Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO) foi a primeira na região a ser criada com foco no ensino profissional para responder a áreas em que esta fosse carenciada. Atualmente integra 415 alunos, distribuídos por 17 cursos
A ETEO foi inaugurada, pelo então ministro da Educação, Roberto Carneiro, a 15 de outubro de 1990. Funcionava nos Pavilhões do Parque D. Carlos I (onde viria a permanecer até 2005) e arrancou com duas turmas, de 16 alunos cada, a de técnico de Gestão e de técnico de Turismo.
No entanto, a sua história começou dois anos antes e, no passado dia 15 de outubro, foi recordada por Manuela Franco, atualmente diretora administrativa e que esteve ligada à escola desde a sua génese. Foi ela, na altura secretária da direção da ACCCRO, que foi incumbida pelo então presidente, João Davi, de ir a uma reunião a Lisboa para ouvir a experiência do ensino profissional em França, porque ele achava que poderia ser um projeto importante para o concelho e região. Entusiasmada com o que ouvira, marca uma reunião entre o responsável do ministério da Educação e o presidente da ACCCRO que, também motivado com o que ouve, começa a envolver as “forças vivas da cidade”, nomeadamente a AIRO, a autarquia e a então Região de Turismo do Oeste.
Na altura não havia planos curriculares nem programas para o ensino profissional, tendo o então presidente da Câmara, Fernando Costa, convidado Luís Sá Lopes, que também abraçou o projeto, criando os planos curriculares de Gestão e de Turismo.
Criada por iniciativa de entidades locais e regionais, através de um contrato programa com o Ministério da Educação, a escola sempre teve por objetivo a formação de técnicos especializados em áreas em que a região fosse carenciada, por forma a responder à necessidade de recursos humanos qualificados do mercado de trabalho. Em 1999 foi criada a APEPO – Associação Para o Ensino Profissional do Oeste – entidade proprietária da ETEO, cujos associados são os seus fundadores e desde dezembro de 2014, o Montepio Rainha D. Leonor – Associação Mutualista.
“Hoje, ao olharmos para trás, temos a certeza de que este foi um projeto de êxito, que cresceu, ganhou força. Valeu a pena cada passo dado”, referiu Manuela Franco, lembrando que queriam “construir uma escola diferente, que deixasse marca na vida das pessoas, na comunidade e no futuro dos jovens”.
Pouco tempo depois do seu início, em 1991, Filomena Rodrigues chegaria à ETEO, para assumir as funções presidente da direção, cargo que mantém até aos dias de hoje. Encontrou uma escola com dois cursos profissionais e duas turmas, o diretor pedagógico, professores, duas funcionárias administrativas e um auxiliar. Atualmente são lecionados 17 cursos com 415 alunos, na escola que integra 14 funcionários e que, desde 2005, funciona em instalações próprias. Para dar resposta aos cursos ali ministrados, a escola utiliza ainda três salas das instalações da Universidade Sénior, cedidas pela autarquia.
“A escola é constituída por pedacinhos da ação de todos aqueles que nas suas diversas funções por aqui passaram e daqueles que aqui estão”, referiu a responsável durante a cerimónia, partilhando que já têm alunos filhos de antigos alunos, houve alunos que formaram casais, outros que se tornaram professores na ETEO e, inclusive, um que já foi professor e atualmente faz parte da direção da escola e da APEP.
“Metade dos alunos diplomados na escola ingressa no mercado de trabalho a outra metade prossegue estudos no ensino superior”, referiu Filomena Rodrigues, exemplificando com antigos alunos a desempenhar funções em empresas como a EDP, Tekever, Visabeira e Shaeffler e que, inclusive, uma antiga aluna do curso de técnico de Turismo, é diretora do hotel Sal, de 7 estrelas, no Dubai. Por outro lado, uma aluna que terminou o ano passado a formação na ETEO foi a aluna com melhor nota deste ano, no curso de Fisioterapia, no IPL, e que lhe dá direito a receber um prémio.
“Ao fim destes 35 anos eu sinto-me gratificada por ter abraçado este projeto que eu considero que marca a diferença para os jovens, marca a diferença para o concelho, para a região e para o país”, disse, destacando o crescimento e implantação do ensino profissional.
Depois de agradecer aos alunos, professores e funcionários, Filomena Rodrigues falou ainda do futuro, para dar conta da implementação dos dois Centros Tecnológicos Especializados, que vão “marcar um novo ciclo na vida da escola e do seu projeto educativo”.
A ligação às instituições locais
Presente na cerimónia comemorativa dos 35 anos da escola, Paulo Ribeiro, em representação do Montepio Rainha D. Leonor, realçou que, muito mais do que uma escola, a ETEO, “é um espaço de oportunidades, proximidade e ligação ao território”, onde se aprende uma profissão, mas também o “valor do esforço da solidariedade, do trabalho em equipa”. O presidente do CA do Montepio RDL, partilhou a ligação da instituição às escolas da região dando conta que é atualmente o principal parceiro de estágios na área da saúde e da reabilitação. “Mais de mil estagiários já passaram pelas nossas unidades e muitos deles ficaram connosco, transformaram o estágio numa carreira”, referiu, adiantando que a instituição está a preparar o Montepio Campus Centro Clínico e Living Lab, um projeto de cerca de 10 milhões de euros que vai juntar saúde, inovação e formação.
Já Pedro Manuel, em representação da AIRO, lembrou que sem escolas como a ETEO a região ficaria sem trabalhadores qualificados. O também professor e coordenador de um curso na escola, destacou que esta tem sabido reinventar-se ao longo dos anos.
O município caldense está disponível para continuar a “ser parte integrada do projeto”, parte “envolvida no processo educativo”, pelo que espera que possam “continuar a alicerçar projetos em conjunto, disse o presidente da Câmara, Vítor Marques. O autarca espera que nos próximos 35 anos se “espalhem projetos ainda mais inspiradores e mais conquistas coletivas, pautando sempre a atuação desta instituição pelo compromisso pela excelência”. Lembrou que a escola nasceu do “compromisso com a educação e formação das pessoas, capacitando-as para o mercado de trabalho com novos conhecimentos e competências, mas promovendo também o espírito critico, cívico, da responsabilidade social e solidariedade”. “É por isso que na ETEO se sente como um espaço-casa porque é constituída por pessoas que defendem que a educação pode ser transformadora”, concretizou o autarca, que considera que o sentimento é de “missão cumprida, pelas vidas que foram transformadas nesta instituição”.
A festa de aniversário, que começou ao som dos bombos e terminou com o corte do bolo, contou ainda com intervenções de alunos e antigos alunos, professores e funcionários da escola.


































