Mau tempo condicionou Oeste Lusitano na homenagem a José Tanganho

0
1161
Na tarde de quinta-feira o recinto do certame esteve sempre com muita gente, cenário que se repetiu no domingo

Programa principal foi cumprido, mesmo debaixo de chuva, mas afluência foi reduzida, sobretudo na sexta-feira e no sábado, o que além de ter tirado colorido ao certame, prejudicou negócios dos expositores. Próxima edição vai ser dedicada ao cavaleiro caldense Marco José

O primeiro dia prometeu. Nesta 12.ª edição do Oeste Lusitano alargada a quatro dias, face aos habituais três, aproveitando o feriado do 1.º de maio, as ameaças de chuva não afastaram o habitual interesse dos caldenses no festival que enaltece o nobre cavalo Puro Sangue Lusitano. Com o tempo a dar uma aberta, as ruas do Parque D. Carlos I encheram-se de visitantes para ver os corcéis, com a avenida dos plátanos, onde estão por hábito as boxes com os pequenos poldros a ser particularmente atrativa para o público.
Mas se nesse primeiro dia ainda houve alguma trégua por parte do mau tempo, o mesmo não aconteceu nos dois dias seguintes, com fortes aguaceiros a frustrar não só quem queria visitar o certame, mas, e principalmente, os expositores, comerciantes, artesãos e artistas.

Há, no entanto, que louvar a entrega e persistência, quer da organização, quer de quem preencheu o programa. Os programas dos picadeiros foram cumpridos na íntegra, com os diversos concursos, demonstrações e espetáculos a serem levados a cabo, mesmo perante a intempérie e a escassez de público, sobretudo quando chovia. Mesmo nos restantes palcos do evento, foi de sublinhar o estoicismo de quem teimou em atuar, mesmo com tais condições.

- publicidade -

A afluência reduzida provocada pela chuva constante “estragou” o certame para quem ali vai para fazer algum negócio, nomeadamente os stands de ‘comes e bebes’, mas também os artesãos.

O mau tempo também causou outros transtornos, como na circulação no recinto, com o piso muito enlameado e grandes poças de água que se formaram principalmente na zona da entrada no parque junto ao centro comercial La Vie, em redor dos campos de ténis, que obrigavam quem por ali passava a fazer uma autêntica gincana para manter os pés secos.
No domingo, a chuva fez uma pausa durante grande parte do dia e a afluência voltou a ser mais significativa, tal como tinha sido no primeiro dia. Foi já sem chuva que partiu do Parque D. Carlos I para as ruas da cidade o habitual desfile equestre, que teve uma pausa junto aos Paços do Concelho, onde atuaram sevilhanas.

O último dia foi de homenagem a José Tanganho, por ocasião do centenário da vitória do cavaleiro caldense na Volta a Portugal a Cavalo, que antecedeu a primeira Volta a Portugal em Bicicleta.

A abrir a cerimónia de encerramento, encenou-se a receção ao cavaleiro na chegada às Caldas da Rainha, acompanhado pelo presidente da Comissão Instaladora da Câmara Municipal, José Saudade e Silva, representado pelo ator José Ramalho.

“É com enorme júbilo que estamos aqui para uma justa homenagem em face a uma façanha heroica”, disse, acrescentando que “como caldense, direi mais, como português, abraço e saúdo entusiasticamente, em nome do povo caldense, mas de todo Portugal, e em meu nome pessoal, o valente cavaleiro José Bernardo Tanganho”.

Pedro Columbano, presidente da Associação de Criadores de Puro Sangue Lusitano do Oeste, falou de seguida para agradecer ao público presente e sublinhar que, apesar do mau tempo, o esforço da organização para que o festival fosse o melhor possível. “Foi um Oeste Lusitano muito difícil, mas cumprimos toda a programação, debaixo de chuva ou não”, disse, agradecendo a todos os cavaleiros “que, mesmo debaixo de chuva, nunca desistiram”, e também à equipa que levou a cabo o Oeste Lusitano. “É uma grande equipa, que está cada vez mais oleada e a prova disso, é conseguir fazer um Oeste Lusitano nestas condições”, afirmou.

O dirigente realçou ainda que o festival está totalmente cimentado na comunidade. “O público já sabe que existe e Caldas da Rainha está no mapa equestre, pelo que todos nós nos devemos sentir orgulhosos”, acrescentou.

O presidente da ACPSLO dirigiu-se, depois, ao cavaleiro tauromáquico Marco José, a quem foi entregue uma distinção pelos 30 anos de carreira que assinala este ano, anunciando desde já que a 13.ª edição do Oeste Lusitano lhe será dedicada. “Para nós será um grande prazer”, notou.

O cavaleiro caldense agradeceu a distinção, “que muito me honra”, notou, “por ser um filho da terra, por comemorar 30 anos de alternativa como profissional do toureio, coincidindo com o ano da minha despedida”. Além da distinção, Marco José disse ainda que será um orgulho “ser homenageado no ano que vem, nesta feira já tão carismática e com tanta importância para criadores e para os eventos aqui das Caldas. Que esta feira continue a evoluir e a crescer como tem sido todos os anos”, afirmou.

O presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vítor Marques, encerrou o festival agradecendo o empenho de todos os que contribuíram para o sucesso do evento, mesmo perante as adversidades meteorológicas. “É muito bom ver hoje o parque cheio, com todas aquelas pessoas que esperávamos ter tido ao longo dos outros dias”, começou por dizer, reconhecendo que a chuva afastou muitos visitantes nas jornadas anteriores.

O autarca realçou que “o mesmo orgulho que as autoridades e os caldenses sentiam há 100 anos pelos seus conterrâneos é o que sentimos hoje”, afirmou, numa alusão à vitória de José Tanganho na Volta a Portugal a Cavalo, que transpôs para aquele mesmo dia, em que João Almeida conquistou mais uma prova no ciclismo mundial (ver página 15). O autarca lembrou que José Tanganho era um homem do povo, que ousou competir num evento reservado a outros estratos sociais. “Muito nos honra”, disse, sublinhando que a sua vitória simboliza “todos os caldenses que lutam, que se entregam de alma e coração e conseguem atingir os seus objetivos”. Considerou-o “um exemplo para todos nós” pela sua atitude e perseverança.

O autarca destacou ainda o percurso de Marco José, “um caldense que desenvolveu aqui a sua paixão, pelos cavalos e pela tauromaquia, e que tanto honrou essa arte, mas também o sentimento de pertença de ser caldense”, disse, apelando à presença na sua última corrida, marcada para 26 de julho, na Praça de Touros da cidade.

Vítor Marques aproveitou ainda para enaltecer o trabalho da ACPSLO na organização do Oeste Lusitano, destacando o profissionalismo e dedicação com que têm elevado o evento. “Este é já um evento reconhecido, não só nas Caldas, mas em todo o país e no mundo equestre”, afirmou. O presidente da Câmara sublinhou também a adesão do município à Associação de Municípios com Cavalo, referindo que esta ligação reforça o papel das Caldas da Rainha na dinamização da cultura equestre nacional e que espera, futuramente, que também a associação possa integrar essa rede.

A chuva, que vinha a dar uma trégua aos visitantes do Oeste Lusitano desde meio da manhã, ainda permitiu que a Escola Vocacional de Dança das Caldas da Rainha fizesse a sua atuação inserida no encerramento do certame, mas logo após voltou a cair com intensidade, fazendo dispersar as centenas de pessoas que ainda se mantinham no recinto… ■

- publicidade -