Boas práticas de pastelaria serão aplicadas na formação em Cabo Verde

0
731

Ângela Ferreira, de 26 anos, regressa hoje a Cabo Verde. Na bagagem leva toda a experiência que ganhou em Portugal, onde esteve durante quatro meses, a aperfeiçoar os conhecimentos em pastelaria. O último mês foi passado no pólo de Óbidos da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) onde teve oportunidade de aprender algumas coisas novas, entre elas a trabalhar o chocolate.
A jovem irá agora dar formação em pastelaria na Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde, que começou o mês passado a funcionar.

notícias das Caldas
Ângela Ferreira a confeccionar o chocolate no pólo de Óbidos

Integrada num grupo de nove profissionais que vieram aprofundar a sua formação em Portugal, Ângela Ferreira passou por Coimbra, mas esteve a maior parte do tempo em Óbidos, a aprender com os formadores de pastelaria as inovações nesta área.
“Óbidos é um lugar excelente para fazer uma formação”, referiu a jovem cabo-verdiana, que agora pretende colocar em prática o que aprendeu, fruto da parceria entre o Turismo de Portugal e a escola profissional do seu país, que funciona na ilha de Santiago.

No pólo de Óbidos, que se dedica à pastelaria avançada, trabalhou pela primeira vez o chocolate, com o qual fez bombons, trufas e também ovos de Páscoa. No seu país ainda se consome pouco chocolate e também não há poucos profissionais a saber trabalhá-lo, pelo que Ângela Ferreira pretende fazer a diferença.
A par da pastelaria, área em que se tem qualificado tirando cursos no exterior, Ângela Ferreira encontra-se no segundo ano da licenciatura em Gestão.
O chefe Paulo Santos, formador coordenador de pastelaria no pólo de Óbidos da EHTO, destacou a vontade de aprender que a jovem demonstrou e diz mesmo que esta tem as “aptidões necessárias para fazer um bom desempenho como formadora em Cabo Verde”.
E também para mostrar os sabores característicos da sua terra natal, Ângela Ferreira terminou a sua estadia na região oferecendo aos seus colegas uma “cachupada” (prato típico de Cabo Verde), seguida de um pudim de banana e bolo de queijo.
Na opinião de Paulo Santos, estas parcerias culturais e gastronómicas são essenciais para o desenvolvimento dos formandos.
Este foi o primeiro intercâmbio alargado da escola, que tem já recebido diversas visitas, algumas delas internacionais, para partilha de conhecimentos e boas práticas.
“Gostamos de adquirir conhecimentos de escolas prestigiadas a nível mundial, como é Lausanne [Suíça], mas também queremos assumir-nos internacionalmente como uma referência ao nível da formação”, referiu o director da escola, Daniel Pinto. O mesmo responsável adiantou que esta parceria, que incluiu nove formadores a ter experiências durante quatro meses em diferentes escolas do país, parece-lhe um “belíssimo exemplo do que deve ser o trabalho do Turismo de Portugal no que respeita à produção de conhecimento alem fronteiras.”

- publicidade -

Dois finalistas no Concurso Nacional de Sobremesas

Dois representantes da EHTO estiveram entre os seis finalistas do Concurso Nacional de Sobremesas, que se realizou no âmbito da Alimentaria&Horexpo Lisboa. O formador Paulo Torres confeccionou, ao vivo, a sua criação “Dome”, e o aluno Tiago Neto o “Monte Alentejano”.
A frequentar o segundo ano do curso de Pastelaria Avançada, Tiago Neto foi o único formando a chegar à final do concurso que consistia em cozinhar e perante o olhar atento do júri, uma sobremesa de requinte que possa ser reproduzida em ambiente de restaurante.
O jovem, natural de Lagos, criou uma sobremesa alusiva ao Alentejo, onde os sabores estão relacionados com produtos daquela região. Na base está um biscoito que leva azeite, seguido de uma mousse com coentros, um gelatinado de vinho tinto e uma outra mousse com caramelo e praline de amêndoas. Em cima fica uma telha em forma de chaparro.
Tiago Neto, que agora se prepara para se tornar chef pasteleiro, é licenciado em Artes Plásticas pela ESAD. Decidiu apostar na pastelaria por gosto e também porque não obteve trabalho na área de formação superior. “Tive que procurar outras soluções e decidi apostar numa área que gosto e que pode ter perspectivas de trabalho”, explicou à Gazeta das Caldas.
Relativamente ao concurso, considera que a experiência foi benéfica e destaca a boa execução dos outros trabalhos, apesar de estar à espera de “apresentações mais singulares”.
Também o seu formador, Paulo Santos, destaca a qualidades do jovem formando, sobretudo a criatividade e originalidade. “Tem uma licenciatura em Artes Plásticas e pensa muito o que vai fazer”, disse, acrescentando que criou os próprios moldes para dar a forma de monte alentejano, não se limitando a fazer a sobremesa com utensílios pré-formatados.

 

Duas criações para o festival de chocolate

“Limão de ouro “ e “Keops” foram as duas criações dos alunos do pólo de Óbidos da EHTO para a 9ª edição do festival de chocolate.
O “limão de ouro”, sobremesa feita de chocolate preto e branco, biscoito de amêndoa e cremoso de limão, foi o mais procurado durante o evento. Inspirado nas pirâmides egípcias, o “Keops” é composto por chocolate negro com cremoso de frutos silvestres.
Esta foi a primeira vez que foram criados produtos para vender durante o evento. No futuro pretendem ter a funcionar em Óbidos uma pastelaria de aplicação, aberta diariamente ao público.
Actualmente encontram-se em formação neste pólo 60 alunos.
Já nos dias 6, 7 e 8 de Abril decorreu uma sessão de formação em chocolate e pastelaria avançada, com a coordenação do formador Christophe Renou, chef pasteleiro da Ecole du Grand Chocolat da empresa Valrhona. A acção contou com a participação de cerca de 20 de chefs e formadores de pastelaria vindos de todo o país.
Durante os três dias foram experimentadas algumas das principais criações originais da Escola da Valrhona.
A empresa francesa foi fundada em 1922 e é actualmente uma das líderes mundiais de produção de chocolate de alta qualidade, mantendo uma escola para profissionais centrada no ensino da gastronomia, pastelaria e doçaria com chocolate. É uma das raras empresas do mundo que produz chocolate vintage feito a partir de grãos de cacau de uma única produção anual e de uma plantação específica.

 

- publicidade -