esta caldense defende a saúde mental e vai, sempre que lhe é possível, ler as suas obras às mais variadas instituições da região. Diz-se ainda disponível para responder a entidades de todo o distrito de Leiria que queiram conhecer estas suas obras. “Considero que faço um trabalho social, voltado para as comunidades”, disse Bruna Lopes que, entre a escrita  dos dois livros,  ainda teve tempo para realizar uma curta-metragem sobre a neurodivergência e que se intitula “Batidas do Coração” .

“Fui recebida em audiência no Parlamento pelo CDS/PP  e ficou em aberto a aproximação dos meus trabalhos às escolas”, contou a autora, feliz com a oportunidade de levar os seus trabalhos até à Assembleia da República.  “Batidas do Coração” retrata comportamentos e também refere o estigma e os rótulos que se colocam às pessoas neurodivergentes. A curta-metragem, gravada em Maiorga,  foi feita em oito meses e teve o apoio na divulgação da Câmara de Alcobaça.

Uma das obras também teve apoio da CerciPeniche. Bruna Lopes vai continuar a lutar e vê-se como pessoa que quer dar um contributo para melhorar as condições de vida de quem sofre desta condição. “Não o faço só pelo meu filho mas por todos os outros que também precisam de apoio”, rematou a autora.

Apesar de viver noutra localidade, Bruna Lopes mantém ligação às Caldas. Sempre que pode dá um salto à sua terra natal com idas à Praça da Fruta e também espreitar as novidades às lojas do centro comercial La Vie.

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