Vai ser criada a Rota Mundial de Cerâmica. Foi o que ficou estabelecido no final do mês de Junho em Limoges (França), durante a realização da semana internacional da cerâmica, levada a cabo no âmbito do projecto UNIC (Urban Network for Innovation in Ceramics) do programa URBACT. Este evento organizado pela Câmara de Limoges, contou com a participação de Portugal, através da Câmara Municipal de Aveiro.
Limoges mostrou-se interessada na criação de uma rota europeia da cerâmica, com origem na rota da cerâmica portuguesa apresentada pelo Cencal – na reunião da rede UNIC em Aveiro em Junho de 2009. Agora a cidade francesa da porcelana aproveitou também para convidar várias cidades cerâmica asiáticas e lançou o desafio da criação de uma rota mundial da cerâmica.
A esta ideia deram de imediato o seu acordo as cidades Jingdehzen (da China, onde pela primeira vez foi feita a porcelana no mundo), Seto (Japão), Ichon e Gangjin (Coreia do Sul). A cidade chinesa, capital mundial da porcelana, fica próxima da montanha Kaulin, que deu o nome aquela matéria prima, tradição que foi iniciada há cerca de 1700 anos, durante a Dinastia Yuan. Actualmente Jingdehzen, com a denominação de cidade Histórica e Cultural da China, tem 1,5 milhões de habitantes e dispõe de 4.500 ateliês de produção cerâmica nos quais trabalham mais de 80.000 ceramistas e operários.
Esta cidade está a investir o equivalente a 434 milhões de dólares americanos para concretizar trinta grandes projectos, como a construção de um museu da porcelana, um museu forno imperial e um parque industrial da porcelana. Realiza anualmente uma das maiores feiras mundiais da cerâmica.
As povoações em redor de Icheon, na Coreia, contam com mais de 300 empresas cerâmica, utilizando 40 fornos tradicionais produzindo porcelanas especiais– Celadon e porcelana branca “Joseon”- para todo o mundo.
A cidade de Gangjin produz igualmente porcelana celadon, jogando um papel importante na preservação da tradição cerâmica coreana.
Seto, é uma cidade próxima de Nagoya, rica na história de 1300 anos de produção de cerâmica fina, constituindo o principal pólo cerâmico do Japão.
No projecto UNIC participam as cidades de Limoges (que coordena), Aveiro (Portugal), Delft (Holanda, Stoke-on-Trent (Reino Unido), Selb (Alemanha, Sevilha e Castellon (Espanha), Faenza (Itália), Pécs (Hungria) e Cluj Napoca (Roménia).
Primeira Rota da Cerâmica foi criada há oito anos
A primeira Rota da Cerâmica, a nível nacional, foi criada em Portiugal em 2002 pelo CENCAL, para dinamizar e promover a cerâmica no país, tendo aderido à mesma mais de três centenas e meia de participantes, entre fábricas de cerâmica, ateliês e oficinas cerâmicas e autarquias em que a cerâmica tem grande expressão, museus e palácios que reúnem no seu espólio colecções de objectos cerâmicos, galerias, escolas e centros de formação. Apesar de não ter tido inicialmente o sucesso e a projecção desejada esta primeira rede criou sinergias entre vários participantes e projectou na internet informação relevante sobre a actividade cerâmica em Portugal.
Quase uma década depois o projecto foi reconhecido internacionalmente, tendo servido de modelo para o lançamento sucessivamente da rota europeia e, quase em simultâneo, da rota mundial da cerâmica.
Na Declaração de Intenções de Limoges – assinada por todas as cidades europeias e asiáticas presentes – salienta-se que “numa economia globalizada, é necessário constituir uma rede de trocas que permita aos nossos pólos económicos desenvolver relações baseadas na cooperação e na partilha” e que, segundo a fórmula universal “o todo é maior que a soma das partes”, esta colocação em comum de saberes e recursos conferirá a cada um dos parceiros uma visibilidade acrescida a nível internacional, bem como “benefícios turísticos e industriais inegáveis”.
Por isso as cidades signatárias – a que se poderão juntar outras com ligações à cerâmica – propuseram-se criar a “Rota Mundial da Cerâmica tendo por objectivo a troca e a circulação de informações ligadas à cerâmica nos domínios culturais, universitários, do turismo e do património, da economia, da criação artística e da investigação tecnológica, sempre com a vontade de promover a inovação”.
O trabalho comum dos parceiros da Rota Mundial da Cerâmica incitará a uma maior consciencialização dos desafios colectivos e das acções necessárias para a defesa de interesses comuns e poderá desempenhar um papel na promoção turística das cidades. Poderá possibilitar intercâmbios de artistas e estudantes, bem como trocas de boas práticas em matéria de aplicações contemporâneas das cerâmicas. A Rota poderá facilitar o conhecimento dos actores da cerâmica e fornecer às empresas (manufacturas, indústrias, oficinas….) bases sólidas para as suas trocas comerciais e tecnológicas.

































