Walking Football: Os Andarilhos da Costa de Prata mostram que o futebol é para todas as idades

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São estrangeiros, têm todos mais de 50 anos e vivem no Oeste, onde fundaram, em 2017, uma equipa de walking football: Caldas Silver Coast Strollers

Em janeiro de 2017 um grupo de estrangeiros que escolheu o Oeste para viver decidiu fundar uma equipa de walking football (em português, futebol a andar). Chamaram-lhe os Andarilhos da Costa de Prata (Silver Coast Strollers) e, cinco anos depois, o clube mantém a dinâmica, com cerca de 20 elementos provenientes da Holanda, Suécia, EUA, Reino Unido e Irlanda.
Têm todos mais de 50 anos e o mais experiente é mesmo o guarda-redes, Nigel Maids. Este britânico, natural dos arredores de Londres, já conta 75 voltas da terra ao sol e mantém uns reflexos acima da média. “Sempre pratiquei desporto, pratiquei boxe e squash, por isso é que mantenho estes reflexos”, conta “Spike”, como é conhecido desde infância. Ele é um dos que faz parte do grupo desde a fundação.
“É ótimo jogar à bola com 75 anos, mantém-te com uma condição física aceitável e com mobilidade, é melhor do que estar sentado a ver televisão o dia todo, assim mantenho o cérebro vivo e, por outro lado, ajuda a manter os reflexos”, refere. O segredo da vitalidade e da boa disposição que conserva, conta-nos é fazer desporto todas as manhãs. “Adoro futebol, sou um grande fã, vi futebol a vida toda e sou um grande adepto do Manchester United e, claro, do Cristiano Ronaldo”, diz.
Em Portugal há cerca de dez anos, o que aprecia é mesmo o tempo mais solarengo em contradição com o cinzento céu britânico. E também gosta dos portugueses, “que são pessoas muito afáveis e são muito honestos!”
Alguns dos atuais membros do clube jogaram futebol amador quando eram mais novos, mas também há quem nunca tenha jogado antes de entrar para os “Andarilhos”.
O futebol a andar tem certas particularidades, mas o nome é enganador. Ao ouvir falar pensa-se em algo muito estático, mas não é. O facto de o jogador não poder correr e de ter um número limitado de toques na bola faz com que a redondinha ande constantemente a girar e, por isso, torna-se num jogo dinâmico. Mas não tem o contacto físico e o choque caraterístico do futebol, o que permite que seja praticado por ex-jogadores em idades mais avançadas.
“O mais difícil é domesticar o cérebro para não correr atrás da bola”, conta-nos Frank Robinson. O conceito nasceu em Inglaterra, onde rapidamente se expandiu, atraindo aqueles que, por lesões ou por circunstâncias da vida se viram obrigados a deixar a modalidade. “Portugal é um país onde adoram futebol e onde jogam bem, por isso acho que deviam experimentar o walking football”, refere.
A equipa participou recentemente na Eurocup, em Albufeira, uma prova com 32 equipas de vários países: Reino Unido, França, Espanha e Portugal.
Os “Andarilhos” conseguiram mesmo chegar à final, depois de dois dias de competição e um total de 16 jogos disputados, mas a equipa oestina viria a perder na final, para o Sheffield FC, clube que veio de Inglaterra, onde disputa o primeiro escalão de walking football.
Atualmente os “Andarilhos” têm duas equipas, uma acima dos 50 anos e outra acima dos 60 anos e treinam no campo de futebol da Associação Cultural e Recreativa do Nadadouro todas as segundas-feiras, às 18h00 e também treinam, às quintas-feiras, no Bairro Senhora da Luz.
“O grupo faz questão de atrair mais jogadores portugueses e de outras nacionalidades, para reforçar o seu plantel”, explicam, esclarecendo também que gostavam de encontrar outras equipas na região para fazer uma liga ou para disputarem alguns encontros. Essas equipas poderiam ser, por exemplo, de bombeiros ou polícias, de empresas ou outras.
Nas Caldas, curiosamente, há uma equipa de walking football integrada na Universidade Sénior Rainha D. Leonor, que foi criada em 2019 no âmbito de uma parceria com a RUTIS – Rede de Universidades Séniores e a Fundação Benfica. Recentemente esta equipa participou num torneio organizado por essas duas entidades na Portela (Loures). ■

O mais experiente da equipa é o ágil guarda-redes Nigel Maids, que conta 75 primaveras e uns impressionantes reflexos
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